sábado, 3 de junho de 2017

Realmente, O Melhor - Madrid Arrasa Juventus Em Gales

Sergio Ramos ergue a taça da Liga dos Campeões da Europa, a 12ª na história do Real Madrid. Foto: Getty.

Vamos evitar falar de números. Apenas para não dizer que eles não foram mencionados: o jogo Juventus 1, Real Madrid 4 representou a 12ª conquista de Liga dos Campeões da Europa da equipe da capital espanhola; o segundo de Zinedine Zidane em duas temporadas como técnico; a primeira vez em 59 anos que o clube consegue vencer a Liga Espanhola e a Européia no mesmo ano. Enfim, números.

Vamos falar de futebol.

Navas é um grande goleiro. Fez uma excepcional Copa do Mundo em 2014, no Brasil, ajudando a Costa Rica a chegar às quartas no Mundial. E por muito pouco a equipe não foi ainda mais longe (lembre-se que a Holanda só conseguiu a classificação nos pênaltis). As críticas que a imprensa espanhola faz em cima dele parecem-me desproporcionais. Será que eles preferem De Gea? Francamente...

Carvajal e Marcelo formam uma consistente dupla de laterais. Do lado direito, há mais marcação. Do lado esquerdo, mais ofensividade. E rola um equilíbrio entre eles, dados sobretudo pela sólida dupla de zaga - o capitão Sergio Ramos e o cada vez melhor Raphael Varane.

O setor de meio-campo começa com Casemiro, implacável protetor da última linha. Kroos e Modric agregam qualidade na posse de bola e na capacidade de encontrar os espaços vazios de tal forma que a impressão que dá é que sempre que a redonda passa por eles, ela chegará em boas condições em um lugar melhor. Isco, por sua vez, soma um nível de energia que permite integrar os três setores. Mais à frente, Benzema, que até quando não está bem, é útil. E o elemento por muitas vezes criticado mas quase sempre decisivo. Na ausência (vide final da Eurocopa) ou na participação (vide hoje), não há como não falar de Cristiano Ronaldo. Mas como prometi evitar falar de números, vamos apenas deixar aqui que Cristiano encaminha mais uma Bola de Ouro na carreira. Sua principal virtude me parece ser a força de vontade. Uma vontade de êxito pessoal que reflete no coletivo. Uma vaidade que se apresenta como mãe da perseverança. "Eu tô aqui", ele diz. Sabemos disso.

Mas o personagem que me parece o protagonista nessa história é mais humilde. Menos midiático. E demasiadamente talentoso: Zinedine Yazid Zidane. Conseguiu na base da simplicidade, da conversa, e de algo mais, modernizar um time que já tinha conceitos modernos. Pegou uma herança positiva deixada por Carlo Ancelotti e fortaleceu o grupo. Casemiro é um dos seus "achados". Tem o seu dedo também o ótimo rendimento de Cristiano. Com todas as arestas a serem aparadas num time que não é perfeito, o que vem sendo desenvolvido é, com méritos, vencedor. É muito mais legal ver o Real jogar hoje do que alguns anos atrás. O futebol te agradece, Zizou. E estamos na expectativa pelo que você poderá proporcionar na próxima temporada.

À Juve, que teve campanha estupenda, fica a frustração. Poderia ter sido a primeira conquista continental do mítico Gianluigi Buffon. Não foi. Coisa dos deuses do futebol, que usaram Bonucci e Khedira para desviar as bolas para longe das luvas do goleiro. O golaço de Mandzukic foi insuficiente. Faltou um pouco de Higuaín. Faltou um tanto de Dybala. E sobrou Massimiliano Allegri, que precisou ver o adversário ficar dois gols a frente para colocar Cuadrado. Por mais que haja uma diferença entre times e elencos, talvez o maior abismo entre Real e Juventus esteja na mentalidade de seus treinadores. Não sei se o jogo teria sido tão interessante e dinâmico caso a Juve tivesse ficado em algum momento na frente no placar. E, sinceramente, melhor nem saber. Os deuses nos deram um roteiro melhor. Parabéns, Real Madrid e obrigado, Zidane.
Zinedine Zidane em seus tempos de Juventus. Sobrava nos gramados. Imagem extraída de Sportsmo.

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