sexta-feira, 17 de junho de 2016

Uma Beleza Chamada Espanha

É ela. Eu juro que é ela.

Tão logo lancei olhares em sua direção, já pude reconhecê-la. Há uma beleza que lhe é típica. Podem até tentar copiá-la, por admiração. Ou evitá-la, por questão de opinião. Mas jamais podem desprezá-la. Depois que ela apareceu, deve ser levada em consideração. Por mais que "gosto não se discuta", ela carrega consigo algo que a torna referência, mesmo que fora do padrão.

Apareceu na década passada, lá pelo ano 2008, no trabalho de um saudoso senhor chamado Luis Aragonés. Naquela época, havia um brasileiro com sobrenome de piloto auxiliando no setor de meio-campo. Além de Marcos Senna, lá estavam Xavi e Iniesta. Além de David Silva, Cesc Fàbregas e tantos outros jogadores de talento. Com o casal vinte no ataque: Torres e Villa.

Já era, desde aquela época, muito bela. A consagração veio num 1a0 sobre a Alemanha. O tempo foi passando e ela parecia conter os segredos da eterna juventude. Em 2010, já com Del Bosque, título mundial. A partir daquela vitória sobre a Laranja, jamais voltou a ser chamada de "amarelona". Em 2012, o bi continental. Já era considerada a maior da história. Porém, repentinamente, dois resultados em 2014 levantaram dúvidas sobre a sua longevidade. Afetou, em muitos, a própria memória. Chegavam a pedir a saída do Vicente. Deprimente.

Hoje, ela está aí. Desfila sua beleza na França. Very nice, diria um anglo-saxão. Foi na cidade de Nice que ela voltou a mostrar um pouco da sua velha forma. Não há mais Senna, mas ela continua em cartaz. Xavi aposentou-se, assim como Villa. Nem a ausência de Torres pode colocar sua grandeza em xeque. Vieram Nolito e Morata, muito bem-vindos. Lá está Busquets, protegendo uma defesa que conta com Ramos, Piqué, Juanfran e Alba. Fosse o goleiro que fosse, já dava para se sentir seguro. Foi com Casillas e Valdés, o é com De Gea. E tudo mais belo fica com Iniesta a se apresentar. Um conselho posso dar? Se você não viu Zidane, mantenha os olhos abertos e saboreie o camisa meia dúzia espanhol. Evite, inclusive, piscar.

Busquets e Fàbregas comemoram com Nolito o 2º gol espanhol. Foto: AFP.
Os 3a0 foram construídos com uma naturalidade característica de quem marca época. Tem oito adversários
marcando cinco? Não tem problema, o lançamento de Nolito há de encontrar Morata na área turca.

O oponente mantém-se recuado para evitar jogadas de infiltração? Pois então eles que nos ajudem a ter a bola, Nolito estará no local exato para em seguida fazermos a comemoração.

E quando Iniesta tem a bola, cabe assistir. Até o auxiliar, possivelmente hipnotizado pela magia que sai dos pés do gênio, não viu impedimento. Como olhar para o último defensor quando se pode simplesmente contemplar Andrés? Alba recebeu e serviu Morata, primeiro jogador a marcar duas vezes num mesmo jogo nessa Euro-2016.

Cabiam mais gols. Só que a Turquia, entregue, e a Espanha, satisfeita, conduziram-se em campo como quem deixa o tempo passar. Bendito seja o tempo, que passa mas que conserva a beleza daquilo que é eternizado pela arte.

É ela, a Espanha, uma bênção para o futebol. Uma alegria. Um caso à parte. Seja qual for o desfecho dessa Euro, já valeu acompanhar pelo simples fato de ver essa seleção jogar. Que me desculpem as feias, mas a Espanha é fundamental.

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