domingo, 21 de dezembro de 2014

Real Mundial E Auckland Histórico

Sábado parei pra assistir os dois jogos derradeiros do Mundial de Clubes 2014: a disputa de terceiro lugar entre Auckland City e Cruz Azul, e a disputa de título entre Real Madrid e San Lorenzo.

Foram dois jogos interessantes. E vamos por partes. Primeiramente, tanto o 1a1 no primeiro jogo (vitória neo-zelandesa nos pênaltis) quanto o 2a0 no segundo foram justos. Uma justiça de precisão quase matemática. Explico daqui a pouco. Em segundo lugar, foi interessante observar o quanto o futebol está aberto a mudanças. Como tudo na vida, aliás. Aquelas imagens pré-concebidas de azarões e favoritos são negligenciadas quando soa o apito e tem início a prática esportiva - o que acho ótimo. Muitos poderiam imaginar que o Cruz Azul, por ser uma equipe do México enfrentando alguém da Oceania, venceria o jogo sem maiores transtornos. Enganaram-se. Muitos poderiam imaginar que o Real Madrid, com todo o seu poder financeiro, passaria fácil pelo modesto San Lorenzo. Enganaram-se. Quer dizer, em parte até que foi relativamente fácil. Explico daqui a pouco.

Retornando à "justiça de precisão quase matemática", o jogo entre Auckland e Cruz Azul teve um tempo de cada time. Surpreendentemente, a equipe da Nova Zelândia foi amplamente superior na primeira parte regulamentar e abriu o placar pouco antes do intervalo, em lance com direito a lançamento espetacular de Tade e conclusão consciente de De Vries. De dar gosto. Só que no segundo tempo o cenário mudou. Ambas as equipes mudaram de atitude e o que se viu foi um Cruz Azul sufocando o adversário. Veio o empate em gol de Rojas e só não pintou a virada por causa da grandiosa atuação do goleiro Spoonley.

Precisariam das penalidades para desempatarem definitivamente a disputa de terceiro lugar. E se as primeiras cobranças foram convertidas, coube a Irving desperdiçar a sua. Logo Irving, que fez ótima partida até então. Seria injusto com o defensor, que inclusive evitou gol oponente com bola rolando, que caísse sobre as suas costas o peso da derrota nos pênaltis. Não caberia a expressão "justiça de precisão quase matemática" nessas circunstâncias. Então, Fórmica perdeu sua cobrança logo na seqüência, igualando o número de desperdícios. Duas séries depois, foi a vez de Valadéz não aproveitar. E caiu nos pés do nigeriano Issa a cobrança histórica: bola na rede e, pela primeira vez em todos os tempos, uma equipe da Oceania faturava o terceiro lugar na Copa do Mundo de Clubes. Uma festa para lá de Marrakech.
Imagem extraída de Enlasgardas.
Auckland City celebra o feito histórico: com vitória nos pênaltis, clube neo-zelandês sagrou-se terceiro colocado no Mundial de Clubes 2014.

Se a disputa de terceiro lugar teve um tempo de cada time, a final do torneio teve dois tempos de uma equipe só: o Real Madrid. Por uma questão de "justiça de precisão quase matemática", o clube espanhol marcou um gol em cada parte e faturou o caneco. Só que, por maior que tenha sido a superioridade da equipe branca, é fato que houve dificuldades na construção do resultado. Os gols do jogo sentenciam isso. O placar foi inaugurado em lance de bola parada: após escanteio cobrado por Kroos, Ramos cabeceou para a rede. Pós-intervalo, Bale recebeu de Isco e chutou bola defensável, que passou por baixo de Torrico.

Mas seria simplista dizer que o Real conquistou o troféu intercontinental por causa de um lance de bola parada e de uma falha do goleiro. É claro que, não fossem esses gols, a equipe poderia se complicar e o San Lorenzo, quem sabe?, crescer a ponto de construir a vitória. Mas o time comandado por Carlo Ancelotti mostrou-se hábil em diversas situações. Uma delas, a bola parada que abriu a contagem. Os contra-ataques, rápidos e produtivos, renderam outros bons momentos. E a posse de bola é explicitamente superior a dos tempos de seu antecessor, o português Mourinho. Por falar em lusitano, quem teve atuação abaixo do que se espera foi Cristiano. E, pra coroar sua performance em Marrakech, sequer cumprimentou Platini na premiação e ainda se recusou a dar entrevista. Quando se é mais estrela (no sentido opaco da palavra) do que profissional (no sentido humano do termo), acontece dessas coisas. De resto, parabéns para a sensacional torcida do San Lorenzo. Possivelmente, os adeptos argentinos foram os personagens mais marcantes nesse evento disputado no Marrocos. Ao lado do Auckland, claro, que conseguiu fazer história.
Foto: Christoph Ena / AP.
 Elenco do Real Madrid celebra o título mundial: equipe chegou à 22ª vitória consecutiva diante do San Lorenzo e está perto de recorde histórico.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Mundial De Clubes 2014: Momento De Definições

Imagem extraída da seguinte URL.

O Mundial de Clubes 2014 está rolando no Marrocos e, mesmo antes da final, já podemos declarar uma equipe como "vencedora" no torneio internacional: o Auckland City, da Nova Zelândia.

O time neozelandês conseguiu eliminar o argelino ES Setif com uma vitória por 1a0 (gol de Irving), protagonizando a primeira classificação para a semifinal de um representante da Oceania na história da competição. Na semifinal, se alguém imaginou que o Auckland seria engolido pelo argentino San Lorenzo, se enganou. Se enganou redondamente. A vitória do time do papa Francisco (aniversariante do dia) foi na base do sufoco, talvez até com alguma intervenção miraculosa, em partida que, com direito à prorrogação, terminou 2a1 para o campeão da Libertadores. A equipe neozelandesa irá disputar o terceiro lugar de cabeça erguida. E se o mexicano Cruz Azul (que venceu o australiano Western Sidney por 3a1 antes de levar 4a0 do espanhol Real Madrid) achar que terá moleza, talvez também sucumba diante do surpreendente Auckland.

Final entre San Lorenzo e Real Madrid

Para a disputa pelo título, o favorito é o Real Madrid. Atravessa um grande momento, estando próximo de igualar o recorde mundial de 24 vitórias consecutivas do Coritiba, além de contar com um elenco tecnicamente forte e taticamente consistente. Reitero aqui os elogios a mais um grande trabalho realizado pelo treinador italiano Carlo Ancelotti.

O San Lorenzo tem totais condições de criar dificuldades aos merengues, e para isso contam com um time determinado (os jogadores jamais entregam os pontos, vide a própria campanha na Libertadores, quando chegaram a ser lanternas no grupo que tinha Botafogo, Unión Española e Independiente Del Valle), com atletas de boa qualidade técnica (Más, Buffarini, Villalba e Matos são alguns exemplos), com uma torcida entusiasmada (simplesmente contagiante a participação dos adeptos em Marrakech, pela semifinal) e... tchan, tchan, tchan, tchan... com o papa Francisco. Pensando bem, será que o Real é realmente favorito?

Separe o sábado com carinho: às 14e30 tem Auckland City e Cruz Azul; e às 17e30 rola a bola para San Lorenzo e Real Madrid.

Ah! A disputa de quinto lugar rolou ontem: após empate por 2a2 que persistiu até a prorrogação, o ES Setif superou o Western Sidney nos pênaltis, por 5a4, após oito cobranças de cada lado.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Campeonato Brasileiro 2014: E O Cruzeiro Sobrou...

Encerrada mais uma edição de Campeonato Brasileiro. Olhando a tabela de classificação, encontramos pelo menos duas informações que chamam atenção. A primeira: como sobrou o líder e campeão Cruzeiro. Equipe que mais venceu (24 vezes em 38 rodadas), que menos perdeu (apenas meia dúzia de derrotas) e que ficou dez pontos acima do vice-líder e vice-campeão São Paulo. A pontuação cruzeirense foi o dobro da palmeirense, que terminou em 16º lugar com 40 pontos. E é exatamente essa a segunda informação que chama atenção na tabela de classificação: a baixa pontuação do décimo sexto colocado. Matemáticos sentenciavam que para escapar do rebaixamento fossem necessários 45 pontos. Pobres matemáticos esses que acreditam que o futebol seja uma ciência exata! Esse esporte é tão imprevisível quanto a defesa do time de Dorival Júnior. E mesmo se o Palmeiras tivesse perdido na última rodada (empatou quando "precisava" vencer), Vitória e Bahia, com suas derrotas, já salvavam a pele do Porco.

Em 2014, Minas Gerais e Santa Catarina tiveram um ano especial. Cruzeiro campeão da Liga. Atlético campeão da Copa. América 5º colocado na Série B, ficando a um ponto do acesso. Acesso que coube ao catarinense Avaí, que em 2015 se junta ao Figueirense, à Chapecoense e ao Joinville, campeão da Segunda Divisão. É isso mesmo, amante do futebol: Santa Catarina é o estado com o segundo maior número de representantes na Série A do próximo ano, ficando atrás de São Paulo (os quatro "de sempre" mais a recém-promovida Ponte Preta, e na frente do Rio de Janeiro, que terá o retorno do Vasco, trocando de lugar com o recém-rebaixado Botafogo). Dessa vez, parece que o Fluminense não entrará com recurso.
Imagem: UOL.