domingo, 31 de agosto de 2014

Arsenal É Pouco Para Derrubar Muro Azul: 1a1 Em Leicester

Imagem extraída de ESPN.com.br
De volta à Premiership (a primeira divisão no futebol inglês) após dez anos, o Leicester City fez a alegria de seus torcedores presentes no estádio King Power. Com a força de quem é o rei do pedaço, a equipe comandada por Nigel Pearson conseguiu arrancar um empate diante do qualificado conjunto do Arsenal, apontado entre os candidatos ao título nessa temporada.

Não que a igualdade no placar ajude muito o time de Leicestershire, que sobe algumas posições mas permanece próximo à zona de rebaixamento. Só que o efeito moral após esse resultado vale muito mais do que um ponto somado na tabela de classificação. Atuações como a do capitão Wes Morgan contagiam e estimulam, mostrando que a determinação e a concentração são dois ingredientes que, em conjunto, formam um verdadeira muralha na defesa.

Mesmo com a muralha composta pelo jamaicano Morgan e companhia, o time de Arsène Wenger conseguiu atravessar o obstáculo: em grande jogada de Santi Cazorla, Sanogo recebeu do espanhol e viu a bola chegar até Sánchez, que marcou seu primeiro gol na competição e o segundo na temporada (o chileno havia ido à rede na vitória por 1a0 sobre o Besiktas, que selou a classificação à fase de grupos na Liga dos Campeões da Europa, quarta-feira).

A desvantagem no placar durou pouco. Dois minutos, para ser mais específico. Aos vinte e um, Jeffery Schlupp cruzou da esquerda e Leonardo Ulloa cabeceou no contrapé de Szczesny para empatar a partida.

Pouco depois, Wenger trocou Koscielny por Chambers. O zagueiro francês havia sofrido choque de cabeça minutos antes e inclusive mostrou-se fora do tempo de jogo no momento do gol de empate dos donos da casa. Suscita-se uma questão cada vez mais pertinente: capacete no futebol. Qualquer mecanismo que aumente a segurança dos atletas precisa ser avaliada com carinho e o fato é que choques de cabeça ficaram mais freqüentes do que o que esse uniforme atual propõe.

O primeiro tempo avançou até o seu final com o placar de 1a1 mantido. Na volta do intervalo, a partida acelerou. Foram cinco novas substituições, a maioria delas trazendo maior velocidade ao confronto. Se o Arsenal passava a ter mais agilidade com Chamberlain e Podolski nos lugares de Cazorla e Sanogo, o Leicester quase virou o jogo com Jamie Vardy, que em contra-ataque deixou dois adversários para trás e quase marcou.

Com 67% do tempo de posse de bola e toda aquela qualidade na troca de passes, o Arsenal acabou não conseguindo o gol nos minutos finais - coisa que acontecera tanto na estréia diante do Crystal Palace quanto na segunda rodada diante do Everton. Méritos para o muro Morgan e os demais tijolos, muito bem posicionados à frente do goleiro Schmeichel. Que, por sinal, nem teve muitas oportunidades de mostrar que filho de muro, murinho é.

domingo, 24 de agosto de 2014

Após Substituições, Pênalti E Expulsão, Flamengo Vence Criciúma

Foto: Emanuel Galafassi / Fotoarena
No quarto confronto entre catarinenses e cariocas nas últimas duas rodadas (tá parecendo mais um torneio entre Santa Catarina e Rio de Janeiro do que Campeonato Brasileiro), o Flamengo foi até o estádio Heriberto Hulse e venceu o Criciúma - nos outros três jogos do SC-RJ nessa semana, três vitórias dos donos da casa.

O time de Vanderlei Luxemburgo atuou submerso num pragmatismo que funcionou desde o início, embora o placar de zero a zero tenha persistido até o momento do pênalti apitado aos trinta e dois minutos no segundo tempo. Com maior volume de jogo, o Flamengo conseguiu neutralizar os elementos mais "famosos" do adversário: o experiente Cléber Santana pouco foi capaz de produzir, o veterano Souza jogou mais pelo time de coração do que pelo de profissão e o jurássico Paulo Baier não rendeu nem nas bolas paradas. De quebra, os constantes apoios de Leonardo Moura - que acertou belo chute no travessão - ainda convidaram o hábil lateral-esquerdo Cortês a se dedicar ao campo de defesa, o que ele faz com a mesma aptidão com a que escolhe um corte de cabelo. Ou seja...

Após as entradas do argentino Lucas Mugni no lugar de Márcio Araújo e do braso-croata Eduardo da Silva no de Nixon, que se deram aos doze no segundo tempo, o Flamengo ganhou força no campo de ataque. Não por acaso, os gols da vitória foram exatamente desses dois jogadores que entraram no decorrer da partida. Aos trinta e dois, Mugni converteu pênalti em jogada que ainda rendeu cartão vermelho para João Vítor. Quatro minutos depois, Fábio Ferreira bloqueou finalização sem conseguir afastar a bola e o rebote ficou para Eduardo da Silva, que não desperdiçou.

O Flamengo de Luxemburgo, tão acostumado às vitórias por um gol de diferença (foram três por 1a0 e uma por 2a1), volta para casa com uma goleada na bagagem. Pelo menos foi assim que os torcedores rubronegros presentes no estádio do Tigre parecem ter encarado o 2a0 em Criciúma, com direito a gritos de "olé" ecoando nas arquibancadas. Com o placar, os cariocas se afastam da zona de descenso enquanto os catarinenses passam a ter um representante naquele indesejável setor na tabela de classificação. Na próxima rodada, acredite se quiser, não haverá confronto entre clubes desses estados.

Sunderland E United Empatam - E O Que David Moyes Tem A Ver Com Isso?

Imagem extraída de MaisFutebol.
A decepcionante temporada 2013-4 vivida pelo Manchester United causou desconfortos na diretoria. Tanto é que, após o clube dar grande longevidade ao então aposentado (Sir) Alex Ferguson, seu compatriota David Moyes foi sumariamente demitido em pleno primeiro ano de Old Trafford.

Ryan Giggs assumiu interinamente e, depois, veio o anúncio da contratação do renomado técnico holandês Louis van Gaal, atual terceiro colocado com a seleção de seu país no Mundial-2014. Só que as fragilidades da equipe vermelha (que hoje jogou de azul), continuam escancaradas. Então, surge uma pergunta essencial: tem culpa o David Moyes pelo mau início de temporada atual? (Favor ler essa pergunta uma vez com seriedade e outra em tom irônico)

Podemos desdobrar a resposta por caminhos diferentes. O primeiro é o evasivo "está apenas começando o trabalho de Van Gaal", que sugere cautela para afirmar qualquer coisa a essa altura (de duas rodadas) do campeonato. Gosto desse tipo de abordagem, pois trabalho de treinador de futebol necessita de uma análise de longo prazo, o que é ainda impossível de se fazer no caso do United. Já o segundo caminho é refletir sobre o elenco do clube e sobre os trabalhos dos escoceses que antecederam o holandês que hoje senta na poltrona de reservas. Vejamos bem, por mais que houvesse toda uma idolatria em torno de Ferguson - o que se justifica muito mais pelos resultados do que pelas atuações -, é necessário desconstruir alguns mitos em torno do lendário técnico, cuja história se confunde com a do próprio clube. Assisti diversas partidas monótonas e vazias de inspiração do Manchester de Ferguson que terminaram com goleadas da equipe e a euforia dos adeptos. Cultura do resultado corroborando um pragmatismo que não costuma deixar grandes legados, embora muitas das vezes preencha salas de troféus com objetos dos mais cobiçados. Ferguson foi, sem dúvida, um vencedor. Ponto. Veio Moyes e os resultados não apareceram. Sequer deram tempo para que pudessem aparecer. É como se o próprio indivíduo contratado - e que foi indicado pelo próprio Alex Ferguson - já não mais inspirasse confiança, apesar da elogiada longa passagem pelo Everton.

Van Gaal chegou. Hoje, o Manchester United teve em campo um time com os ótimos Juan Mata (autor do gol), Wayne Rooney (que buscou jogo) e Robin van Persie (pouco produtivo no meio da bem compactada defesa do Sunderland). Três ótimos jogadores, faço questão de repetir o adjetivo. Mas o resto da equipe é de nomes de times médios. A zaga tem uma dificuldade bizarra de sair jogando com a bola no chão. O meio carece de criatividade. Pelos flancos, Valencia e Young transpiram litros mas raramente encontram com quem dialogar. O equatoriano até conseguiu descolar um cruzamento que terminou no gol do espanhol, mas se a partida tivesse mais duas horas de duração, era mais fácil o dedicado jogador morrer do coração do que conseguir qualquer outra coisa.

É evidente que a especulação em torno do nome do argentino Ángel di María, caso se concretize, dará um salto de qualidade para a equipe. Mas quero frisar que é tão prematuro afirmar hoje que a culpa seria de Van Gaal quanto o foi criticar o trabalho de Moyes até o momento de sua demissão. Mais que prematuro, é um conceito injusto.

Depois de ver anos e anos do United sob o comando de Ferguson, cheguei a algumas conclusões. Elas giram em torno do fato de que Ferguson conseguiu dar um padrão de jogo à equipe, entrosando todos os setores e expondo sua filosofia de jogo materializada no desempenho de seus atletas. Sem jamais encantar. Ou melhor, sem jamais me encantar. Com uma mentalidade vencedora e uma liderança pela disciplina, Ferguson fez o suficiente para entrar na história. Seus números impressionam e diante deles não há como argumentar em contrário. Minha crítica é muito mais pelos procedimentos do que pelos resultados, pelas formações táticas do que pelo fruto matemático de suas escolhas. De Van Gaal espero algo diferente. Os times que vi de Van Gaal me deram mais prazer de assistir do que o Manchester United. Não sei se isso dará aos adeptos o mesmo volume de títulos que eles ficaram acostumados noutros tempos. E torço para que isso seja o menos importante nessa história: é preciso dar tempo ao tempo e entender que o futebol está muito além dos números.

Acredito que a primeira coisa que o Manchester United esteja precisando nesse momento é se libertar de sua própria história. Do contrário, a melhor alternativa para perpetuar aquele jeito de jogar - e ganhar - seja convidando Ferguson a desistir da aposentadoria. Mas uma convicção eu tenho: ele, inteligente que é, não toparia.

Sobre o Sunderland

Gostei da consistência tática da equipe comandada pelo uruguaio Gustavo Poyet. Sem nenhum grande nome no elenco, conseguiu jogar de igual para igual diante de um adversário que veste uma camisa pesada e que, pelo menos em teoria, tinha a obrigação da vitória. Mas a partida que terminou empatada no Stadium Of Light ficou perto de ter um vencedor menos provável. O lance em que Wickham chapelou um adversário teria sido antológico caso terminasse em gol, mas acabou saindo em escanteio por detalhe. Rodwell, investimento de dez milhões de libras (muita grana em se tratando de Sunderland), marcou o único gol dos donos da casa. O goleiro italiano Vito Mannone, que poucas chances teve nos tempos de Arsenal, mostrou segurança. Até como líbero saiu-se bem, merecendo uma réchi tégui #MannoNeuer. No final, a entrada do estadunidense Altidore no lugar do escocês Fletcher ainda causou mais tormentos ao miolo de zaga visitante. Wes Brown e John O'Shea, que já vestiram a camisa do Manchester United, contribuíram num sistema defensivo sólido e que raramente se deixou envolver. Talvez, se Giaccherini estivesse à disposição do treinador Poyet, a essa altura o telefone de Ferguson pudesse estar tocando. (Favor ler essa última frase obrigatoriamente em tom irônico. Sério)

sábado, 23 de agosto de 2014

Com Ramírez 'À La' Ronaldinho, Botafogo Vence Chapecoense

Foto: Vítor Silva / SSPress
Após o Botafogo visitar o Figueirense (derrota por 1a0) e a Chapecoense receber o Fluminense (vitória por 1a0), tivemos mais um encontro entre cariocas e catarinenses. E, novamente, deu 1a0 para o time da casa. Melhor para o Botafogo, que sobe provisoriamente para a décima segunda colocação, deixando uma posição abaixo a própria equipe de Chapecó.

O jogo foi difícil, inclusive de assistir. Os belos momentos, daqueles dignos de registro, cabem nos dedos de uma única mão - e isso sendo generoso. Um deles eu dormirei sem saber quanto à sua intencionalidade: será que o golaço de Ramírez foi um cruzamento sem precisão ou um chute de quem sabe? Talvez seja melhor perguntar ao Ronaldinho Gaúcho, que protagonizou jogada parecida na Copa do Mundo de 2002, então encobrindo o lendário goleiro inglês David Seaman.

É bem verdade que no momento da finalização (ou do cruzamento, vai saber?!) o goleiro Danilo Padilha estava adiantado, o que até configuraria um convite à tentativa de encobrí-lo. Mas particularmente acho mais cauteloso minimizar a responsabilidade do goleiro no lance, pois bola que vai no ângulo complica a ação de qualquer ser humano. Então, coube ao peruano emprestado pelo Corinthians celebrar sem primeiro gol com a camisa do Alvinegro de General Severiano. Gol que somado às importantes defesas de Jéfferson (uma delas sensacional) rendeu três pontos ao Botafogo.

Pelo nível de atuação do time botafoguense, quem mais mereceu a vitória foi a torcida que compareceu e incentivou a equipe no Maracanã. Com Daniel sumido a maior parte do tempo e Zeballos abaixo de seu rendimento, aquela idéia de "décimo segundo jogador" foi fundamental para o clube da estrela solitária resistir ao ímpeto adversário - que, convenhamos, nem era dos mais agudos. O participativo Zezinho foi um dos destaques de uma equipe que, embora tenha produzido pouco, só não saiu com pelo menos um ponto a bagagem porque esbarrou no melhor goleiro brasileiro na atualidade. Pelo Fogão, destaque para Ferreyra pelo empenho e para Jéfferson pela competência.

Na próxima rodada, a Chapecoense vai até Minas Gerais enfrentar o líder Cruzeiro no sábado. No dia seguinte, o Botafogo recebe o Santos no Rio de Janeiro. Só que, antes disso, a equipe comandada por Vágner Mancini precisará pensar em outro alvinegro: o Ceará, compromisso de quarta-feira pelas oitavas-de-final na Copa do Brasil, novamente no Maracanã.

Com Dois Gols No Final, Arsenal Busca Empate Na Casa Do Everton

Imagem extraída da página do The Sun.
Goodison Park foi sede de mais uma partida de Campeonato Inglês definida nos minutos finais. O Everton chegou a construir uma situação que parecia lhe encaminhar os três pontos diante de seus torcedores (um pouco pela vantagem de 2a0 no placar, um tanto pela solidez tática da equipe comandada por Roberto Martínez). Só que, no final, restou a sensação de ter visto evaporar dois pontos em seu próprio campo: o Arsenal correu atrás, atacou intensamente, rodou a bola, chutou em gol e conseguiu a igualdade no placar, mostrando todo o poder de reação e determinação da equipe dirigida por Arsène Wenger.

O início de partida teve o Arsenal freqüentando o campo ofensivo e quase abrindo o placar com Chamberlain, em lance onde Coleman, em vez afastar o perigo, acabou dando um passe para o adversário, que chutou rente à trave direita. Se naquele momento Coleman vacilara, aos dezoito minutos ele se redimiria de todos os seus pecados cometidos até então na partida: após jogada ensaiada de toques rápidos que envolveram todo o sistema defensivo oponente, Gareth Barry cruzou e Seamus Coleman cabeceou firme, inaugurando o marcador na cidade de Liverpool.

Com Barry comandando as ações no meio-campo e a defesa dando conta de neutralizar Sánchez, tudo ia fluindo bem para os donos da casa no primeiro tempo. E o cenário ficou ainda melhor pouco antes do intervalo: aos quarenta e quatro, em rápido contra-ataque pela direita, Lukaku deu a assistência para Naismith ampliar a vantagem. Cabem aqui elogios à ótima transição ofensiva da equipe azul mas também sem esquecer de prestar críticas à arbitragem, que ignorou duas irregularidades no mesmo lance: houve falta de Lukaku em Mertesacker e impedimento de Naismith na jogada do 2a0.

O espanhol Roberto Marínez, que está em sua segunda temporada como técnico do Everton, tinha no gramado um time que variava sua disposição de jogadores. E essa versatilidade entre um grupo ora compacto, ora espalhado pelo campo, conseguia dar ao mesmo tempo consistência para a defesa e agilidade para as saídas ao ataque, explorando a lentidão de Mertesacker e os eventuais espaços que Debuchy e Monreal cediam pelos flancos, com participações constantes de Coleman, Baines e Mirallas. A troca de Pienaar por Osman (o sul-africano sentiu contusão e saiu antes dos nove minutos) não comprometeu em nada o sistema de jogo, tanto é que foi após a alteração que vieram os dois gols.

Enfim, tudo muito bem e muito legal para o time anfitrião. Restaria o segundo tempo para concretizar a vitória sobre um sério candidato ao título. Só que quando alguém é creditado ao caneco na Inglaterra, é necessário não subestimar suas capacidades. Wenger mexeu no intervalo, colocando Giroud no lugar de Sánchez. Não sei se foi pela substituição em si ou por alguma mudança de atitude coletiva (possivelmente por ambos os fatores), mas o fato é que o Arsenal passou a atuar melhor. Giroud desperdiçou uma. Desperdiçou duas chances. Desperdiçou uma terceira oportunidade. Ou seja: o Arsenal construía ocasiões de gol. Aos vinte e oito, Wenger mexeu mais duas vezes: saíram Wilshere e Chamberlain, entraram Cazorla e Campbell. E o dinamismo ofensivo do time aumentou ainda mais. Debuchy e Monreal jogavam como autênticos pontas enquanto Flamini era o único homem de meio-campo que parecia se dedicar a proteger a zaga. Zaga essa que passou a requerer menor proteção assim que Martínez trocou o participativo Lukaku por McGeady.

Aos trinta e sete, o Arsenal descontou: Cazorla cruzou rasteiro da esquerda e Ramsey apareceu na pequena área para concluir. É incrível a capacidade do meio-campista galês de se apresentar com precisão geográfica e cronométrica para colocar a bola na rede. Foi assim na primeira rodada e novamente agora, na segunda. Segundo gol de Ramsey nessa temporada, que está apenas começando.

Dois minutos após sofrer o gol, Martínez colocou o ganês Atsu para estrear na Premiership, tirando o outro belga que tinha além de Lukaku: Mirallas. Era um ganho de velocidade que poderia render o terceiro gol à equipe. Talvez fosse esse o plano do espanhol. Só que do outro lado há um certo francês, que dirige o Arsenal há quase duas décadas e que adora ver seu time com a bola nos pés. E o Arsenal tinha a bola nos pés, não possibilitando para Atsu nem ninguém que vestisse azul a possibilidade de arrancar em velocidade. Aos quarenta e quatro, brilhou a estrela de outro francês: em sua quarta finalização no jogo, Giroud conseguiu, de cabeça, empatar a partida após cruzamento de Monreal. Pensando bem, brilhou a estrela dos franceses, pois não podemos esquecer daquele que, no intervalo de partida, escolheu colocá-lo em campo no lugar de Sánchez.

domingo, 17 de agosto de 2014

Botafogo Vence Fluminense E Sobe 7 Posições Na Tabela

Foto: Bruno de Lima / LANCE!Press
O Clássico Vovô tem esse nome por esse tratar do mais antigo de todos os clássicos brasileiros. Com histórias de longa data no futebol nacional, o Alvinegro de General Severiano e o Tricolor das Laranjeiras foram travar mais um confronto em meio a mais de três centenas deles ao longo de mais de um século de longevidade. Nesse futebol onde a dita modernidade cria modelos insanos para a prática do esporte, o palco da partida foi bem longe do habitual Maracanã: o estádio Mané Garrincha, na capital federal Brasília.

Território com bastantes botafoguenses e tricolores, a cidade, que é jovem se compararmos sua data de fundação com a dos clubes Botafogo e Fluminense, recebeu cerca de trinta mil torcedores na noite de domingo. Número considerável, principalmente se avaliarmos a atual situação de ambas as instituições: enquanto o Botafogo está com salários atrasados e em cenário político conturbado, o Fluminense vem de uma eliminação vexatória na Copa do Brasil. De quebra, o preço do ingresso mais barato menos caro abusivo era de oitenta reais. Mais de 10% de um salário mínimo!

Mas lá foram dezenas de milhares de apaixonados acompanharem o jogo no estádio que sediou alguns belos jogos na Copa do Mundo (acredite: era possível assistir um jogo de Mundial por preço inferior ao cobrado nessa partida de Campeonato Brasileiro). O primeiro tempo não engrenou: as equipes faziam partida travada, mais disputada física e territorialmente do que desenvolvida futebolisticamente. Só que os deuses da bola reservaram algo de outro nível para depois do intervalo, e a partida melhorou demais.

O Botafogo sem Dória e o Fluminense sem Gum até que se comportavam bem no miolo de zaga. Mas o Flu só não levou o primeiro gol nos primeiros vinte segundos no segundo tempo graças ao seu goleiro: após chute forte e colocado de Gabriel, Diego Cavalieri desviou sutilmente para escanteio. Era a primeira chance de muitas do Alvinegro. E duas delas vieram a ser aproveitadas. Aos vinte e dois, Zeballos tocou para Daniel e o jovem descolou maravilhosa finalização, deixando Cavalieri sem ação diante de uma bola que foi parar no ângulo esquerdo. Golaço. Três minutos depois, foi a vez de Zeballos deixar o dele em jogada fabricada no paraguaio Olimpia, só que com inversões de papéis: o centroavante Ferreyra cruzou rasteiro como se fosse um ponta e o ponta Zeballos fechou na pequena área como se fosse um centroavante. Ponto para o Botafogo.

Cristóvão Borges ficou sem reação no banco de reservas, provavelmente sentindo que o time piorou justamente depois de ele ter realizado sua primeira substituição (Cícero por Wálter, pouco antes do primeiro gol alvinegro). Com dois gols de desvantagem, trocou Bruno por Diguinho, mas viu o volante começar a mancar após dividida com Aírton. Ou seja: não era dia.

Vágner Mancini precaveu-se: trocou Tanque Ferreyra pelo também argentino Bolatti, aumentando a presença no meio-campo. Depois, lançou Rogério no lugar de Daniel, renovando a velocidade para os contra-ataques. E ainda trocou seis por meia dúzia na lateral-esquerda de nomes similares: Júnior César por Júlio César. Graças a Jéfferson, Rafael Sóbis não descontou para os tricolores. Aos quarenta e dois, Fred tinha a chance máxima de recolocar fogo numa partida aparentemente definida: pênalti para o Fluminense, acusado por um daqueles auxiliares situados atrás da linha final, cometido por Júlio César em Sóbis. Só que não era dia: Fred, tão acostumado a marcar no Botafogo, mandou para fora.

Com o resultado, o Fluminense estaciona nos vinte e seis pontos, fechando a rodada em quarto lugar. E o Botafogo ganha novo ânimo, chegando aos dezesseis pontos, zerando o saldo de gol e subindo sete posições na tabela, aparecendo em décimo segundo lugar. Sete posições. Os botafoguenses supersticiosos não dormirão com dúvida: foi com as bênçãos do Mané.

Em Confronto De Ameaçados, Flamengo Suspira: 1a0 No Coritiba

Foto: Heuler Andrey / Getty Images
Coritiba e Flamengo iniciaram a décima quinta rodada na zona de descenso e foram a campo buscando uma vitória que possibilitasse escapar dessa situação. A partida foi equilibrada, tendo feito a diferença o oportunismo do meia Éverton, que aproveitou vacilo de Baraka para marcar o único gol na partida realizada no estádio Couto Pereira.

Se o Coxa de Celso Roth não contava com sua estrela Alex, chances não faltaram para a equipe alviverde sair de campo com melhor resultado: só no primeiro tempo foram pelo menos três ocasiões claras para marcar. Não aproveitou nenhuma delas e acabou sucumbindo diante de seus insatisfeitos torcedores, com muitos deles abandonando as arquibancadas antes mesmo do apito final - mais precisamente após a expulsão de Robinho, que recebeu o segundo cartão amarelo aos trinta e cinco minutos no segundo tempo, quando os donos da casa pouco ameaçavam o adversário.

Em quatro jogos desde o retorno de Luxemburgo ao Rubronegro Carioca, é a quarta vez que o resultado de uma partida do Flamengo termina 1a0. Foi assim na vitória sobre o Botafogo, na derrota diante da Chapecoense e no triunfo diante do Sport, rodada passada. Uma equipe econômica em gols e também em futebol, mas onde sobra força de vontade. Num torneio nivelado por baixo, o suficiente para fugir das quatro últimas posições.

Já o Coritiba, que não vence no Brasileiro há três rodadas e na temporada há quatro jogos, precisa encontrar alternativas para sair da condição de lanterna. O time é fraco tecnicamente e conta com um treinador pra lá de limitado. Desse jeito, nem se Alex reviver o ano de 2003 (quando foi treinado por Luxemburgo no Cruzeiro e conquistou a Tríplice Coroa esbanjando talento) será possível dar jeito. E um craque como ele merece uma aposentadoria mais digna do que o atual cenário coxa branca.

Começa Bem A Busca Do Bi: Manchester City Vence Newcastle Em St. James Park

Foto: Ian Macnicol /AFP
Depois de acompanhar a vitória de virada do Arsenal sobre o Crystal Palace ontem, hoje foi a vez de assistir a estréia de Newcastle e Manchester City no Campeonato Inglês. Novamente, uma partida de final eletrizante, definida nos acréscimos. Os atuais campeões venceram os donos da casa por 2a0 em Saint James Park, com gols de David Silva (em linda assistência de Edin Dzeko) e Sergio Agüero (em lance onde mostrou saber chutar com ambas as pernas).

O resultado foi construído com bastante dificuldade e isso é muito mais por méritos da equipe alvinegra do que por qualquer crítica que possamos fazer aos azuis de Manchester. A linha de defesa globalizada com o holandês Janmaat, o inglês Williamson, o argentino Colloccini e o francês Drummett mostrou-se firme em praticamente todo o decorrer do jogo. Para desmontá-la, era necessário algo diferente. E quem fez algo assim foi o bósnio Dzeko, que com um passe de calcanhar deixou o espanhol Silva na cara do goleiro Krul: 1a0 para os visitantes, aos trinta e sete de partida.

Além do lance do gol, o primeiro tempo teve alguns outros acontecimentos dignos de registro. O principal, sem dúvida alguma, foi a manifestação do Newcastle com relação aos dois torcedores mortos na tragédia do avião abatido na Ucrânia: para homenagear a dupla de adeptos que viajava para acompanhar os Magpies na pré-temporada na Nova Zelândia, o clube prestou um minuto de silêncio (silêncio que era silêncio mesmo, na real acepção do termo, aquela que não sabemos respeitar por aqui). Com bola rolando, aos dezessete minutos foi a vez da torcida homenagear seus pares com uma arrepiante seqüência de um minuto de aplausos, quando o relógio marcava 17, data da catástrofe aérea em julho e que completava um mês na data de hoje.

Entre os jogadores em campo, destaque para o insinuante meia francês Remy Cabella. Embora por vezes mais presepeiro do que o tolerável, é fato que o camisa vinte do Newcastle foi o elemento que mais causou dificuldades à defesa do Manchester City. Assustou Hart em tentativa de cobertura com cavadinha, envolveu a marcação de quem quer que fosse pra cima dele e conseguiu protagonizar belos lances individuais, como na jogada em que passou como quis por Demichelis, que só conseguiu pará-lo faltosamente.

Mas, para conseguir o empate, o Newcastle precisava de mais. Precisava de poder de definição. E isso nem Cabella nem ninguém foi capaz de oferecer ao treinador Alan Pardew, que até tentou alternativas através das entradas de Obertan, Aarons e Pérez. Aliás, foi desse último a maior chance de igualar o placar: logo depois de entrar, seu chute cruzado desviou em Fernando e passou perto da trave esquerda. Ainda houve nova grande chance para os mandantes empatarem, quando Cabella serviu Sissoko e o meio-campista isolou a finalização frontal. Mais capricho tiveram os comandados de Manuel Pellegrini: Sergio Agüero, que entrara menos de dez minutos antes, recebeu a bola aos quarenta e sete, chutou com a esquerda parando em defesa de Krul e aproveitou o próprio rebote, desta vez com a direita.

O City pode não ter sido em Saint James Park algo parecido com aquela máquina que marcou 102 gols na edição passada de Premiership, mas mostrou qualidades dignas de um campeão. Soube se comportar bem tanto quando tinha a posse de bola como quando a redonda estava sob domínio do adversário, momentos divididos em democráticos 50% do tempo de bola rolando. O montenegrino Jovetic proporcionou alguns belos lances, mostrando-se um elemento que pode agregar bastante ao time. Yaya subiu de rendimento na etapa complementar, Fernando foi bastante regular na proteção à defesa e Dzeko buscou jogo, não se limitando a ficar fazendo a função de pivô dentro da grande área, inclusive dando lindo passe no lance do gol do ótimo David Silva.

É apenas o início de temporada e qualquer prognóstico a essa altura é prematuro. Só que uma coisa já parece certa: estamos diante de mais um ótimo Campeonato Inglês. Esses dois jogos que assisti na primeira rodada não me deixam mentir.

sábado, 16 de agosto de 2014

Virada Suada Do Arsenal: A Única Vitória Dos Mandantes Nesse Sábado Na Inglaterra

Começou o Campeonato Inglês na temporada 2014-5! Isso quer dizer que seremos agraciados com grandes partidas e ótimos momentos, naquela que considero a maior liga nacional de futebol no planeta Terra. Esse sábado, dezesseis de agosto, marcou a abertura nessa edição, que já começou reservando uma grande surpresa: em pleno Old Trafford, o Swansea City derrotou o Manchester United de Louis van Gaal (2a1). Aliás, quem jogou em casa não encontrou vida fácil. Quer ver?

- O Leicester teve que se contentar com um empate diante do Everton, alcançando a igualdade aos quarenta minutos no segundo tempo (2a2, placar final);

- O Queens Park Rangers caiu por 1a0 diante do Hull City;

- Também com resultado de 1a0, o Stoke sediou a festa do Aston Villa;

- Em jogo de uma expulsão para cada lado, mais uma vitória por 1a0 para os visitantes: o Tottenham venceu o West Ham;

- O West Bromwich também não venceu em casa, mas pelo menos pontuou: 2a2 com o Sunderland.

Então, para salvar o dia dos donos da casa, faltava o Arsenal. A equipe, recém-campeã na Supercopa da Inglaterra (venceu o Manchester City por 3a0 no encontro entre os campeões da FA Cup e da Premiership), teve pela frente o Crystal Palace. Tarefa fácil, certo? Errado. A equipe visitante abriu o placar em lance de escanteio, com o grandalhão Hangeland aparecendo no primeiro poste para desviar dentro do gol após a cobrança de Puncheon. Nos acréscimos do primeiro tempo, Koscielny igualou o placar também em lance de bola parada: Sánchez levantou e o zagueiro francês concluiu.

Na volta do intervalo, a dedicação da defesa do Crystal Palace quase garantiu um ponto em Londres. Quase, pois, nos acréscimos, Ramsey estava no lugar exato e no momento preciso para, em condição legal, aproveitar o rebote e virar o jogo. Festa de quase sessenta mil presentes, que após quatro temporadas puderam celebrar uma estréia vitoriosa da equipe de Arsène Wenger no Campeonto Inglês.

Domingo teremos Liverpool e Southampton, em Anfield Road, e Newcastle e Manchester City, em St. James Park. A rodada inaugural termina na segunda-feira, com o Burnley recebendo o Chelsea, no Turf Moor.