segunda-feira, 28 de julho de 2014

Equipe E Jogada Da Semana

Campeonato Brasileiro voltando a engrenar (será que "pega no tranco"?) e pré-temporada na Europa reunindo grandes clubes em viagens pelo planeta bola. Não é fácil a vida do amante do futebol semanas após o encerramento de uma Copa do Mundo tão bem jogada. Bate uma saudade... Mas o fato é que tivemos muitos golaços nessa semana! Só no jogo entre Manchester United e Roma, nos Estados Unidos, foram pelo menos três: Rooney chutando no ângulo, Mata dominando e encobrindo o goleiro cheio de categoria e Pjanic de antes do meio-campo. Qualquer um desses três lances seria digno de estar aqui postado.

Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, vamos privilegiar nesse momento um jogo oficial. Se na semana anterior mostramos o chutaço de Neto Baiano (relembre), que deu a vitória ao Sport sobre o Botafogo na Ilha do Retiro, dessa vez vamos ao Mineirão. Foi lá que o Cruzeiro atuou brilhantemente no segundo tempo, conseguindo impôr seu jogo sobre o Figueirense para construir uma goleada de 5a0. O primeiro gol após o intervalo (o segundo da equipe de Marcelo Oliveira) saiu em lance sensacional, onde o remate de Marquinhos se deu no melhor estilo "futebol virtual", tamanha arte e precisão. Os deuses do esporte devem ter apertado esquerda-cima-chute-efeito num combo de milésimos de segundo.

Ao Cruzeiro pelo futebol apresentado diante do Figueirense (sobretudo pelo segundo tempo espetacular) e ao Marquinhos pelo voleio no lance do segundo gol, ficam aqui registradas a equipe e a jogada da semana. Mais sobre essa partida, veja o tópico "Líder, Máquina De Minas Goleia Figueirense No Mineirão: 5a0".
Foto: Gualter Naves / Light Press
Cruzeiro comemora chuva de gols no Mineirão: cinco a zero diante do Figueirense e liderança absoluta no Campeonato Brasileiro 2014.

domingo, 27 de julho de 2014

Flamengo Vence Botafogo No Maracanã E Abandona Lanterna

Foto: Gilvan de Souza
Treinador novo, ingressos promocionais e apoio incessante de uma torcida apaixonada, que desde a véspera da partida já mostrava que iria incentivar a equipe (o último treino antes do jogo teve presença marcante dos adeptos).

Com esses ingredientes, o Flamengo passou por cima das próprias limitações técnicas para vencer o clássico diante do Botafogo: 1a0, gol de Alecsandro. Com este resultado e os demais placares na rodada, a equipe que passa a ser comandada por Vanderlei Luxemburgo sai da incômoda lanterna e assume a antepenúltima posição, permanecendo na zona de rebaixamento. Já o Alvinegro estaciona nos doze pontos (dois a mais que o rival), aparecendo na décima terceira posição no Campeonato Brasileiro.

Foto: Gazeta Press
Verdade seja dita: Flamengo e Botafogo estão muito longe de se darem ao luxo de aspirarem na competição algo do tamanho de sua tradição. A situação botafoguense fora de campo beira o caos: presidente batendo boca com ex-presidente via veículo de comunicação, elenco com atraso de pagamentos (com direito a protesto antes de a bola rolar) e uma torcida que, novamente, esteve em menor número num clássico carioca. Dentro das quatro linhas, porém, era notória a superioridade técnica e tática do Botafogo. Mas a aplicação rubronegra combinada ao oportunismo de Alecsandro foram suficientes para gerarem o primeiro e único gol numa partida bastante corrida e nem tanto pensada: aos trinta e três, o lateral João Paulo escapou de Edílson e cruzou na medida para Alecsandro, que foi mais rápido que Dória, conseguindo concluir de cabeça e estufar a rede de Jéfferson.

Luxemburgo, que chega para sua quarta passagem pelo Flamengo, dessa vez não tem nenhum craque no elenco. Talvez esse cenário seja até melhor para ele desenvolver seu trabalho na Gávea, até porque dois anos atrás o treinador teve problemas de relacionamento com Ronaldinho Gaúcho. Só que a equipe precisa se reforçar para almejar algo que traga alegrias para a massa flamenguista. Não há nenhum setor no time que inspire confiança: a zaga se complica em lances simples, o meio se permite envolver e o ataque contribui mais pelo empenho na marcação do que pela capacidade criativa. De toda forma, na base do empenho e da entrega coletiva, a vitória teve uma certa cara de Flamengo. Talvez a equipe ganhe qualidade com Canteros no meio (o argentino estreou no segundo tempo) e Eduardo da Silva na frente (o croata-carioca chega para tentar a titularidade no setor ofensivo e deve estrear em agosto).

Já o clube de General Severiano, que aparentava muito maior entrosamento, se atrapalhava no individualismo de jogadores como Carlos Alberto e Edílson: o meio-campista insistia em carregar a bola mesmo quando o passe parecia a melhor opção enquanto o lateral-direito, aniversariante do dia, se recusava a presentear os companheiros com um cruzamento que fosse nos lances de bola parada, sempre escolhendo a cobrança direta, mesmo com diversos jogadores dentro da área. Vágner Mancini acertou ao colocar o paraguaio Zeballos no intervalo, mas não foi feliz na escolha de tirar Bolatti, jogador argentino que dava equilíbrio a um meio-campo que tinha dois volantes de contenção (Aírton e Gabriel). Talvez tenha faltado coragem ao treinador. Mais tarde, Mancini trouxe a campo Daniel (tirou Yuri Mamute) e, finalmente, tirou Carlos Alberto (entrou Wallyson). Mexeu nos elementos ofensivos, mas foi até o final com seus dois homens de marcação no meio, mesmo com o Flamengo dedicado à defesa. Mereceu a derrota.

Na próxima rodada, o Flamengo vai até Santa Catarina fazer um confronto direto na tentativa de sair da zona de descenso, enfrentando a Chapecoense, que tem um ponto a mais e um jogo a menos. Já o Botafogo recebe, no Rio de Janeiro, o líder Cruzeiro. Os dois cariocas têm todos os motivos para se preocuparem: são jogos complicados e a necessidade de vencer bate forte à porta.

sábado, 26 de julho de 2014

Líder, Máquina De Minas Goleia Figueirense No Mineirão: 5a0

Foto: Rodrigo Clemente / EM / DA Press
O Cruzeiro mostrou-se uma máquina na noite desse sábado no estádio molhadão, digo, Mineirão. E uma máquina moderna, que não enferruja nem embaixo d'água. Foram cinco gols diante do Figueirense, sendo um no primeiro tempo (em pênalti inventado pela arbitragem) e quatro na volta do intervalo, com direito a belíssimas jogadas coletivas e um golaço de Marquinhos após chute espetacular.

Só que a máquina azul demorou para engrenar. Ensaiava um melhor funcionamento toda vez que Marquinhos era acionado no campo de ataque, mas via-se em risco nas ocasiões em que o time catarinense encaixava os contra-ataques. Em dois deles, Pablo teve duas boas situações de abrir o placar em Belo Horizonte, mas em ambos os lances demorou demais para soltar a bola (no primeiro, seu cruzamento parou no goleiro Fábio; no segundo, conseguiu passar pelos dois zagueiros adversários mas se atrapalhou no gramado aquático e perdeu o ângulo para tentar superar o goleiro cruzeirense).

O primeiro tempo dava sinais de terminar sem gols. Até porque Tiago Volpi mostrava segurança para defender mesmo aquelas bolas complicadas, que deslizam na grama molhada e costumam trair os goleiros. Só que o árbitro Gabriel Rodrigues Castro Júnior deu uma mãozinha para os donos da casa. Ou melhor, um apitinho. Ele marcou pênalti em lance normal, aliás, de simulação de Ricardo Goulart. Estilo Fred diante da Croácia na Copa, lembra? Só que nesse caso sem sequer dominar a bola. Quem se encarregou da cobrança do pênalti que não houve foi o jogador mais jovem do Cruzeiro: e Lucas Silva, vinte e um anos, caprichou. A bola tocou na trave e percorreu boa parte da linha final antes de entrar e abrir, oficial e ilegalmente, o placar em Minas Gerais, aos quarenta minutos.

Se a máquina achou o primeiro gol com ajuda do apito, voltou do vestiário usando seus próprios mecanismos para transformar a contestável vitória parcial em goleada convincente. Aos dois, Marquinhos recebeu de Goulart e mandou um voleio sensacional no canto direito. Gol daqueles para concorrer a mais bonito na competição. Três minutos depois, Dedé, que voltava a atuar após dois meses de contusão, cabeceou no canto esquerdo após ótimo cruzamento de Éverton Ribeiro em lance de bola parada. Três a zero.

Marcelo Moreno, homem mais de área do Cruzeiro, não pode reclamar das chances que lhe couberam. Foram pelo menos três situações para o atacante boliviano, que não aproveitou nenhuma e foi substituído aos vinte e quatro, dando lugar a Marlone. Dois minutos antes, Dagoberto havia entrado no lugar de Marquinhos. A máquina comandada por Marcelo Oliveira mostrava contar com ótimas peças de reposição, a ponto da gente não ter a exata certeza de o que ali é titular ou reserva. São, de fato, um elenco. E o nível de jogo do Cruzeiro subiu. O treinador do Figueirense, Argel Fucks, parecia perceber que seu time estava meio que na situação do seu sobrenome. Naquela altura, já tendo feito duas mexidas (Pablo por Everaldo e Cereceda por Felipe), montava o time buscando a solidez necessária para não levar mais gols em sua estréia no retorno ao clube.

Só que a máquina de Minas estava calibrada. Aos vinte e sete, em lindo contra-ataque, Éverton Ribeiro levantou esbanjando consciência e Ricardo Goulart mostrou uma das razões de ser o maior goleador nessa edição no torneio, aproveitando sem dar chance para o goleiro. Aos trinta e quatro, em nova descida pelo flanco direito, foi a vez de Mayke (que entrara no lugar de Ceará), cruzar para a conclusão de Dagoberto. Cinco a zero. O Figueira ainda colocou Leandro Silva no lugar de Luan. E deve ter dado graças a Deus do jogo ter terminado aos quarenta e sete. Porque só a ação do apito final para parar uma máquina que funcionava tão bem. O mesmo apito que, no primeiro tempo, a ajudou a engrenar.

Outros resultados
Santos 3a0 Chapecoense
Criciúma 1a3 Vitória

As defesas catarinenses ajudando a subir a média de gols no campeonato...

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Tener En Casa A Tu Papá

Cinco a zero num jogo semifinal de Libertadores é de chamar atenção. Quase tanta atenção quanto um sete a um em jogo semifinal de Copa do Mundo. Só que as semelhanças entre San Lorenzo e Bolívar, jogo de ida em Buenos Aires, e Brasil e Alemanha, jogo único em Minas Gerais, param no placar elástico. Se no mundial de seleções vimos um baile de bola (sobretudo de bola rolando) por parte dos alemães, no torneio continental de clubes viu-se um resultado construído na base da empolgação e da eficiência nos lances de bola parada. Um triunfo tático e técnico, sim, mas sobretudo espiritual.

No primeiro tempo não houve um banho de bola com gols sucedendo gols como passes atrás de passes e finalizações pós finalizações. Houve, isto sim, um confronto muito pegado. Com cara de Libertadores. Infelizmente, aquela face que não gostamos de lembrar. Mas o jogo duro e por vezes hostil por parte da equipe visitante não era desleal: era apenas uma energia mal canalizada. Nervosismo, talvez. Rendeu três cartões amarelos em vinte minutos (Yecerotte, Callejón e Gutiérrez). E muitas faltas cometidas. Em duas delas, castigos: tanto aos cinco quanto aos vinte e sete, Romagnoli caprichou no levantamento. Tanto aos cinco quanto aos vinte e sete, a defesa do Bolívar não conseguiu acompanhar o lance como deveria. Resultado: Matos inaugurou e Más ampliou o placar para o San Lorenzo.

No intervalo, Azkargorta realizou duas substituições (Miranda e Rodas saíram, Chávez e Tenorio entraram), mas o maior acerto do técnico espanhol foi fundamentalmente na mentalidade da equipe. O Bolívar voltou equilibrado emocionalmente e tal equilíbrio proporcionou uma melhor aplicação tática do plano de jogo do time. Passou a freqüentar mais o campo de ataque. As infrações que outrora cometera, tornaram-se faltas a favor. E o time parecia gostar do jogo, com todos os motivos para isso - exceto o placar adverso. Dava sinais de que poderia descontar e dar um novo rumo para a partida. Só que pagou caro por um vacilo em sua defesa. Dessa vez, com a bola rolando. O volante Mercier se lançou ao ataque, acreditou no lance mesmo quando a jogada parecia sob controle da defesa adversária e foi premiado pela perseverança, conseguindo finalizar no canto direito para marcar três a zero, aos vinte e quatro.

Naquele momento, Bauza já havia lançado Cauteruccio e Barrientos nos lugares de Matos e Romagnoli. Talvez nem o treinador do San Lorenzo botasse fé que a vitória se transformaria em goleada. Mas quem tem o papa consigo, vai duvidar do quê? Quatro minutos depois do terceiro gol, Buffarini recolheu bola mal afastada, avançou sem ser incomodado e soltou um chute que terminou num golaço, o quarto dos donos da casa.

Azkargorta trocou Callejón (omisso na marcação no lance do gol de Buffarini) por Saavedra. Pouco depois, Bauza fez a última substituição: Villalba por Verón. Já parecia desenhada a satisfação do placar para quem vencia e a aceitação do resultado para quem perdia. Algo como "que seja o que Deus quiser no jogo de volta". Só que havia tempo para mais. E voltamos ao princípio. De novo, a bola parada. De novo, levantamento preciso (dessa vez de Barrientos, aquele mesmo que substituiu Romagnoli). De novo, desvio certeiro de cabeça. De novo, Más. 5a0 San Lorenzo.

E agora vamos à maior diferença entre este cinco a zero e aquele sete a um: a torcida presente no estádio. Deixei para falar dela somente no último parágrafo com a intenção de deixar a melhor parte para o final. O comportamento da torcida do San Lorenzo no Nuevo Gasómetro foi uma coisa de outro mundo. Aliás, de outro país: Argentina. A celebração começou antes de a bola rolar, continuou por todo o decorrer do jogo e se manteve até após o apito derradeiro. É possível que estejam festejando até agora. E o melhor de tudo é que não foi por causa dos 5a0. É a causa dos 5a0. É aquele espírito que habita a matéria. É aquela prece que fica mais forte quando a bola está parada. É aquele empurrão para acreditar em qualquer lance. É aquele entusiasmo que contagia quem está no gramado. É um orgulho e um amor que não precisam ser ditos dessa forma, pois eles são sentidos em cada cântico, em cada grito, em cada salto, em cada aplauso. Se o San Lorenzo é o time do papa, o Nuevo Gasómetro é um templo onde os anfitriões não se dão o direito de pecar. E olha que os pecados capitais são sete...

Próxima parada: La Paz. Amém.
No país do papa Francisco, que também torce pelo San Lorenzo, fazer festa no estádio já é um ritual tradicional.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Qual Dunga Você Prefere?

Simpático e sempre sorridente | Reclama de tudo e todos
Querido pelas crianças | Não chama os garotos pra jogar
Ajudou a derrotar a bruxa má | Eliminado sem conseguir mexer no time
Amigo do Feliz | Amigo do Marín
Gosta da Branca de Neve | Gosta do Felipe Melo
Sucesso internacional | Demitido do Internacional
Criado por Walt Disney | Inventado pela CBF

 Motivo de piada: é isso o que virou a instituição Confederação Brasileira de Futebol.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Movido A Fernandão, Internacional Passeia No Beira-Rio

Foto: Ricardo Duarte / Agência RBS
Num Campeonato Brasileiro nivelado por baixo e, muito em função disso, altamente competitivo, é raro aparecer alguma goleada. Nessa rodada de final-de-semana tivemos três empates, cinco vencedores pela diferença mínima e um placar de dois a zero.

Faltou um jogo: quatro a zero Internacional diante do Flamengo. É ele que vamos rapidamente analisar aqui.

Para início de conversa, por mais que as equipes terminem a rodada bastante distantes na tabela de classificação (o Colorado com dezenove pontos, em quinto, e o Rubronegro com sete, na lanterna), não vejo diferenças gritantes entre os dois times que foram a campo nesse domingo no Beira-Rio.

Mas, na prática, foi visível a superioridade dos donos da casa. Possivelmente contagiados pelo clima tocante de homenagens póstumas ao ídolo Fernandão, torcedores e jogadores deram tudo de si. Eram máscaras do "F9" e cânticos nas arquibancadas. Eram camisas personalizadas com o nome de Fernandão, além de trocas de passe e jogadas de velocidade no gramado. E, para fazer a diferença definitiva, uma inspirada atuação do meia argentino D'Alessandro. Foi dos pés do camisa dez que nasceu o primeiro gol: após lançamento para a área, Juan conseguiu centralizar com um toque sutil e certeiro, encontrando Rafael Moura. Coube ao centroavante simplesmente completar para a rede. E ir para a galera deixando tudo mais bonito ao escolher celebrar o gol homenageando Fernandão.

Ver o adversário abrir o placar aos quinze minutos não era o que planejava Ney Franco ao escalar o time com uma linha de quatro na defesa e três volantes logo a frente. Como soltar um time que tinha apenas o argentino Lucas Mugni na função de criação? Nixon era uma alternativa pelo flanco direito, mas a correta marcação de Fabrício dificultava as tentativas por aquele setor. Do lado esquerdo, André Santos era praticamente uma nulidade. E pelo centro, nada acontecia, pois Mugni simplesmente não aparecia. Alecsandro era figura isolada no ataque.

Por falar em "golpe no planejamento", Abel Braga também tinha o que lamentar: após sentir uma dividida aos seis minutos, o chileno Aránguiz deixou o campo de jogo aos vinte. Nesse meio tempo, mesmo sem estar inteiro, mostrou qualidades técnicas e muita raça, conseguindo ganhar lances em que visivelmente mancava. Entrou o argentino Martín Luque em seu lugar. Êta jogo com estrangeiros sul-americanos, né? Só que apenas os do Inter pareciam participar do jogo. E, no finalzinho do primeiro tempo, veio o segundo gol: D'Alessandro, cobrando pênalti sofrido por Wellington Silva que ainda rendeu cartão vermelho ao zagueiro Chicão (esse é brasileiro mesmo).

Pronto. O Flamengo ia para o vestiário com uma desvantagem de dois gols no placar e de um jogador em campo. Ney colocou o defensor Fernando Rodrigues no lugar de Nixon, recompondo o sistema defensivo inicialmente planejado mas desfalcando a mobilidade num ataque que já não era dos mais ágeis. Aos oito no segundo tempo, tentou devolver um pouco da velocidade perdida ao colocar Negueba no lugar do pendurado (e suspenso para o próximo jogo) Amaral. O Fla passava a jogar com "apenas" dois volantes. Cinco minutos depois, o terceiro gol do Inter: D'Alessandro recebeu pela direita, carregou, ergueu a cabeça e colocou a bola na medida para Fabrício. E o lateral-esquerdo pegou bonito, de primeira, anotando um golaço em chute cruzado sem qualquer chance para o goleiro Felipe.

Perdido e sem esboçar qualquer reação, o Flamengo parecia mais torcer para que o jogo acabasse do que qualquer outra coisa. A última substituição de Ney Franco foi ilustrativa: saiu Alecsandro (aplaudido pela torcida do Internacional) e entrou o volante Luiz Antônio. De volta à formação com três homens protegendo a defesa. Agora sem nenhum atacante, já que até Negueba prestava mais serviços ao sistema defensivo do que qualquer outra coisa.

Abel fez suas duas últimas alterações: Alex no lugar de Luque e Cláudio Winck no de Wellington Silva. Aos trinta e dois, cerca de quatro minutos depois de entrar em campo, Alex aproveitou assistência de Fabrício para marcar quatro a zero. Se Ney tivesse direito a mais uma substituição, provavelmente procuraria por mais um homem para colocar na última linha de defesa. Se não fossem os erros de finalização de Rafael Moura e um lance em que Leonardo Moura salvou praticamente em cima da linha, o Inter poderia ter saído com uma goleada maior. Talvez uns sete a zero. Será que o impacto de jogar com um homem a menos é tão grande assim? Enfim, o Flamengo precisa esquecer aquela fantasia de Flalemanha e lembrar-se que, não por acaso, encontra-se na lanterna. Mas, se quiser insistir nos apegos ao uniforme utilizado pela seleção que deu de sete na brasileira nas semifinais, chamemos de Lahmterna.

sábado, 19 de julho de 2014

Bolatti Faz, Jéfferson Garante E Botafogo Vence Coritiba. Saudades Da Copa

Foto: Gazeta Press
O Campeonato Brasileiro voltou. Se há algum tempo já estávamos achando o nível técnico baixo, a situação de crise técnica e tática fica ainda mais escandalosa quando comparamos a liga nacional com a Copa do Mundo, viva em nossas memórias, graças a Deus.

Assistir um Botafogo e Coritiba seis dias depois de um Argentina e Alemanha é pesado. Mas futebol é a nossa área e cá estamos para tecer alguns comentários sobre essa partida. Aquela, anos-luz a frente dessa, pode ser lida clicando aqui.

Vamos começar pelo local do jogo: estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. O Botafogo está sem o Engenhão por proibição da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e sequer conseguiu levar o evento para o Maracanã ou São Januário, tendo que viajar para outra cidade. E o que é pior: para jogar às nove da noite de um sábado, afinal, tem bastante gente na Ásia querendo assistir pela televisão na manhã/tarde de domingo. Enquanto isso, mil e quinhentas testemunhas presentes num jogo de Série A. Eis a Confederação Brasileira de Futebol, cujo sete-a-um é mero detalhe perto de tantos absurdos.

Com bola rolando, fomos agraciados pela presença do melhor goleiro do Brasil e seguramente um dos melhores do mundo (e olha que o planeta tá com muitos arqueiros de grande qualidade): Jéfferson. Responsável direto pelo resultado, quer dizer, pelo zero que coube ao Coritiba. Coritiba de Alex, excepcional meio-campista que acabou rendendo menos do que o seu potencial, dada fundamentalmente a grande marcação do cabeça-de-área Aírton. Quando Aírton deixou o campo machucado (Rodrigo Soutto entrou em seu lugar), Alex teve mais espaços, mas não conseguiu produzir o suficiente para que o Coxa alcançasse a vitória ou mesmo o empate. É que o Botafogo tem Jéfferson, autor de pelo menos três grandiosas defesas, incluindo vôos para impedir gols aparentemente certos, como em cobrança de falta certeira do próprio Alex.

A única bola na rede foi do argentino Bolatti: após escanteio pela direita, o ótimo volante, que não foi para essa Copa, completou de primeira, mesmo marcado. Golaço. Disse no intervalo que o mais importante era não o resultado, mas o time voltar melhor para o segundo tempo. Outro golaço. Pensamento correto e louvável, sobretudo em terras onde a cultura do resultado parece imperar. De vez em quando os deuses do futebol dão um alô, mandado um sete-a-um pra quem se vangloria por ter um dia ganho um Mundial. Não que o Alvinegro tenha voltado melhor para o segundo tempo. Mas tentou jogar. Tentou produzir. O paraguaio Zeballos, boa alternativa pelos flancos, teve atuação positiva. Perdeu um pênalti, mas nem isso manchou sua atuação.

E por falar em pênalti, o que foi aquela marcação no lance em que Gabriel caiu na área Alviverde? Não houve infração alguma ali, senhor árbitro! Felizmente, o goleiro Vanderlei conseguiu defender. Do contrário, poderíamos aqui estar falando pela enésima vez de um resultado injusto. Mas o 1a0 foi justíssimo: valorizou o belo gol de Bolatti e a grande atuação de Jéfferson. Numa partida cheia de erros técnicos dentro e fora das quatro linhas, já é alguma coisa. O problema é a gente pensar que seja o suficiente num país de tantos talentos e tanta história nesse esporte. Não é. Não pode ser. E precisamos reconstruir o futuro a partir do presente. Fora, CBF!

Equipe E Jogada Da Semana

Dez meses e dez dias sem publicar Equipe E Jogada Da Semana. Chega de esperar, né?

O futebol no Brasil está passando por um momento de transição em seu calendário: sai a Copa do Mundo 2014, retorna o Campeonato Brasileiro 2014. Em comum, o ano e alguns dos estádios. De diferente, muita coisa. Os preços dos ingressos, por exemplo, ficaram mais acessíveis (leia-se menos inacessíveis) ao público que a FIFA procura deixar longe dos jogos. A qualidade das partidas, outro exemplo, caiu abruptamente. Mas, na terra da Confederação Brasileira de Futebol (essa aí que coloca o empresário Gilmar Rinaldi para coordenar as seleções e tenta trazer Dunga de volta para uma coisa que ele nunca foi: técnico), temos, ainda, espaço para grandes jogadas.

Com vocês, o golaço de Neto Baiano. O único na vitória do Sport sobre o Botafogo. Alguns metros a frente do meio do campo. Muitos metros distante da linha final. Em plena estréia do jovem goleiro botafoguense Andrey (21 anos completados no dia seguinte ao jogo). Para deixar de queixo caído cada um dos mais de 18000 presentes na Ilha do Retiro. E, claro, para marcar a décima rodada na liga nacional. E nos permitir ter alguma esperança em dias melhores. Se bem que com essa CBF aí, dá até desgosto...
Neto Baiano, do Sport, marca um golaço praticamente no meio do gramado. Repare na curva que a bola faz antes de entrar.

Agora você pergunta: mas e a equipe da semana? Depois de assistir a final da Copa do Mundo 2014 e rever duas vezes a prorrogação, fica registrada a nossa homenagem à seleção argentina. Vice-campeã mundial com muitas qualidades e que por detalhes do jogo não levantou o troféu no Rio de Janeiro. Se da Alemanha já esperávamos um grande futebol desde antes do megaevento, a Argentina surpreendeu bastante gente com seu futebol consistente (principalmente a partir das quartas-de-final) e de altíssima competitividade, mesmo diante de adversários excepcionais, como os próprios alemães.
Imagem extraída de IG
 Seleção argentina em foto posada pré-jogo na final na Copa do Mundo 2014: equipe jogou de igual para igual com a Alemanha, teve algumas das maiores chances na partida, mas não conseguiu o título. Uma espécie de novo "Maracanazo", só que com outros personagens.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Seleção Da Copa Do Mundo 2014

A Copa que começou com muitos erros de arbitragens, terminou com bombas e gás de pimenta. O que uma coisa tem a ver com a outra? Esportivamente, nada. Ideologicamente, tudo. A luta por justiça foi reprimida pelas ações truculentas policiais, indiferentes às dores e aos sofrimentos da população. O que se reivindicava nas ruas não eram melhores árbitros no jogo, mas melhores ações na política. Não fomos atendidos. Pior: a situação social brasileira consegue ser mais grave que a do apito da FIFA. A quem recorrer se insensíveis estão no poder? Para onde correr quando é a polícia que vem lhe bater?

Vamos fugir e falar de futebol.

[1] Parabéns à Alemanha. Pela atuação dentro de campo, confirmando o que já havia sido mostrado na Copa do Mundo 2010, na África do Sul. Pela postura fora de campo, me apresentando uma face que jamais imaginaria de jogadores profissionais ditos de uma "cultura fria": o calor humano e a interação com a população brasileira foram memoráveis. Doaram terreno do centro de treinamento para uma escola. Doaram euros para uma comunidade indigenista. Se doaram a qualquer um que os abordasse. Campeã em todos os sentidos.

[2] Holanda ao extremo. Depois do vice-campeonato em 2010 e da queda na fase de grupos na Euro passada, os holandeses vieram ao Brasil sob desconfiança. Como são inocentes esses profissionais da imprensa! Apegados a resultados, se negam a enxergar o talento e a capacidade de uma seleção comandada por um técnico experiente e com jogadores como Robben, Sneijder e Van Persie. Dos três, Robben se destacou. Aliás, dos 23 x 32 = 736, Robben se destacou. E a Laranja funcionou de tal maneira que ninguém conseguiu derrotá-la. A Espanha levou 5a1 e o Brasil tomou 3a0. Guus Hiddink herdará de Louis van Gaal um grupo rejuvenescido e com grande maturidade tática. Honroso terceiro lugar e invencibilidade que não permite negar o belo Mundial que fizeram em 2014.

[3] Argentina! Uma exclamação para a seleção que mais proporcionou o clima de Copa do Mundo no Brasil. Com uma torcida que festeja nas arquibancadas e nas ruas, os argentinos têm muito a comemorar pelas quatro semanas que viveram no Mundial no país vizinho (e eu por tê-los visto de perto). O vice-campeonato veio graças a uma equipe bem montada e altamente disciplinada taticamente, que mostrou sinergia entre os jogadores e o técnico Alejandro Sabella. Lionel Messi decidiu em todos os três jogos na fase de grupos. E, nos confrontos eliminatórios, apareceu bem. Foi um dos melhores em campo na final no Maracanã. Faltou o título, mas não o reconhecimento: tome Bola de Ouro, gênio! Mascherano e Zabaleta também precisam ser lembrados nessa campanha maiúscula. Eles dois, conjuntamente aos seus companheiros, derrubaram a falácia de que a defesa da equipe não inspira confiança. Eu confio mais, muito mais na defesa argentina do que na mídia brasileira.

[4] Colômbia de Pekerman e Rodríguez. A tática casou com o talento. E os colombianos tiveram, no Brasil, seu melhor desempenho em Mundiais na história do país. James Rodríguez foi um dos melhores na Copa. José Pekerman conseguiu dar leveza e velocidade a um time que apresentou a maior vocação ofensiva de todos os 32. Apanhou muito dos brasileiros, e ironicamente apontam Zúñiga como "violento". Minha defesa ao jogador, que foi infeliz mas jamais desleal em seu lance com Neymar. Acidente à parte, a Colômbia mostrou-se forte mesmo sem Falcao García. E por muito pouco não eliminou o Brasil, em jogo decidido na bola parada e que poderia ter outros contornos se o cartão vermelho fosse mostrado ao goleiro que impediu lance de gol faltosamente. Foi um prazer assistí-los tanto no Mané Garrincha quanto no Maracanã.

[5] Bélgica. Tá aí uma seleção que correspondeu às expectativas. Se não conseguiu jogar o seu melhor futebol em todos os cinco jogos, pelo menos mostrou o potencial uma ou duas vezes e teve uma atuação memorável nas oitavas, diante dos Estados Unidos. Naquela partida, o goleiro Tim Howard evitou o que poderia ter sido uma goleada do nível Alemanha-Brasil. Parabéns para Marc Wilmots por privilegiar o talento em suas escalações e confiar nas suas convicções.

[6] Transformação suíça. Se houve uma seleção que evoluiu taticamente de 2010 para cá, essa foi a Suíça. Ottmar Hitzfeld se aposenta com a cabeça erguida, conseguindo montar uma equipe que não tem medo de ser feliz. Inler (que parece ainda melhor jogador quando visto da arquibancada) é o motor de toda a engrenagem. E o time funciona porque as peças procuram o ataque. Shaqiri, com excepcionais apresentações diante de Honduras (três gols) e Argentina (muito futebol), quase ajudou a levar a equipe além das oitavas. Aquela bola de Dzemaili na trave no finalzinho na prorrogação será lembrada por alguns meses. E aquela retranca de 2010, se Deus quiser, esquecida de vez.

[7] Respeito à Espanha. A Espanha caiu após encontrar dois grandes adversários logo nas duas primeiras rodadas. Fez um ótimo primeiro tempo na estréia, mas foi engolida após o intervalo. No terceiro jogo, já eliminada, jogou belíssimo futebol. E a Espanha é isso: um belíssimo futebol. E a mídia, movida pelo resultado, não esqueceu as recentes conquistas espanholas - ninguém ousou chamá-la de "amarelona" ou mandar aquela de "fragilidade emocional". O respeito veio na marra e a Espanha conseguiu ser eliminada "em paz".

[8] Sensacional Costa Rica. Única seleção na história das Copas a enfrentar três campeãs mundiais na fase de grupos. Resultado: duas vitórias, um empate e liderança incontestável. Na seqüência, empates com Grécia e Holanda. Avançou e caiu nos pênaltis. Com o goleiraço Keylor Navas, os ótimos meias Bryan Ruiz e Cristian Bolaños e o interessante centroavante Joel Campbell, os costarricenses fizeram bonito no Brasil. Meus aplausos ao treinador colombiano Jorge Pinto. Para quem não viu, recomendo que assistam vídeos gravados na Costa Rica sobre a classificação da seleção diante dos gregos para ter uma noção da dimensão do feito conquistado em 2014. Campanha histórica.

[9] África, Ásia, Oceania. Desses continentes, somente avançaram às oitavas Nigéria e Argélia, ambas africanas. E se por um lado os nigerianos mostraram algumas qualidades (principalmente o goleiro Enyeama), quero nesse tópico exaltar os argelinos. Que Copa! Pra servir de inspiração ao resto do continente e do mundo! Jogaram de igual para igual com a Bélgica, com a Rússia e, acredite, com a Alemanha! Superaram a Coréia do Sul com relativa autoridade. E, não bastasse tudo o que conseguiram dentro de campo, ainda deram uma lição fora dele: doaram o dinheiro recebido como premiação para pessoas na Faixa de Gaza. Superação no gramado e exemplo de cidadania. Os comandados do bósnio Vahid Halihodzic honraram algo maior que a camisa: a condição de seres humanos. A calorosa recepção no retorno à capital Argel mostra que, felizmente, muitos argelinos pensam parecido.

[10] Recurso eletrônico. A implementação da tecnologia de linha do gol foi utilizada e, no meu entendimento sobretudo quanto ao jogo entre França e Honduras, requer melhorias. Não fui convencido de que aquela bola chutada por Benzema, rebatida pela trave esquerda e desviada por Valladares tenha ultrapassado completamente a linha final. Talvez o chip tenha atravessado a faixa completamente, mas a bola... De toda maneira, cabe observarmos que há muito mais dúvidas com relação à linha de impedimento do que qualquer outra linha real ou imaginária. Nesse sentido, ainda estamos reféns de árbitros e auxiliares. Que, nessa Copa, até que se saíram razoavelmente bem, embora com diversos erros enumeráveis (que a tecnologia ajudaria e eliminar ou pelo menos reduzir consideravelmente). Cabe frisar: o recurso eletrônico viria pura e simplesmente para ajudar. E não será preciso inventar nada: basta usar o mesmo material que possibilita, por exemplo, identificar uma mordida do Suárez no Chiellini que passa despercebida na correria do jogo.

[11] A diferença entre rivalidade e xenofobia. Simples: quando você transforma um adversário em inimigo e o condena pela sua nacionalidade, você atravessou a fronteira da paixão com a patologia. Brasileiros precisam ouvir menos Galvão Bueno e visitar mais Buenos Aires.

[12] Arquibrancadas. Uma Copa sensacional dentro de campo, com boa média de gols, grandes atuações de vários goleiros e muitas cenas e jogos para lembrarmos com carinho. Estádios quase sempre perto da lotação. Só que, infelizmente, longe de retratar o país miscigenado e apaixonado por futebol que é o Brasil. Público quase exclusivamente branco, que fica ora sentado, ora xingando. Sempre bebendo. Se isso é o "padrão FIFA", precisamos sair dessa embriaguez, colocar a mão na consciência e passar a exigir um rumo diferente para a nação em geral e o futebol em particular. Prometo, a partir de então, me esforçar para cantar aquela canção que coloca brasileiro e orgulho na mesma frase.

Vamos à seleção da Copa do Mundo 2014. Da mesma maneira que fizemos na Copa passada (veja aqui o tópico com a seleção de 2010), o critério é o de número de presenças como titular ou suplente nas seleções de cada rodada da Copa. Quando no caso de grande proximidade entre dois ou mais atletas da mesma posição, vantagem para aquele que teve maior regularidade.

Titulares

Goleiro: Keylor Navas (Costa Rica)
Lateral direito: Pablo Zabaleta (Argentina)
Zagueiro: Ron Vlaar (Holanda)
Zagueiro: Mats Hummels (Alemanha)
Defensor esquerdo: Rafa Márquez (México)
Volante: Javier Mascherano (Argentina)
Volante: Bastian Schweinsteiger (Alemanha)
Meia: Lionel Messi (Argentina)
Meia: James Rodríguez (Colômbia)
Meia: Arjen Robben (Holanda)
Atacante: Karim Benzema (França)
Técnico: Louis van Gaal (Holanda)

Suplentes

Goleiro: Tim Howard (Estados Unidos)
Lateral direito: Philipp Lahm (Alemanha)
Zagueiro: Gary Medel (Chile)
Zagueiro: Mario Yepes (Colômbia)
Lateral esquerdo: Daley Blind (Holanda)
Volante: Gökhan Inler (Suíça)
Volante: Marouane Fellaini (Bélgica)
Meia: Thomas Müller (Alemanha)
Meia: Clint Dempsey (Estados Unidos)
Meia: Ivan Perisic (Croácia)
Atacante: Gonzalo Higuaín (Argentina)
Técnico: Marc Wilmots (Bélgica)

Menção honrosa: Manuel Neuer, Jérôme Boateng, Sami Khedira, Toni Kroos, Mesut Özil, André Schürrle, Miroslav Klose, Mario Götze e Joachim Löw (Alemanha), Sergio Romero, Martín Demichelis, Ezequiel Garay, Marcos Rojo, José María Basanta, Lucas Biglia, Enzo Pérez, Ezequiel Lavezzi, Ángel di María e Alejandro Sabella (Argentina), Jasper Cillessen, Tim Krul, Daryl Janmaat, Stefan de Vrij, Bruno Martins Indi, Dirk Kuyt, Georginio Wijnaldum e Robin van Persie (Holanda), David Luiz, Luiz Gustavo, Oscar e Neymar (Brasil), David Ospina, Cristian Zapata, Pablo Armero, Camilo Zúñiga, Juan Cuadrado e José Pekerman (Colômbia), Thibaut Courtois, Vincent Kompany, Jan Vertonghen, Kevin de Bruyne, Dries Mertens e Divock Origi (Bélgica), Blaise Matuidi, Paul Pogba, Mathieu Valbuena, Antoine Griezmann e Didier Deschamps (França), Geancarlo González, Yeltsin Tejeda, Cristian Bolaños, Bryan Ruíz, Joel Campbell e Jorge Pinto (Costa Rica), Claudio Bravo, Alexis Sánchez e Jorge Sampaoli (Chile), Guillermo Ochoa, Carlos Salcido e Andrés Guardado (México), Diego Benaglio, Stephan Lichtsteiner, Ricardo Rodríguez, Xherdan Shaqiri e Ottmar Hitzfeld (Suíça), Fernando Muslera, Diego Godín, Cristian Rodríguez e Luis Suárez (Uruguai), Vassilis Torosidis, Sokratis Papastathopoulos, Giorgios Karagounis e Georgios Samaras (Grécia), Rais M'Bolhi, Rafik Halliche, Djamel Mesbah, Sofiane Feghouli, Islam Slimani e Vahid Halihodzic (Argélia), Damarcus Beasley, Jermaine Jones, Michael Bradley e Kyle Beckerman (Estados Unidos),Vincent Enyeama, Ahmed Musa e Emmanuel Emenike (Nigéria), Alexander Domínguez, Christian Noboa e Enner Valencia (Equador), Stipe Pletikosa, Darijo Srna, Ivan Rakitic e Mario Mandzukic (Croácia), Sead Kolasinac (Bósnia & Herzegovina), Didier Zokora, Serey Die e Gervinho (Costa do Marfim), Giorgio Chiellini e Andrea Pirlo (Itália), Jordi Alba, Andrés Iniesta, David Villa e Vicente del Bosque (Espanha), Sergei Ignashevich (Rússia), Sulley Ali Muntari, André Ayew e James Appiah (Gana), Gary Cahill, Leighton Baines, Daniel Sturridge e Roy Hodgson (Inglaterra), Son Heung-Min (Coréia do Sul), Reza Haghighi (Irã), Atsuto Uchida e Keisuke Honda (Japão), Tim Cahill (Austrália), Noel Valladares, Roger Espinoza e Marvin Chávez (Honduras) e Stéphane M'Bia (Camarões).

Destaque

Se o fato de não decidir por um jogador apenas quer dizer que o blogueiro ficou "em cima do muro", então podem me considerar no ápice da divisória entre paredes. Vou citar apenas dois nomes nessa grande Copa, de dois jogadores que fizeram sete boas partidas no Mundial. Em algumas delas, foram muito bem. Em outras, simplesmente decidiram a partida na base do talento. São eles: Lionel Messi, vice-campeão com a Argentina, e Arjen Robben, terceiro colocado com a Holanda.

Na fase de grupos, Messi foi responsável direto em todas as três vitórias da seleção (sobre Bósnia & Herzegovina, Irã e Nigéria). Atuações que chamavam para si a responsabilidade e empolgavam pela eficiência. Enquanto isso, Robben ia com todo o gás passando por cima de qualquer sistema defensivo, como ocorreu diante de Espanha, Austrália e Chile.

Nos confrontos eliminatórios, Messi deu a assistência para o gol de Di María, o da classificação diante da Suíça, nos últimos minutos na prorrogação. Também nas oitavas, Robben jogou demais e sofreu o pênalti que foi convertido por Huntelaar, virando a partida diante do México nos acréscimos. Já nas quartas, vi Messi fazer magia a alguns metros de distância, coisa que jamais quero esquecer. Obrigado, gênio, pela atuação. Obrigado, Deus, pela graça. Que bom ter estado em Argentina e Bélgica! Messi participou do lance do gol de Higuaín e quase marcou o dele no segundo tempo. Mais tarde, Robben daria uma canseira em toda a defesa da Costa Rica. Mas, para fazer gol naquele goleiro Navas, só na disputa por pênaltis. Robben converteu o dele, Krul defendeu duas e a Holanda avançou. Nas semis, o encontro: Messi de um lado, Robben de outro. Partida equilibrada, decisão por pênaltis e classificação argentina, com as duas feras convertendo suas respectivas cobranças.

Na disputa de terceiro lugar, Robben sofreu falta de expulsão (que se transformou em pênalti de amarelo) e com três minutos a Holanda já vencia o jogo diante do Brasil. Foi, como de hábito, dificílimo acompanhar o ágil e hábil ponta holandês.

Na disputa de título, Messi jogou muita bola. Foi um dos melhores em campo, talvez o melhor. Mas, em suas grandes jogadas individuais que mais levaram perigo, não conseguiu mandar no gol. E quiseram os deuses do futebol que as maiores chances caíssem para Higuaín e Palacio. São ótimos, mas não são Messi. E a Argentina ficou no quase diante da Alemanha.

Parabéns a ambos pelas excelentes performances e que bom podemos vê-los da primeira rodada até o sétimo e último compromisso!
Mesben e Robssi, destaques na Copa do Mundo 2014.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Consagração Do Planejamento De LÖWngo Prazo: Alemanha É Tetra No Maracanã

Foto: Juan Mabromata / AFP
"Gott ist Deutsch" quer dizer "Deus é alemão" no idioma de Mario Götze. Ou seria Mario Gottze? O jovem de vinte e dois anos de idade, que é odiado por muitos na cidade de Dortmund graças à opção de trocar o Borussia pelo Bayern de Munique após a temporada 2012-3, fez todo o país vibrar. Entrou em campo aos quarenta e dois minutos no segundo tempo, substituindo ninguém menos que Miroslav Klose, maior goleador na história das Copas do Mundo. Havia feito um gol meio sem querer no empate de 2a2 com Gana (o outro gol alemão naquele jogo foi de Klose, então igualando a marca de Ronaldo). Götze não era elemento dos mais utilizados por Joachim Löw no Mundial. O que poderia fazer diante da excepcional defesa argentina? O camisa dezenove provou que não precisa de muitos minutos nem de muito espaço em campo para fazer a diferença. Precisa de uma oportunidade. E a oportunidade de ouro surgiu aos sete minutos no segundo tempo da prorrogação.

André Schürrle, outro jovem jogador que começou a final no banco, fez linda jogada pelo lado esquerdo. E quando digo "linda jogada" estou me referindo sobretudo ao grau de sucesso levando em consideração o nível de dificuldade da coisa. Schürrle conseguiu, diante da marcação dupla dos gigantes Pablo Zabaleta e Javier Mascherano, acionar Götze num espaço entre outra dupla de gigantes - Martín Demichelis e Ezequiel Garay. Era tudo o que Gott (o Deus) precisava para encaminhar o tetra: Götze (o jogador) em liberdade na área argentina. Uma liberdade condicional, pois logo chegaria o goleiro Sergio Romero para fazer a cobertura. Mas Götze não precisava de nada mais do que o talento que Gott lhe deu: dominou no peito já arrumando para a finalização e completou com a perna esquerda sem sequer deixar a bola encostar na grama. Porque lugar de bola é na rede. Estava feito o gol histórico.
Imagem extraída de DiárioDoPoder.
Após jogada de Schürrle pela esquerda, Götze conclui na pequena área: Alemanha 1a0 Argentina, em momento que será lembrado por gerações.

Não há complexidade de uma final de Copa que caiba em dois parágrafos. E esse texto não ousa comportar em suas humildes linhas todas as variáveis que compuseram tão espetacular decisão de campeonato. O jogo teve um pouco de muita coisa. Um tanto de pouca coisa. E teve algo que não poderia faltar: futebol. Ah, o futebol! Que bênção dos deuses essa final! Reuniu uma seleção com impressionante capacidade de circular a bola com qualidade e outra com incrível aplicação para confrontar de igual para igual um adversário teoricamente superior. A Argentina mostrou-se poderosa. E seu poder estava em algo que não se mede e, se não pode ser medido, também não pode ser contido: a determinação. Determinação desde uma linha de defesa intransponível no seu posicionamento milimétrico até uma linha de ataque ousada em cada tentativa de infiltrar na zaga oponente. Sem esquecer da alma: o meio-campo. Uma alma materializada na camisa catorze de Mascherano. A Alemanha encontrou um adversário à altura. E aqui vão os elogios àquele indivíduo diretamente responsável pela eficiência de cada setor da equipe: o técnico Alejandro Sabella. Conseguiu a proeza de montar a Albiceleste sem criar uma dependência exclusiva do gênio Lionel Messi. Só que se a Argentina, taticamente, era muito mais do que Messi + dez, na prática, os argentinos bem que gostariam de ter um "segundo Messi" no gramado. Poderia ser Ángel di María, que jogou demais nas oitavas (infelizmente ausente na final por contusão). Poderia ser Sergio Agüero, jogador de enorme potencial mas que não fez uma boa Copa (também teve problemas com lesão, só entrando no intervalo na decisão). No primeiro tempo, Ezequiel Lavezzi foi talvez o maior parceiro de Messi. Correndo barbaridade tanto para contra-atacar quanto para recompôr a marcação, o jogador foi um dos destaques nos primeiros quarenta e cinco minutos. Daí meu não entendimento por substituí-lo por Agüero no intervalo. Opção tática ou necessidade clínica? De toda forma, uma alteração corajosa. Alteração de quem tinha mais forte em si o sonho de ganhar o jogo do que o medo de perdê-lo.

A Argentina perdeu muito em combatividade no meio-campo, mas jamais perdeu a consistência. Marcos Rojo, Lucas Biglia e Enzo Pérez se desdobraram para manterem o equilíbrio tático diante da alta rotatividade alemã. Ofensivamente, a Argentina seguia perigosíssima. Esbarrava na excepcional atuação de Jérôme Boateng (era aquilo um zagueiro ou o Muro de Berlim em pleno Rio de Janeiro?). E encaixavam-se as peças de um quebra-cabeça: não foi a Bélgica que tremeu nas quartas, nem a Holanda que teve desempenho pior na semi, tampouco a Alemanha piorou na final. Em todos esses três eventos, foi a Argentina que mostrou-se superior a ponto de inibir qualidades de três grandes adversários.

Para aumentar ainda mais as esperanças no tri, a Argentina tinha Messi com mais uma grande atuação. Passava por Hummels como queria. Invertia o jogo com facilidade. No início do segundo tempo, fez linda jogada individual e finalizou raspando a trave. Era Messi sendo Messi! Tipo o papa rezando a missa! Não importa para que seleção você torça nem que religião você siga, há que se reconhecer o talento onde existe o talento. E Lionel é daqueles para tirarmos o chapéu. Por falta de sorte da Argentina, ele não teve aquela chance de gol frontal que tivera Higuaín. Nem cairia nos pés dele a bola do jogo: na prorrogação, Rodrigo Palacio (que entrou no lugar de Higuaín) recebeu em ótima condição, dominou como manda o figurino e encobriu Manuel Neuer, só que sem conseguir completar/direcionar pro gol.
Foto: Jamie Squire / Getty Images
Rodrigo Palacio tem a bola do jogo na prorrogação: argentino escolheu encobrir o goleiro Neuer e a bola acabou saindo ao lado da trave.

O que a Argentina não conseguiu com Higuaín nem com Palacio, a Alemanha aproveitou com Götze. Está descrito no segundo parágrafo. Estava escrito nas estrelas. Mais precisamente naquela estrela que se junta às outras três, logo acima do escudo alemão. Uma Alemanha que se reinventou com Löw. Que revolucionou sua própria maneira de jogar futebol. Que iniciou o caminho do tetra com um 4a0. E que, desde muito antes de sua ótima passagem pelo Brasil (tanto dentro de campo com uma performance de alto nível quanto fora dele com ótimas relações com a população), mostrava trilhar a direção correta (leia aqui). Parabéns a essa brilhante geração e a esse magnífico técnico de futebol. Diante de todas essas qualidades notáveis na Alemanha e da realidade que foi a final, não resta mais nada senão dar os parabéns, também, à Argentina. Não foi derrotada. Venceu junto com o futebol. E tem todo o direito de sonhar com sua terceira estrela daqui a quatro anos, em Moscou.

domingo, 13 de julho de 2014

Vale Mais Que O Bronze: Holanda Começa E Termina A Copa Do Mundo Com Goleada

Foto: Natacha Pisarenko / AP Photo
A disputa de terceiro lugar no estádio Mané Garrincha entre Brasil e Holanda deve marcar diferentes significados nas duas seleções. Na brasileira, qualquer reflexão mais aprofundada levará a pessoa a torcer por um ponto de ruptura, isto é, o fim de uma seqüência de trabalho que só acrescentou vergonha ao futebol brasileiro. Quer dizer, é claro que teve aquela gente que se empolgou e aplaudiu os 3a0 sobre a Espanha na Copa das Confederações 2013 (iludidos, movidos pelo resultado)... Mas vamos lá, hoje parece quase consensual que precisamos de mudanças no comando técnico (infelizmente, onda novamente movida por resultados, pois tudo parecia caminhar bem para muita gente antes dos 7a1). Já na seleção holandesa, o cenário projetado é de um futuro mais promissor do que o pré-Mundial: Louis van Gaal encerra um ciclo de dois anos que iniciou após herdar campanha abaixo das expectativas na Euro-2012 e que deixa um legado para a Laranja, invicta tanto nas Eliminatórias quanto na Copa. Equipe rejuvenescida, com boas opções em todos os setores e que ainda deverá ser agraciada com o talento de craques como Arjen Robben (possivelmente o melhor jogador na Copa 2014 e em ótimas condições físicas) bem como a evolução de boas promessas, como o defensor Stefan de Vrij (aparenta uma maturidade muito além dos 22 anos de idade), o meio-campista Georginio Wijnaldum (mostrou qualidades surpreendentes inclusive quando assumiu a posição de Nigel de Jong, e olha que tem somente 23 anos), além de elementos mais ofensivos como Memphis Depay, autor de um golaço diante da Austrália. Para só citar esses três exemplos, que provavelmente estarão entre os jogadores mais importantes de Guus Hiddink, próximo técnico da equipe. Lembrando: a Holanda levou para 2014 somente sete vice-campeões em 2010.

No jogo, a Holanda foi vencedora desde sempre. O futebol perdeu a atuação de Wesley Sneijder, que sentiu a coxa ainda no aquecimento e não jogou. Mas o futebol viu os holandeses, então, tá tudo certo no final das contas. Robben recebeu ótima enfiada de bola e deixou Thiago Silva para trás sem nem pedir licença. Vou passar, tô passando, passei por você. Tal qual uma flecha em direção ao alvo, foi difícil ver em que momento o zagueiro brasileiro cometeu a falta, se antes ou depois da flecha entrar na área grande. O árbitro entendeu que dentro e a verdade é que só fui perceber que ele errou depois de ver a repetição do lance. O erro mais grave foi o de ter dado apenas o amarelo no lance. Robin van Persie cobrou e abriu a contagem já no terceiro minuto. Mais rápido que a Alemanha na semi!

E se quem tem futebol e padrão tático não tem tempo a perder, a Holanda tratou de marcar o segundo aos quinze: em nova jogada de infiltração, onde dessa vez a dúvida era sobre o posicionamento de Jonathan de Guzmán (que estava alguns centímetros adiantado, em impedimento não identificado). Mas não houve dúvidas sobre a incapacidade da defesa brasileira lidar com o ataque holandês: David Luiz rebateu para o lugar que menos se recomenda a um zagueiro e, da marca do pênalti, Daley Blind arrumou duas vezes com a perna esquerda para enfim chutar com a perna direita, estufando a rede brasileira.

No banco de reservas da seleção anfitriã, viam-se orientações sendo dadas aos jogadores. Só que não pelo treinador, e sim por atletas como Neymar (que não jogou a semifinal) e Hulk (que joga mas não joga, sabe como é que é...). Conselhos extra-campo à parte, quem sabia o que fazer no gramado era a Laranja. No segundo tempo, mesmo com tantas alterações (Luiz Gustavo pelo violento Fernandinho, jogador do qual não vi essa faceta quando com a camisa do Manchester City; Paulinho por Hernanes, outro que mais pegou adversários do que bola; e Ramires por Hulk, que entrou para fazer o de sempre, ou seja, correr sem pensar), o Brasil continuava similar. Van Gaal trocou Blind (machucado) por Daryl Janmaat, que apresentou-se diversas vezes ao campo ofensivo. Depois, Joel Veltman entrou no lugar de Jordy Clasie. A torcida brasileira, que começou cantando o hino nacional com força, declarou orgulho e amor pela nação e até mandou o grito de pentacampeão, entregou-se aos fatos. Rolaram vaias quando a equipe amarela tinha a bola e gritos de olé durante a posse de bola holandesa. Havia tempo para mais. Em intensa troca de passe, Janmaat recebeu pela direita e deu a assistência para Wijnaldum transformar a vitória em goleada, nos acréscimos. Havia tempo para mais uma substituição e Van Gaal tratou de colocar o último jogador em campo, o único que ainda não havia atuado: entrou o goleiro Michel Vorm no lugar de Cillessen. Mas era outro goleiro, de outra nacionalidade, que devia estar doidinho para sair de campo, de preferência sem ser visto... Mas relaxa, Júlio César. Apesar do tanto de gols que tomaste, individualmente não é que você se saiu melhor nesse Mundial do que no anterior?

E assim termina a Copa 2014 para Brasil e Holanda. O favoritaço de muita gente não teve uma única atuação convincente. Despede-se com duas derrotas por goleada nas duas últimas partidas. Já a desacreditada pela maioria começou goleando a atual campeã mundial e bi-européia, e concluiu a bela campanha goleando o campeão da Copa das Confederações. Terminou invicta. Com bom futebol. E com motivos para sorrir quando o assunto é "futuro".
Foto: Manu Fernandez / AP Photo

Seleção medalha de bronze: todos vinte e três convocados de Louis van Gaal entraram em campo na campanha invicta da Holanda na Copa do Mundo 2014.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Copa 2014: Seleção Das Semifinais

As semifinais na Copa do Mundo 2014 tiveram dois fatos históricos. Enquanto a Alemanha aplicou a maior goleada já sofrida pela seleção brasileira (7a1, que poderia ter sido dez), Argentina e Holanda registraram o primeiro 0a0 na história dessa fase (a Argentina venceu nos pênaltis por 4a2).

Foi ótimo para mostrar a diferença entre uma seleção que planeja um desenvolvimento tático e técnico para uma seleção em franca decadência devido, fundamentalmente, à falta de competência na entidade cebeefiana. Entidade que tem na beira do campo o seu reflexo fiel: uma comissão "técnica" ultrapassada.

Entre argentinos e holandeses, houve jogo. Disputadíssimo, por sinal. E o que é melhor: com dois esquemas táticos tão consistentes e bem montados que a partida fluiu como se fosse um jogo de tabuleiro. Lionel Messi e Arjen Robben, embora muitíssimo bem acompanhados, ainda conseguiram proporcionar alguns belos momentos, dignos dos grandes craques. No final, brilhou a estrela de Romero. E teremos, na final, uma seleção buscando a terceira estrela e outra almejando a quarta. Será a reedição das finais de 1986 e 1990, só que dessa vez com a Alemanha unificada. Na disputa de terceiro, o encontro entre a Laranja e o Bagaço.

Titulares

Goleiro: Sergio Romero (Argentina)
Lateral direito: Pablo Zabaleta (Argentina)
Zagueiro: Ron Vlaar (Holanda)
Zagueiro: Stefan de Vrij (Holanda)
Lateral esquerdo: Marcos Rojo (Argentina)
Volante: Javier Mascherano (Argentina)
Meia: Toni Kroos (Alemanha)
Meia: Lionel Messi (Argentina)
Meia: Enzo Pérez (Argentina)
Meia: Arjen Robben (Holanda)
Atacante: Thomas Müller (Alemanha)
Técnico: Joachim Löw (Alemanha)

Suplentes

Goleiro: Manuel Neuer (Alemanha)
Lateral direito: Philipp Lahm (Alemanha)
Zagueiro: Martín Demichelis (Argentina)
Zagueiro: Ezequiel Garay (Argentina)
Lateral esquerdo: Dirk Kuyt (Holanda)
Volante: Georginio Wijnaldum (Holanda)
Volante: Sami Khedira (Alemanha)
Volante: Bastian Schweinsteiger (Alemanha)
Meia: Mesut Özil (Alemanha)
Meia: Ezequiel Lavezzi (Argentina)
Atacante: Gonzalo Higuaín (Argentina)
Técnico: Alejandro Sabella (Argentina)

Destaque

Com uma atuação antológica, Javier Mascherano foi soberano no meio-campo. Conseguiu correr os cento e vinte minutos, protagonizando cenas marcantes no jogo em que a Argentina conseguiu neutralizar a Holanda. O carrinho certeiro no momento da finalização de Robben, quando o argentino obteve a proeza de correr mais que o carequinha e ainda agir no tempo exato, ilustra a performance precisa de Mascherano. Olê olê olê olê... Maschê! Maschê! ecoaram no Itaquerão. Deve ser um misto de saudade da fiel torcida com reconhecimento albiceleste. Mascherano, que resistiu a uma cabeçada, que recebeu voadora, que "rasgou o ânus" (palavras dele próprio para descrever a dor sentida no lance em que evitou o gol de Robben), que parou a Laranja Mecânica. E que jogou muita bola. Destaque absoluto nas semifinais no Mundial 2014.
Foto: Hassan Ammar / AP Photo
Foto: Adrian Dennis / AFP

Javier Mascherano: o resistente (choque com Wijnaldum) e o implacável (intervenção milimétrica em  tentativa de finalização de Robben).

quinta-feira, 10 de julho de 2014

A Campeã Voltou: Nos Pênaltis E Na Raça, Argentina Papa A Laranja

Imagem extraída de EsporteInterativo
Sergio Romero, Pablo Zabaleta, Martín Demichelis, Ezequiel Garay, Marcos Rojo, Javier Mascherano, Lucas Biglia, Enzo Pérez, Lionel Messi, Ezequiel Lavezzi, Gonzalo Higuaín, Rodrigo Palacio, Sergio Agüero, Máxi Rodríguez. Alejandro Sabella. E todos os demais que compõem a delegação argentina na Copa do Mundo 2014. Sem jamais esquecer dos torcedores que dizem exatamente o que sentem nas arquibancadas.

Só há, no parágrafo inicial, menções a heróis. A atuação argentina diante da forte e bem treinada Holanda foi algo para constar nos livros de História.

Capítulo 1: Do contexto.

Imagem extraída de MaisFutebol
Em pleno dia da independência, a Albiceleste conquista, em semifinal disputadíssima com a Holanda, seu retorno a uma final de Copa do Mundo. São vinte e quatro anos desde a última aparição e a adversária será exatamente a Alemanha, oponente em 1990. Naquela época, ainda existia o Muro de Berlim, e a campeã foi a Alemanha Ocidental - quatro anos antes, a Argentina superou a mesma oponente. Nas Américas, jamais um europeu conquistou o caneco mundial. E lá vai a Argentina ao Maracanã, para manter a escrita e para sair de uma fila de títulos que já se arrasta desde a Copa América 1991.

Alfredo di Stéfano, um dos maiores nomes na história do futebol nacional argentino e do planeta como um todo, foi lembrado em São Paulo. Partiu aos 88 anos, essa semana, mas estava presente. Estava presente nas braçadeiras pretas dos jogadores argentinos. Estava presente no minuto de silêncio antes de a bola rolar. Estava, mais que isso, presente na alma de cada jogador que vestia azul-e-branco. Não duvido que a água que caiu sobre o estádio possa ter alguma relação com a emoção do mito que ascendeu.

Capítulo 2: Do talento.

Imagem extraída de Ahe
Mesmo havendo como adversário um time absolutamente bem postado desde o goleiro até o centroavante,
onde existir talento, sempre será fácil reconhecê-lo. Lionel Messi teve muitas dificuldades para achar e criar espaços no gramado em São Paulo. Mas ainda assim desfilou capacidade técnica no Itaquerão. Seu momento mais próximo do gol foi cobrando uma falta sofrida por Enzo Pérez, defendida pelo goleiro Jasper Cillessen. Porém, seus simples deslocamentos pelo gramado e movimentos por entre os defensores laranjas possibilitavam que, se não para si, aparecessem brechas a serem usufruidas por companheiros como Gonzalo Higuaín. Sua maneira de interagir com a bola é única. Seus passos pelo campo, uma marca registrada. Sua postura, plenamente identificável. Um capitão pelo talento, pelo exemplo, que sequer precisa desgastar além da medida suas cordas vocais. Basta olhar para ele e já se sabe o que fazer.

Capítulo 3: Da tática.

Foto: Getty Images
Sempre que você assistir um jogo de futebol onde estiverem presentes jogadores como Messi e Arjen Robben em lados opostos, tenha convicção de que algo de muito interessante poderá acontecer a qualquer momento na partida. Piscar os olhos é perigoso, pois pode ser exatamente ali que o gênio entre em ação. Acontece que tanto Louis van Gaal quanto Alejandro Sabella sabem disso. Um tem o seu Robben e teme o Messi. O outro tem o seu Messi e teme o Robben. Conseguiram ambos os técnicos preparar suas seleções de modo a conter o talento do maior jogador adversário. Não é fácil fazê-lo, e é por isso que precisam ser exaltados: fizeram de maneira esportiva, sem apelar para o antijogo (embora em alguns - raros - momentos tenham havido faltas com único intuito de interromper o progresso do craque).

Este capítulo três merece um parágrafo especial para Sabella. O treinador argentino mostrou aquilo que já foi possível ver desde as oitavas diante da Suíça e, mais ainda, nas quartas diante da Bélgica: solidez. Uma equipe bem distribuída em campo, sobretudo defensivamente. Mostrando uma capacidade quase infinita de estar preparada para o que quer que seja. E do outro lado havia Dirk Kuyt, Daley Blind, Wesley Sneijder, Robben, Robin van Persie. Mas a Argentina Sabella o que estava fazendo e, nas mais de duas horas de jogo, foi uma seleção consistente, valente, determinada. Contagiante.

Capítulo 4: Da raça.

Imagem extraída de EsporteInterativo
Por falar em contagiante, não saem da minha cabeça as imagens de Mascherano e Zabaleta. O volante e o lateral-direito foram sublimes. São os dois polegares que traduzem a impressão digital da seleção argentina. Vira-latas de raça. Pra tornar inofensivo qualquer Pastor Belga, Holandês, Alemão. Protegem a defesa sem perder a referência. Cercam o adversário sem usar a violência. Recuperam a bola mantendo a postura. Avançam e recuam de maneira segura. Gigantes pela própria natureza! Contagiam, contagiam, contagiam. A quem está assistindo de longe, a quem está perto no gramado. Vemos esse contágio quando nossa pele arrepia, quando automaticamente aplaudimos, quando olhamos hipnotizados tamanha bravura. Não tem choque de cabeça nem ombrada no queixo que os abalem. Podem derrubá-los, pois são humanos. Mas jamais enfraquecê-los, porque inabaláveis pelo espírito dos verdadeiros vencedores. E a Argentina consegue mais. Consegue ser mais. É Garay afastando a bola segurando a chuteira na mão direita. É Rojo mandando o perigo para longe mesmo estando mancando. É Romero festejando uma cobrança de pênalti defendida (Ron Vlaar, forte, no centro). É Romero festejando outra cobrança de pênalti defendida (Sneijder, colocada, buscando o ângulo direito). É Máxi Rodríguez partindo para a bola para selar a classificação com cara de quem não consegue conter a emoção. E não consegue porque o sentimento é maior do que o recipiente. Cillessen tocou no pênalti derradeiro. O travessão também encostou na bola. Mas o destino da Brazuca era a rede. Pois o destino da Argentina, só Deus sabe. Talvez o Papa também. Com as bênçãos de Alfredo di Stéfano.
Foto: Getty Images

Capítulo 5: Da final.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Em Nome Do Futebol, Sete Vezes Obrigado!

Foto: Sérgio Barzaghi / Gazetta Press
O Maracanã, em 1950, sediou o último jogo naquela edição de Copa do Mundo. Como tratava-se de um confronto direto pelo título mundial, dá para chamar aquele encontro entre brasileiros e uruguaios pela última rodada de quadrangular final de... final. O Brasil seria campeão com um empate, mas acabou derrotado pelo Uruguai pelo placar de 2a1. Conta a história que, por causa de uma suposta falha individual, o goleiro Barbosa foi escolhido como vilão. Nas imagens que a mim chegaram, não vi qualquer falha que seja digna de responsabilizar um único indivíduo pelo insucesso no jogo. Jogo de placar apertado, que por detalhes poderia ter tido um desfecho diferente. Mas, no final das contas, título uruguaio num episódio até hoje tratado como uma tragédia, com direito a nome próprio: Maracanazo.

Num estádio com público recorde de 199.854 espectadores, o oba-oba pelo título que era dado como certo foi substituído por um silêncio sepulcral. Gigghia, autor do gol da virada, afirmou certa vez: "O silêncio era tão grande que se uma mosca estivesse voando por lá, ouviríamos o seu zumbido".

Passaram-se 64 anos e creio não haver uma única testemunha presente naquele Maracanã que também estivesse nesse Mineirão, em 08.07.2014, para a semifinal entre Brasil e Alemanha. Creio que não e torço para que não. Dessa vez, um público muito menor presente nas arquibancadas, em função do novo modelo de estádios brasileiros. Um formato padronizado que tira quantidade e qualidade dos estádios, pois elimina do local do jogo o povo apaixonado pelo futebol, em função de uma elitização impositiva. Sai a festa da autenticidade, entra o comportamento padrão FIFA. Não leve a mal, são apenas negócios. Não pode consumir o produto futebol? Viva essa paixão assistindo pela televisão.

Dessa vez, ao contrário de 1950, não houve tragédia. Em 2014, houve conseqüência. Conseqüência de um cenário trágico, que assola estruturalmente a instituição que se apropriou do futebol nacional: a Confederação Brasileira de Futebol. O deputado federal Romário, protagonista no tetracampeonato em 1994, alega já ter pedido por diversas vezes uma intervenção política do governo federal no futebol brasileiro. Em 2012, apresentou um pedido de CPI da CBF, "baseado em uma série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da empresa aérea TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois anos". O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, julga não ser o momento adequado para instalar a CPI.

Enquanto isso, vamos sendo presididos por José Maria Marín, indivíduo que participou ativamente da ditadura militar, apontado como envolvido em torturas e assassinatos. Enquanto isso, vamos vendo Parreiras, Dungas, Manos e Scolaris assumindo o comando da seleção brasileira de futebol profissional. Ou seja: o futebol arte, no Brasil, está tão engavetado quanto o pedido de instalação de CPI. Só que há muito mais tempo.

Na Alemanha, o fluxo é no sentido contrário: a seleção age no sentido de encontrar, abraçar, casar e constituir família com o futebol que abandonamos em algum momento no passado. Sugiro uma (re)leitura num texto publicado nesse blógui em 13.06.2010: "Amantes Do Futebol Arte, Eu Vos Apresento... A Alemanha!". Outra recomendação é assistir essa Alemanha de Joachim Löw jogar. Simplesmente assistir. Saborear. Apreciar. O oito de julho de dois mil e catorze é uma data a ser lembrada com alegria pelo futebol mundial. Data em que o planejamento que privilegia tática e talento superou, com sobras arrebatadoras, o acaso e a malandragem. Data em que o toque refinado superou a simulação para ludibriar a arbitragem. Data em que o futebol venceu com uma goleada histórica. Com direito a gol de Miroslav Klose, o seu décimo sexto na história das Copas, o que dá ainda mais relevo à data pois torna o camisa onze alemão o maior goleador de todos os tempos na competição.

Vinda de um passado onde jogava algo muito parecido com futebol, mas que não era futebol, a Alemanha há alguns anos atua com graça, beleza, encanto, magia. Atua como uma certa seleção brasileira, que não cheguei a ver jogar, mas cujos relatos me fazem sentir saudade de um tempo que não presenciei. Quer dizer, talvez não neste corpo. Fato é que o Brasil de hoje não parece o Brasil que a história endeusa. Muito pelo contrário. O Brasil de hoje é um desaforo à prática futebolística. É como se tivéssemos parado no tempo. Antes tivéssemos parado no tempo certo, mas escolhemos os anos de Parreiras, Dungas, Manos e Scolaris. Tempos de Ricardo Teixeira e José Maria Marín. Talvez a culpa não seja nossa. Talvez a culpa seja do resto do mundo, que evoluiu e nos deixou para trás. Que o goleiro Barbosa possa, de uma vez por todas, descansar em paz.

Extraído de Soccerway
Extraído de Soccerway
Foto: David Gray / Reuters

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Alfredo Di Stéfano. Eterno.

Imagem extraída de Kabir News
Pelo que li de sua biografia, o futebol espanhol em geral e o Real Madrid em particular não seriam os mesmos se não fosse Alfredo di Stéfano.

Sua transferência para os merengues se deu não por um diretor de futebol, não por um presidente de clube, mas pelo Ministro dos Esportes da Espanha - nascia ali a maior rivalidade de clubes do futebol mundial (Real Madrid e Barcelona), em plena ditadura do general Francisco Franco.

307 gols em 371 jogos com a camisa madridista, entre 1953 e 1964. Pentacampeão europeu consecutivamente. Se hoje o Real festeja "la décima", veja o tamanho da contribuição daquela geração.

Nasceu em Buenos Aires, tendo completado 88 anos e 1 dia na data do jogo em que a Argentina eliminou a Bélgica no Mané Garrincha. Deu adeus hoje.

Será lindo se Lionel Messi, ídolo do Barcelona, erguer o troféu no Maracanã homenageando a lenda Di Stéfano.

Descanse em paz, mito. Muchas gracias, Viejo.
Vídeo com alguns momentos de Alfredo Di Stéfano