sexta-feira, 31 de maio de 2013

Em Segundo Tempo Eletrizante, Bordeaux Vence Evian Em Noite De Diabaté E Conquista Copa Da França

Ah! As finais de campeonato! Sempre partidas especiais... Às vezes bem jogadas, outras nem tanto. Mas seu caráter decisivo, marcado pelo abismo superestimado que separa o finalista campeão do finalista vice-campeão, torna esses eventos únicos no futebol. E o jogo entre Bordeaux e Evian foi assim, único. Uma final de Copa da França que cresceu com o passar dos minutos e que teve um segundo tempo interessantíssimo. Pra melhorar ainda mais: a parte derrotada, representada por valentes jogadores e torcedores no Stade de France, deu demonstração exemplar de conduta, fazendo a festa mesmo diante da celebração do adversário. Porque o futebol é isso: mais que um esporte competitivo, um momento de êxtase coletivo. Acredito que todos aqueles que presenciaram esse momento, por um monitor ou pessoalmente, tenham tido algum tipo de aprendizado. Viva o futebol!

O jogo

Bordeaux e Evian haviam se enfrentado exatamente na última rodada no Campeonato Francês - vitória do então dono da casa, que atuava no Chaban-Delmas e acabou vencendo a partida por 2a1, com dois gols de Cheick Diabaté. Resultado este que, no conjunto das trinta e oito rodadas na liga nacional, deixaram o Bordeux em 7º (fora das competições européias) e o Evian em 16º (livre do descenso). A partida final na Copa da França vinha para salvar a temporada de um time tradicional e para consagrar o ano de um clube novo, desconhecido até. E tal partida foi incrível. Cinco gols, defesas dos goleiros, intervenção dos defensores, jogadas de velocidade. Tudo isso num campo supostamente neutro - o Stade de France -, mas que graças ao apoio dos torcedores de ambos os clubes, tornou-se algo como um pouco da casa de cada um.

Tecnicamente, o Bordeaux era superior. Superioridade não grande o suficiente para construir uma vantagem no placar diante de uma equipe aplicadíssima taticamente, onde todos pareciam correr por si e pelo companheiro, multiplicando a capacidade de reduzir os espaços ao adversário. Uma marcação-pressão bem organizada e uma defesa que sabia muito bem aquela regra básica do futebol: bola pro mato, que o jogo é de campeonato. Final de campeonato, aliás! Gol no primeiro tempo? Somente um: Diabaté, que aproveitou lançamento de Mariano e, nas costas da defesa, conseguiu ficar de frente com o goleiro Bertrand Laquait, driblando-o e mandando para a rede (não sem antes a bola dar um leve desvio na chuteira direita de um zagueiro, que quase salvou o Evian).

Na segunda etapa, a partida ganhou outra voltagem. Mais dinâmica e com mais finalizações, um jogo que se concentrava entre as duas intermediárias passou a ter a bola frequentando as duas grandes áreas. Logo aos dois minutos, o Bordeaux teve grandiosa oportunidade de abrir dois gols de diferença: o assistente da linha-de-fundo denunciou pênalti, o árbitro confiou e Diabaté cobrou com força e no canto, parando em espetacular defesa de Bertrand Laquait. Três minutos depois, a intervenção salvadora do arqueiro ganhou ainda mais importância, pois o Evian chegou ao gol de empate: Daniel Wass fez boa jogada pelo flanco esquerdo, cruzou e Yannick Sagbo completou para a rede, empatando a partida e levando ao delírio a torcida que vestia rosa.

O ritmo era frenético e, não bastando os dois lances anteriores (pênalti defendido e gol de empate), pintou mais um gol já aos sete minutos. Dessa vez, festa do Bordeaux: em nova assistência do lateral-direito brasileiro Mariano (ex-Fluminense), quem aproveitou dessa vez foi Henri Saivet, recolocando o Bordeaux em vantagem no placar. Mas o Evian não se entregou. Mesmo após levar uma pressão que quase aumentou a diferença na contagem de gols - Laquait foi fundamental para manter o 2a1 -, o time comandado por Pascal Dupraz buscou forças sabe Deus onde e alcançou mais uma vez a igualdade: de Saber Khelifa para Brice Dja Djédjé, que só precisou conferir. 2a2.

Parecia que a missão estava cumprida para levar o jogo até a prorrogação. O Evian conseguia conter os avanços adversários, embora tivesse muitas dificuldades para lidar com Diabaté, que constantemente levava vantagem sobre a defesa cor-de-rosa. E a noite era mesmo de Diabaté. Estava escrito nas estrelas. Aos quarenta e três, Nicolas Maurice-Belay deu um passe mágico, à la Zinedine Zidane, e serviu o atacante malinês, que colocou-se definitivamente como protagonista na final. 3a2 Bordeaux, pela quarta vez campeão no mais tradicional torneio de clubes franceses, a Coupe de France.

Mas o texto precisa de mais um parágrafo, o qual fica dedicado totalmente ao vice-campeão. Um honroso e digno vice-campeão. Equipe que eliminou o poderoso Paris Saint-Germain na fase quartas-de-final e que conseguiu se manter na Ligue 1. Evian, que surgiu da fusão de três clubes e que carrega esse nome desde o recente ano de 2009. Uma criança. Uma gigante criança. E que, com tudo o que mostrou no gramado e na temporada, justifica o orgulho rosa visto nas arquibancadas.
Bandeiras agitadas nas arquibancadas: torcedores do Evian fizeram festa antes, durante e depois da partida em que saíram como vice-campeões em inédita aparição numa final de Copa Francesa.

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