sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Entrevista Com Luiz Ademar

Se soubesse falar, a seção de entrevistas do blógui Jogada De Efeito diria: "olha eu aqui!". Cá estamos e, com grande satisfação, trazendo o jornalista Luiz Ademar para compartilhar conosco acerca de algumas das suas opiniões sobre o futebol.

Veja também como foram as entrevistas com Marcos Timóteo e Cleibson Ferreira.

Apresentando o entrevistado

Nome: Luiz Ademar Campos Júnior
Idade: 44 anos
Jornalista pela FIAM (formado em 1990), iniciou na Folha Metropolitana de Guarulhos (em 1991). Foi para o Diário Popular, que virou Diário de São Paulo. Também trabalhou no WebAmigos, Textual, Lance, Sobral, Jornal Arquibancada, Globoesporte.com, Kigol e Jornal O Movimento. Atualmente é comentarista esportivo no SporTV/PFC.
Administra o "Blog Do Ademar (Futebol Caipira, Nacional E Internacional)"

A entrevista

Jogada De Efeito: Hoje se discute muito a questão do calendário futebolístico brasileiro, apontando para um número de jogos altamente convidativo a ocorrência de lesões e desgastes físicos que poderiam ser amenizados se fosse menor a quantidade de partidas ao longo da temporada. Gostaria de saber como você vê esse cenário e, especificamente quanto aos Campeonatos Estaduais, se você defende sua permanência ou extinção.

Luiz Ademar: Existe muita hipocrisia no calendário do futebol brasileiro. Os clubes reclamam que jogam muito, mas pediram para jogar mais. Vejo o caso da nova Copa do Brasil em 2013. Até os clubes que disputam a Libertadores jogarão a Copa do Brasil. A não ser que estejam nas quartas-de-final. Os que forem eliminados antes na Libertadores seguem imediatamente para a Copa do Brasil. Ou seja, todos querem jogar competições importantes para ganhar dinheiro com a TV e com rendas. Eu entendo que o calendário do futebol brasileiro é adequado com Campeonatos Estaduais, Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana e Brasileiro. Basta agendar jogos corretamente. O maior erro está no calendário da Seleção Brasileira. Quando o Brasil jogar, os demais campeonatos precisam parar.
Defendo Campeonatos Estaduais curtos. É um erro jogar 19 rodadas no Paulistão, por exemplo, para definir os 8 primeiros. Poderíamos dividir em duas chaves com 10 clubes. Nove jogos, em turno único, e os quatro primeiro de cada chave disputariam o título. Teríamos menos jogos. Lesões e desgaste físico acontecem porque no Brasil não estamos acostumados a ter um elenco e mudar o time titular de acordo com os interesses do clube. É possível, por exemplo, jogar o Brasileirão com o time titular, a Sul-Americana, com os reservas, ou o chamado time alternativo, e pronto.
Sou favorável ao calendário atual do Brasileiro, apenas com menos jogos nos Estaduais, com os grandes entrando a partir da terceira fase na Copa do Brasil, e Brasileirão com pontos corridos.

Jogada De Efeito: A seleção brasileira caminha para a Copa do Mundo sem obter resultados convincentes nas competições oficiais, situação diametralmente oposta à "Era Dunga", quando a equipe venceu todos os torneios disputados até cair nas quartas-de-final na Copa-2010. Como você avalia a "Era Mano" e onde precisamos melhorar com maior urgência a fim de chegarmos mais fortes na próxima Copa?

Luiz Ademar: O Mano não teve competência para definir um time titular, um grupo base e um determinado esquema tático. Também convocou muitos jogadores comuns para vestir a camisa brasileira. Mas ainda temos tempo de montar um time forte e competitivo. Basta definir o time titular. Tentar convocar, na medida do possível, os seus 22 jogadores preferidos, e definir esquema tático. Depois, o ideal, é fazer amistosos com seleções de ponta e não contra timinhos.

Mano Menezes, atual treinador da seleção brasileira, é alvo de críticas de Luiz Ademar: "não teve competência para definir um time titular".
 
Jogada De Efeito: Josep Guardiola é considerado por muitos como um técnico revolucionário na medida em que conseguiu realizar um trabalho desde a base barcelonista até a equipe principal onde a filosofia de jogo baseada na posse de bola ditava o ritmo das partidas. Além de bonito de se ver jogar, o Barcelona de Guardiola foi eficiente, ganhando diversos títulos importantes. O nome de Guardiola seria bem-vindo para assumir o comando da seleção brasileira ou você vê outras opções domésticas (ou mesmo internacionais) mais interessantes?

Luiz Ademar: Não apostaria em Guardiola. Ele não conhece o futebol brasileiro à risca. Conhece em teoria e não na prática. Até conhecer perderíamos tempo e a Copa das Confederações já será no ano que vem. Entendo que Muricy e Luxemburgo seriam mais interessantes.

JdE: Apesar dos tantos títulos no currículo, não acha que o atual trabalho de Muricy Ramalho no Santos deixa o time mais dependente do craque (Neymar) do que do conjunto da equipe? Com Neymar jogando, a equipe santista tem aproveitamento melhor que o do líder, enquanto sem ele em campo a campanha torna-se pior que a do lanterna...

LA: O Muricy é um dos melhores treinadores brasileiros. Conquistou títulos importantes no Santos. Em 2012, por exemplo, foi campeão no Paulistão e na Recopa. Porém, no Brasileiro, ele não conseguiu dar padrão tático. O Santos é muito dependente de Neymar. Mas qual time não seria? Essa avaliação só poderá ser feita em 2013, quando ele ganhará reforços e o time começará do zero, sem ter a vaga na Libertadores. Não podemos julgar o Muricy apenas pela má fase no Brasileirão, quando está muito dependente do Neymar.

JdE: Quais campeonatos pelo Brasil e pelo mundo mais gosta de assistir e quais suas expectativas para a próxima Copa do Mundo, a segunda a ser disputada em solo brasileiro?

LA: Eu assisto todos. Todos mesmo! Gosto do Brasileirão, da Libertadores e da Liga dos Campeões. Mas acompanho todas as divisões do Paulista, a Copa Paulista, adoro a Série B, C e D do brasileiro. Sou comentarista e não posso me dar ao luxo de assistir somente as melhores partidas e competições. Preciso e gosto de ver tudo! E a Copa do Mundo do Brasil será alegre, atrativa e, infelizmente, repleta de superfaturamentos em obras, como mostra a maioria dos estádios, e sem a infraestrutura necessária em todos os aeroportos. Uma pena!

Jogada De Efeito: A pergunta que não podia faltar: quem são, na sua opinião, os melhores jogadores de cada posição na atualidade? Pode escalar o seu "time dos sonhos" com a tática que preferir.

Luiz Ademar: Time dos jogadores que vi em ação. Nasci em 68 e passei a acompanhar futebol de 75 em diante. Portanto, a minha seleção, só com jogadores brasileiros, é a seguinte:
Rogério Ceni; Leandro (Flamengo), Oscar, Dario Pereyra e Júnior (Flamengo); Falcão, Sócrates e Zico; Careca, Romário e Ronaldo. Técnico: Telê Santana.
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o "Doutor Sócrates", foi lembrado por Luiz Ademar na escalação de seu "time dos sonhos".
 
Então é isso... fica aqui registrado o agradecimento ao Luiz Ademar, que contribuiu gentilmente para esse espaço. A todos vocês, Feliz Dia Das Crianças!

(entrevista concluída em 1º de outubro de 2012)


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