quinta-feira, 12 de julho de 2012

Palmeiras "Imita" Corinthians E Também É Campeão Invicto


Havia sido em 2008 o último título palmeirense, então campeão estadual. Extrapolando as fronteiras de São Paulo, datava do ano 2000 o troféu mais recente (a extinta Copa dos Campeões). Mas nessa quarta-feira, onze de julho de dois mil e doze, o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil e fez a alegria de seus torcedores, o que deve transformar um clima tenso entre as partes em uma "lua-de-mel" sem data para terminar.

Para valorizar ainda mais o feito dos comandados de Luiz Felipe Scolari, a equipe foi para campo no estádio Couto Pereira desfalcada de Valdívia (suspenso após ser expulso por agressão na partida de ida) e Barcos (operado e ausente também no primeiro jogo da final). E, convenhamos, não é nada simples suportar a pressão do Coritiba naquele estádio, ainda mais quando o público comparece em peso e proporciona linda festa, como a que foi vista antes de a bola rolar.

Acontece que nem tudo foram flores nesse cenário de conquista. Na primeira partida, em Barueri, um erro flagrante da arbitragem de Wilton Pereira Sampaio prejudicou o time paranaense, que tinha um pênalti para bater e poderia caminhar em direção a um resultado menos desfavorável naquela noite de quinta-feira. Uma penalidade muito menos evidente foi marcada a favor do Palmeiras, o que coloca em dúvida a idoneidade do cidadão escalado para arbitrar. Quem apitou o jogo de volta foi Sandro Meira Ricci, personagem central da fatídica partida entre Corinthians e Cruzeiro, no Campeonato Brasileiro 2010, quando beneficiou por diversas vezes a equipe da casa, que venceu por 1a0 com um gol de pênalti aos quarenta minutos do segundo tempo (a partida envolvia duas equipes que disputavam o título no torneio e acabou beneficiando o Fluminense, campeão naquele ano). Embora não seja objetivo nesse texto ficar levantando suspeitas sobre o mérito palmeirense, não é nada legal ver tudo isso acontecendo envolvendo um torneio e uma equipe campeã detentoras de um mesmo patrocinador...

O jogo

O encontro no Couto Pereira envolvia duas equipes alviverdes com o mesmo objetivo: o título. O Coritiba, que disputou a final em 2011, queria voltar a faturar um título nacional após 27 anos (foi campeão brasileiro em 1985). O Palmeiras, com tantos títulos nacionais, buscava encerrar um período de 12 anos sem faturar nada fora dos limites estaduais. De diferente entre os times, era a postura para alcançar tal objetivo em comum.

Enquanto o Coritiba tinha a necessidade de sair para o jogo e correr atrás de um prejuízo de dois gols, o Palmeiras focava em se defender e explorar os contra-ataques. Uma falta cometida com quatro segundos de bola rolando dá uma idéia de como foi isso, embora o time visitante não tenha sido necessariamente violento ao longo do jogo. Jogo esse que teve sua qualidade reduzida por um gramado em más condições (muitos trechos estavam empoçados) e, talvez por isso, jogadores talentosos como Tcheco e Daniel Carvalho acabaram tendo desempenho muito aquém do que deles se espera, comprometendo a capacidade criativa de ambos os times, que eram mais perigosos em lances de bola parada do que em jogadas envolvendo trocas de passes.

Após um primeiro tempo de mais transpiração do que inspiração, Marcelo Oliveira mexeu na equipe da casa no intervalo, colocando Ayrton no lugar de Jonas. E foi de Ayrton o gol que inaugurou o placar no estádio Couto Pereira: através de uma cobrança de falta aos dezesseis minutos, o lateral colocou a bola no canto direito, marcando 1a0 para o Coritiba e proporcionando uma explosão de alegria nas arquibancadas.

A entrada do meio-campista Lincoln, ex-Palmeiras, ocorreu no minuto anterior ao primeiro gol (entrara no lugar do volante Sérgio Manoel) e pode-se dizer que sua participação foi ativa na partida - a começar pelo próprio lance do gol, pois foi ele quem sofreu a falta cobrada por Ayrton. Buscando jogo, o atleta com passagem pelo Schalke 04 se movimentava e era bastante acionado pelos companheiros. Talvez por sentir o clima da final, talvez por alguma coisa originada em sua passagem pelo Parque Antarctica, Lincoln acabou se envolvendo em algumas confusões com jogadores adversários. Numa delas, colocou a bola no rosto de Marcos Assunção, em desentendimento que poderia tranqüilamente resultar em expulsão.

Ambos os jogadores permaneceram em campo (foram advertidos com cartão amarelo) e, dos pés de Assunção, teve início o gol de empate: cobrando falta pelo lado direito, o homem das bolas paradas colocou a redonda na medida para Betinho, que cabeceou no canto direito sem dar possibilidade de defesa para Vanderlei. 1a1 aos vinte e cinco minutos do segundo tempo, festa palmeirense no Paraná e o sentimento de que o título estava mais perto do Palestra do que nunca.

Obrigado a marcar pelo menos três gols, o Coritiba não tinha muito o que fazer a não ser atacar. A entrada de Ânderson Aquino no lugar de Roberto aumentou as opções ofensivas da equipe da casa, mas nem por isso foi estabelecida uma forte pressão sobre a meta defendida pelo goleiro Bruno. Aliás, esse goleiro Bruno merece algumas considerações mais extensas: com 28 anos de idade (13 de Palmeiras), Bruno Corez Cardoso é daqueles arqueiros que dão seqüência ao ótimo trabalho que o Palmeiras faz com relação aos goleiros. Não que devamos colocá-lo à altura de Veloso, Sérgio, Marcos, Diego Cavalieri ou Deola, mas é digno de dizer que Bruno é mais um fruto comum a uma mesma árvore, que a instituição mostra saber como regar.

Aparentemente sem forças nem inspiração para passar pela linha de defesa adversária e, nos raros momentos em que isso acontecia, sem poder para superar o goleiro Bruno, o Coritiba sucumbiu pela segunda vez seguida numa final de Copa do Brasil. Ano passado, pressionou enormemente o Vasco e só não faturou o título por detalhe. Dessa vez, esbarrou na arbitragem tendenciosa no jogo de ida e na solidez palmeirense no jogo de volta, além do gramado para lá de horroroso, destoando de tudo o que foi visto nas arquibancadas.

Garantido na próxima edição da Copa Libertadores da América, o Palmeiras tem agora um ingrediente fundamental para dar seqüência a um trabalho: paz. Afinal, nada como um título nacional para acalmar os ânimos no ambiente conturbado. Mas é necessário ponderarmos as coisas: nem toda derrota é sinal de que as coisas vão mal e nem toda vitória é sinal de que as coisas vão bem. Em paz, pelo menos, tudo fica mais claro.

P.S.: curiosamente, o Corinthians foi campeão na Libertadores e o Palmeiras na Copa do Brasil vencendo o adversário por 2a0 no jogo em São Paulo e empatando em 1a1 no campo oponente. Invencibilidades e títulos que merecem ser festejados, aos dois primeiros times garantidos na próxima Libertadores.

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