quarta-feira, 4 de abril de 2012

Barcelona Passa Pelo Milan E Avança Na Liga Dos Campeões Da Europa

Deu Barcelona no duelo de gigantes na fase quartas-de-final na Liga dos Campeões da Europa 2011-2. O duelo disputado no Camp Nou teve gols, pênaltis, alternativas. E, no final das contas, venceu a equipe que se mostrou mais apta a buscar o gol. Diria até mais: venceu o time que defende um estilo de jogar futebol. O Milan até resistiu bastante, mas para o bem do esporte, o foco defensivista de Massimiliano Allegri sucumbiu ao futebol total de Josep Guardiola.

Na soma dos 180 minutos, o Barcelona só conseguiu fazer um gol de bola rolando (Andrés Iniesta, aos sete minutos do segundo tempo deste segundo jogo). Não é que o Barça não tenha criado, muito pelo contrário, mas o Milan, mesmo desfalcado de Thiago Silva e Mark van Bommel, conseguiu jogar de forma muito concentrada e minimizar os erros diante de um adversário tão encaixado. Às vezes recorreu a cometer faltas (duas delas dentro da área), às vezes foi salvo pelo goleiro Christian Abbiati, às vezes teve a sorte de as finalizações barcelonistas não entrarem por detalhes e muitas vezes conseguiu bloquear as investidas através de um sólido sistema defensivo. Mas, repetindo o dito no parágrafo anterior, venceu a equipe que se mostrou mais apta a buscar o gol. Felizmente.

O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)

Os times foram a campo de maneira parecida com o utilizado inicialmente na partida de ida, em Milão. No Barcelona, Francesc Fàbregas (que estava contundido e por isso não atuou na Itália) reassumiu a titularidade no Camp Nou (Seydou Keita foi para a reserva) enquanto Isaac Cuenca, que sequer havia sido relacionado para o jogo em San Siro, foi escalado entre os onze iniciais (o chileno Alexis Sánchez ficou no banco). Já no Milan, a única mudança foi Ignazio Abate titular na posição ocupada por Daniele Bonera no estádio Giuseppe Meazza. E se as formações se pareciam, o jeito de jogar também foi semelhante. Só que dessa vez o Barcelona teve a felicidade de, logo no começo, conseguir tirar o zero do placar.

Antes de balançar a rede, o Barcelona teve duas boas chances de balançar a rede. Aos quatro minutos, a equipe saiu em contra-ataque com Lionel Messi, que partiu desde a metade do gramado, arrancou driblando quem se colocasse no caminho até o gol, chutou e parou em defesa de Abbiati. Aos seis minutos, linda jogada do Barça: Daniel Alves começou uma triangulação passando para Francesc Fàbregas e o camisa quatro tratou de servir Messi. O craque argentino recebeu e no domínio já preparou a bola pra finalização, mas a redonda passou caprichosamente ao lado da trave direita. Seria um golaço, com a cara desse Barcelona de Guardiola. Aos nove minutos, teve origem o primeiro gol Azul-grená: Messi tirou a bola de Philippe Mexès, avançou pela esquerda e centralizou o lance com passe para Xavi Hernández. Luca Antonini conseguiu desarmar parcialmente mas acabou perdendo a bola para Messi, que sofreu pênalti do camisa setenta e sete italiano. Com uma cobrança rasteira e precisa, Messi pôs a bola no quadrante onze, sem defesa para Abbiati, que saltou exatamente para aquele canto mas não alcançou o objeto esférico. 1a0.

O gol dava a certeza de que o duelo seria definido no tempo regulamentar (somente novo zero a zero levaria a partida para prorrogação). Isto é, o Milan precisava atacar. Kevin-Prince Boateng teve chance pelo lado esquerdo, mas teve o ângulo fechado pela boa saída de Victor Valdés e chutou para fora, aos doze minutos. O Barcelona marcava muito bem, dificultando a saída de bola milanista. Quando o Rossonero passava do meio-campo, esbarrava nos gigantes Javier Mascherano, Gerrard Piqué e Carles Puyol, na maioria das vezes soberanos nos lances que participavam. Robinho se deslocava bem e era um elemento que conseguia, na medida do possível, arrancar algum espaço na defesa barcelonista. Zlatan Ibrahimovic, ao contrário, atravancava as jogadas ao segurar demais a bola e não conseguir se desvencilhar da parede que se formava para proteger a meta de Valdés. Mas, aos trinta e dois minutos, o sueco recebeu toque de Robinho e descolou ótimo passe para Antonio Nocerino. Livre e na cara do gol, Nocerino não desperdiçou e chutou rasteiro, cruzado, no canto direito, empatando a partida e colocando o Milan em vantagem no confronto.

O Barça não demorou a reestabelecer o domínio territorial na partida, mas carecia de jogadas de penetração e optava por remates de fora da área. Aos trinta e cinco minutos, Abbiati espalmou chute de Xavi. Aos trinta e sete, Cesc Fàbregas foi quem finalizou e Abbiati encaixou. Aos trinta e oito, tentou e a bola desviou, saindo em escanteio. E foi aí que teve origem o segundo pênalti e segundo gol barcelonistas: após o levantamento de Xavi, a arbitragem holandesa comandada por Bjorn Kuipers flagrou puxão do experiente Alessandro Nesta em Sergio Busquets, naquela típica infração tão reincidente porém tão ignorada pela maioria dos apitadores. O fato é que a penalidade aconteceu, foi marcada e Messi tratou de converter em gol - dessa vez, a fera mandou a bola no canto esquerdo, surpreendendo Abbiati, que saltou novamente para a direita. 2a1 Barcelona, 14º gol de Messi nessa edição de Liga dos Campeões, igualando recorde histórico de Altafini, que marcou também catorze vezes na edição 1962-3.

Após um primeiro tempo com três gols e muita movimentação, a segunda etapa começou intensa. Logo no primeiro minuto, Ibrahimovic e Mascherano caíram na área em disputa de bola e Kuipers achou melhor deixar o jogo seguir, não apitando nem uma eventual falta do sueco no argentino nem um possível pênalti do argentino no sueco - achei que o holandês fez bem em tomar essa decisão, porque nem o replay me passou certeza de haver um responsável pela queda de ambos os jogadores. Aos sete minutos, saiu o terceiro gol do Barcelona: Messi chutou, Mexès conseguiu travar e a bola prensada foi ao encontro de Iniesta. Abate, que poderia tentar dar combate, preferiu investir num pedido de impedimento (que não havia), e facilitou o trabalho do camisa oito, que chutou no canto direito, tirando de Abbiati e estufando a rede. 3a1 Barcelona.

O jogo era intenso nas jogadas e também nas discussões, com Boateng protagonizando um momento de destempero e sendo acalmado por Daniel Alves. Boateng que, aos catorze, apareceu livre após cobrança de escanteio e cabeceou para fora.

Se Clarence Seedorf foi talvez o maior destaque no jogo de ida, as coisas pareciam não acontecer da melhor maneira para o camisa dez milanista dessa partida de volta. Até passes simples o experiente meia surinamês estava errando. Aos quinze minutos, Allegri trocou a fera por Alberto Aquilani. Naquele mesmo minuto, o Milan teve grande oportunidade de marcar um gol que, provavelmente, daria novo ânimo para a equipe visitante tentar retomar a vantagem: Robinho recuperou a bola, avançou e teve o chute rasteiro rebatido por Valdés. Na seqüência do lance, o Milan teria chance de finalizar novamente (e com o goleiro fora de posição), mas o árbitro marcou toque de mão inexistente do brasileiro, que reclamou com razão. Depois desse lance, não lembro de nenhum outro ataque do Milan que tenha colocado a meta de Valdés em risco. Guardiola trocou Xavi por Thiago Alcântara (aos dezessete), Piqué por Adriano (aos vinte e nove) e Cesc por Keyta (aos trinta e dois). Allegri, que precisava de dois gols improváveis, nem por isso teve audácia tática, trocando Boateng por Alexandre Pato, aos vinte e quatro. E o brasileiro não ficou nem catorze minutos em campo, deixando a partida aos trinta e dois para a entrada de Máxi López - preocupante a condição física de Pato, que vem acumulando lesões ao longo de sua passagem pelo Milan.

O Barça teve pelo menos duas grandes chances de colocar 4a1 no placar, mas desperdiçou ambas com chutes para fora (um de Thiago Alcântara, aos vinte e três, e outro de Adriano, aos quarenta e um minutos). O Milan, que na maior parte do confronto foi digno de elogios pelo sistema defensivo comandado pela proteção de Massimo Ambrosini e o vigor e entrega da dupla Nesta-Mexès, passa a concentrar seus esforços no Campeonato Italiano, onde lidera seguido de perto pela invicta Juventus. Ao Blaugrana, a Tríplice Coroa é um sonho possível, viável e merecido. Mas há muita coisa pela frente para se tornar um fato. Em tempo: essa é a quinta semifinal consecutiva do Barcelona na Liga dos Campeões da Europa.

Outro resultado

Bayern de Munique 2a0 Olympique de Marselha (4a0 na soma dos resultados)

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