quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Medo De Ser Feliz Custa 2 Pontos Ao Manchester City

A partida em que a equipe de ataque menos efetivo recebeu a defesa menos vazada terminou empatada. Zero a zero? Nada disso: foram 4 gols no estádio St. Andrew's - e olha que estavam em campo aqueles que considero os dois melhores goleiros ingleses na atualidade (Ben Foster e Joe Hart).

O Manchester City, que ficou por duas vezes em vantagem no placar, acabou se acovardando e sendo castigado pelo Birmingham, que foi buscar a igualdade no marcador diante de seus torcedores. O resultado diminui as chances dos "Citizens" arrancarem em direção ao título na "Premiership" e mantém o Birmingham próximo da zona de rebaixamento.

O jogo

O goleiro Ben Foster já teve trabalho aos 2 minutos de jogo quando caiu bem para interceptar um passe rasteiro em jogada de linha-de-fundo. Porém, no minuto seguinte, nada poderia fazer para impedir o gol adversário: em jogada iniciada com passe de Nigel de Jong para Carlos Alberto Tévez, David Silva recebeu de Carlitos, fez bonita jogada individual driblando Liam Ridgewell e a bola voltou no argentino que, escapando de Martin Jiranek, chutou cruzado uma bola que resvalou no próprio Jiranek e entrou lentamente no canto direito, abrindo a contagem para o time visitante.

Ganhando por 1a0 fora de casa, contando com a defesa menos vazada e diante do ataque menos efetivo da competição. Parece que esse cenário convidou o time do Manchester City a diminuir o ritmo e acreditar que já estava construído o resultado que lhe daria mais 3 pontos. Não que eu concorde com isso (muito pelo contrário, acho que a superioridade técnica deve se fazer valer com postura ofensiva e buscando o gol, independente do placar), mas tudo indica que o raciocínio do treinador italiano Roberto Mancini era o de que, por estar na frente no placar, o negócio agora é se defender.

Com campo para percorrer, o Birmingham chegava principalmente pelo lado direito, setor por onde David Bentley e Stephen Carr criaram jogadas agudas, uma finalizada com cabeceio de Cameron Jerome para fora aos 12 minutos e outra concluída por Nikola Zigic em chute defendido pelo goleiro Joe Hart aos 15 minutos. Mas seria pela esquerda que viria o gol de empate: aos 22 minutos, a cobrança de falta veio e a marcação dos Citizens falhou, permitindo que Zigic, em liberdade, desse leve desvio para tirar de Joe Hart e mandar pra rede.

Com o empate reestabelecido, o Manchester City voltou a buscar o gol. Aos 28 minutos, David Silva recuperou a posse de bola no campo de ataque, passou para Gareth Barry e este tocou para Edin Dzeko: bem marcado, o bósnio ex-Wolfsburg decidiu chutar assim mesmo e mandou a bola para fora, à direita. Aos 30 minutos, em lance onde Micah Richards esbanjou disposição para afastar a bola com um cabeceio, o lateral direito acabou se chocando com o companheiro de equipe De Jong. O saldo da colisão foi impressionante: o holandês precisou enfaixar a cabeça após um corte e Richards deixou o campo imobilizado na maca, aparentemente desacordado, em imagem tão forte que a geradora da transmissão televisiva evitou ficar mostrando. Após 6 minutos com o jogo parado para atendimento ao jogador, Kolo Touré entrou em seu lugar.
Boateng observa Richards e De Jong sentindo dores após o choque de cabeça: susto grande no estádio St. Andrew's.

Após tomar o gol de empate e ver um colega de time sair de campo naquelas condições, o City finalmente voltou a ter um motivo para comemorar: aos 40 minutos, Aleksandar Kolarov cobrou com precisão uma falta sofrida por Dzeko e, tirando da barreira, conseguiu também tirar de Hart sem tirar do gol, colocando na gaveta e desempatando a partida. Cabe dizer que Carlitos Tévez, posicionado na cobrança como quem fosse mandar por cima da barreira, acabou participando do gol, pois sua movimentação simulando que ele realizaria a cobrança acabou retardando o deslocamento de Hart.

No intervalo, Roberto Mancini trocou de volante: saiu De Jong para a entrada de Patrick Vieira. Não sei se o holandês saiu por causa daquela lesão na cabeça, se por causa do cartão amarelo recebido aos 26 minutos ou se simplesmente por opção tática do treinador. O fato é que, como vocês verão mais tarde, a entrada de Vieira acabou sendo desastrosa para o Manchester City.

Empurrado pela torcida e atraído pelo encolhido adversário que voltou a se acomodar com a vantagem no placar, o Birmingham retornou ao domínio territorial da partida. Aos 5 minutos, Vincent Kompany foi enganado pelo quique da bola e Bentley, mais esperto, tratou de emendar um chute de fora da área e jogou a bola perto do travessão. Aos 9 minutos, Lee Bowyer lançou com precisão Bentley na direita e de lá saiu um cruzamento. A jogada terminaria sendo salva por Kolo Touré em cima da linha, mas antes disso a arbitragem marcou infração a favor do Manchester City, invalidando a seqüência do lance.

Na marca de 15 minutos, dois fatos curiosos aconteceram. Primeiro foi a disputa de bola entre Jerome e Touré: o marfinense foi de carrinho para recuperar a bola e acabou levando pisão involuntário na canela. Como resultado, o jogador do Birmingham ficou sentindo o pé e o do Manchester City a canela. Felizmente, nada grave (já basta aquele lance envolvendo Micah Richards e Nigel De Jong). O outro foi que, aproveitando o jogo parado para atendimento aos atletas, Roberto Mancini passou orientações para Jérôme Boateng. Não seria nada demais não fosse a forma escolhida pelo treinador: um papelzinho entregue em mãos! O que estava escrito ali eu não faço idéia, mas o fato é que Boateng livrou-se depressa do pedaço de papel e o descartou no gramado, com Mancini abaixando-se para recolhê-lo. Se foi um convite para jantar depois do jogo, tudo leva a crer que o lateral recusou.

Voltando ao futebol, aos 21 minutos o City teve uma chegada ao ataque onde considero ter ocorrido pênalti: James Milner cruzou da direita e Stephen Carr realizou o corte dentro da área com o braço direito escancaradamente aberto. O árbitro Kevin Friend entendeu como lance normal. Aos 24 minutos, Alex Mc Leish trocou de atacante: saiu Jerome e entrou o experiente Kevin Mark Phillips. Dois minutos depois, David Silva deu enfiada de bola para Tévez e o argentino ficou cara-a-cara com o goleiro. Mas não era um goleiro qualquer: naquele momento, (Big) Ben Foster honrou a torre de Londres com a qual faço o trocadilho e se agigantou para bloquear a finalização de Carlitos.

Para não deixar dúvidas de que o Birmingham queria buscar o resultado, McLeish tirou o meio-campista Lee Bowyer para colocar o chileno Jean Beausejour, jogador que muitas das vezes se apresenta como um atacante. Aos 30 minutos (1 minuto após a mexida), veio a recompensa: Kevin Phillips escapou de Kolarov e foi derrubado por Patrick Vieira na grande área. Era um lance onde as chances do Birmingham arrumar uma finalização eram poucas, mas o francês acabou dando ao adversário um pênalti praticamente de presente. No minuto seguinte, Craig Gardner desembrulhou o pacote e abriu a embalagem mandando a bola no quadrante 2, empatando a partida novamente. Joe Hart até acertou o canto, mas a redonda foi numa zona de remotas possibilidades de defesa.

A partir de então, a partida foi se arrastando e, lá pro final, cada time teve uma chance de chegar à vitória. Aos 44 minutos, Kevin-Phillips levantou e chutou de fora da área, só não marcando um golaço porque Hart conseguiu dar um tapa para mandar em escanteio. Aos 48 minutos, Tévez cavou uma falta. O árbitro prometeu jogo até os 49 e estava ali a bola do jogo. Kolarov, que tinha encaçapado uma cobrança aos 3 minutos, foi novamente o encarregado. E o chute passou perto, muito perto da quina direita. Foi o suspiro derradeiro - para uns de lamento, para outros de alívio - antes do apito final.

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