quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Time De Volantes Não Vai Pra Frente: Já Era, Dunga!

Ano de 2011 pedindo passagem, 2010 se despedindo e cá está o Jogada De Efeito para uma nova postagem especial(íssima) de caráter retrospectivo. Depois de falarmos da sensacional geração espanhola, campeã do mundo na África do Sul, é chegado o momento de "cutucar a ferida" brasileira. Boa leitura a todos!
Charge lembrando a escolha de Dunga por não levar Ronaldinho Gaúcho, bem no Milan, ao Mundial. O "reserva de Kaká" acabou sendo o combativo Júlio Baptista, suplente na Roma.

Após a queda nas quartas-de-final na Copa 2006, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, decidiu fazer uma aposta. Saía o experiente conhecedor de futebol e campeão mundial em 1994 Carlos Alberto Parreira para a entrada do capitão daquela conquista nos Estados Unidos, Dunga, que teria seu primeiro trabalho como treinador.

A Era Dunga desembarcou na África do Sul altamente confiante: carregava na bagagem o primeiro lugar em todas as competições que até então havia disputado (Copa América, Copa das Confederações e Eliminatórias para a Copa do Mundo). Se em 2006 a seleção comandada por Parreira contava com diversos talentos individuais escalados juntos (o quase divinizado "quadrado mágico" serve de exemplo), o time de Dunga era recheado de atletas de marcação, com características mais focadas no combate do que na criação. Mas a população brasileira, no geral, pensava algo como: "tudo bem, afinal, o time de Parreira foi apático na Alemanha e o time do Dunga mostra um ímpeto pela vitória que certamente nos levará ao hexa". Alguns defendiam a convocação de Dunga (e Jorginho) com um pensamento que ficou clichê: "ele está levando quem ele confia".

Sob um clima conflitivo com a classe jornalista - incluindo bate-bocas ásperos em entrevistas coletivas -, o Brasil terminou a primeira fase do Mundial na primeira colocação no grupo G, com duas vitórias (2a1 na Coréia do Norte e 3a1 na Costa do Marfim) e um empate (0a0 com Portugal). Partidas longe de empolgar, principalmente se levarmos em consideração que aquele time que vestia amarelo representava uma nação acostumada a encantar o mundo com desempenhos atraentes e que por muitas vezes caracterizavam diretamente a noção de futebol arte. A arte passava longe do jogo sugerido por Dunga. Sempre foi assim, desde antes do primeiro troféu ser erguido, ainda em 2007. Mas o lugar mais alto do pódio parecia anestesiar o bom senso dos torcedores, que, em alguns casos, chegavam a dizer que Dunga era "bom técnico". Na minha concepção, nem bom, nem técnico.

Mas quem éramos nós para sustentar essa opinião se, na fase de oitavas-de-final, o Brasil goleava o Chile por 3a0? Nesse 3a0, o fato de termos nos tornado a primeira seleção no Mundial a não ser vazada pelo Chile de Marcelo Bielsa deixou evidente que o Brasil poderia jogar tranqüilamente com um único cabeça-de-área sem comprometer o poder de marcação e a proteção à defesa (Felipe Melo, suspenso, não foi utilizado nessa partida e Gilberto Silva deu conta do recado). Mesmo com o sistema defensivo chileno altamente desfalcado (dupla de zaga e volante cumpriam suspensão), o fato é que o desempenho brasileiro agradou. Talvez fosse o que faltava para o negócio deslanchar, o clima conflitivo amenizar e tudo correr bem rumo à final no estádio Soccer City. O Brasil finalmente jogando como seleção brasileira.

Que nada. A face que Dunga colocou naquela seleção foi mostrada para o mundo na partida seguinte, quando um Brasil destemperado emocionalmente foi eliminado pela Holanda com uma justa e incontestável virada na etapa complementar. Felipe Melo, que havia reforçado a seleção com sua ausência diante do Chile, voltou ao time para justificar a desconfiança que perambulava a sua convocação, sendo expulso aos 27 minutos do segundo tempo por agredir Arjen Robben.

Dunga, desesperado, lamenta o que vê em campo: dentro das quatro linhas, o reflexo do treinador.

Com Alemanha, Uruguai, Espanha e Holanda, a Copa seguiu. A casa construída pelos operários de Dunga, ruiu. Aquele que gosta do bom futebol e viu o desenho das semifinais, sorriu. E, imediatamente, Dunga caiu. Para o bem do Brasil.

Abaixo, vídeo bem-humorado que também fez referência à não-convocação de Ronaldinho Gaúcho. Tão logo o vi na internet, adicionei no Orkut como favorito (tá na hora de tirar de lá).

6 comentários:

  1. O dia em que o Brasil chorou e o futebol sorriu. Dunga campeão da Copa do Mundo? Seria terrível para o futebol bem jogado. E a seleção do senhor Carlos Bledorn Verri (nome "verdadeiro" de Dunga) deu adeus à Copa de uma maneira melancólica, feia, reprovável. Não pelo futebol apresentado que digo (apesar de estilo de jogo pouco me agradar), mas sim pela postura de caráter anti desportivo praticada por alguns jogadores. Felipe Melo fez o que muita gente achou que ele faria: besteira. Não preciso nem comentar, já está escrito acima. Robinho estava irreconhecível, nervoso, descontrolado. Quando saiu a convocação, fiquei imaginando o que Dunga faria se precisasse quebrar uma retranca ou virar um jogo. Pois é! Ele tirou Luis Fabiano e colocou Nilmar. E ficou refém daquilo que ele mesmo plantou: a falta de criação. A Holanda virou o jogo e Dunga ficou sem armas para correr atrás do prejuízo (ou digamos armas longe das ideais). Até que foi atrás do empate, e podia ter conseguido, mas a falta de jogadores com poderes de um camisa 10 nato, não dava segurança alguma de que o Brasil jogaria bem e criaria situações de gol de forma encantadora e envolvente.

    É caros leitores, assim o Brasil voltou da África do Sul com uma mancha histórica. Uma seleção destemperada, descontrolada, que de nada acrescentou ao bom futebol. Esperamos novos ares na nossa seleção.

    www.oscraquesnarede.blogspot.com

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  2. Muito bom o texto!!!Apoio tudo o que diz!!

    Acrescento só que o jogo contra a Costa do Marfim foi 3 a 1 e não 3 a 0,como está citado acima...

    De resto,como já disse,excelente.

    Até.

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  3. Bem lembrada a troca de Luís Fabiano por Nilmar, foi a cereja (estragada) no topo do bolo confeccionado por Dunga, bolo esse que desde os ingredientes já me passava a certeza de que não teria um sabor agradável.

    Valeu, Gustavo! Agradeço as palavras e também o toque, acabo de corrigir o placar!

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  4. Coitado do Dunga.Não gosto dele como técnico,nem como jogador.

    abraços!

    fluminensetricolorguerreiro.blogspot.com

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  5. Buenas

    Problema do dunga foi achar qeu se defender bem é garantia de vitória. Mas como poderia ele vencer sem um time pleno. Luis Fabiano é uma anganação total. Kaká não tava jogando nada na copa. E o restante do time é bem fraco.

    O povo por aqui tomou as aliminatórias como referência para avaliar a seleção brasileira.

    Seleções americanas são muito fracas, na primeira seleção boa de verdade que o Brasil enfrentou perdeu.

    Espanha mereceu o título mundial. A fúria mostrou como jogar futebol em uma copa do mundo. Fazia muito tempo que não via uma seleção jogar tão bem em uma copa do mundo.

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  6. Jhennifer, o pior é a CBF oferecer ao Dunga a seleção brasileira como laboratório de um volante que jamais dirigiu uma equipe.

    Hiedo, aquela liderança nas Eliminatórias não me convenceu de nada, até porque era raro ver o Brasil jogando bem. E também acho que o título mundial tenha ficado em ótimas mãos, gostei muito do futebol apresentado pela Espanha.

    Abraços e Feliz 2011 a todos nós!

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