quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Arsenal Esbarra Na Arbitragem E Tropeça No Wigan

O estádio DW vem se tornando a ducha de água fria oficial do Arsenal em suas pretensões de assumir a liderança na Premiership. Na temporada passada, a equipe londrina arrancava alimentando expectativas de alcançar o Chelsea, mas uma derrota por 3a2 (numa virada onde o Arsenal vencia até o 80º minuto por 2a0) frustrou as ambições dos comandados de Arsène Wenger de faturar o caneco inglês. Hoje, no mesmo local, a equipe visitante apresentava um futebol econômico e ia vencendo a partida por 2a1. A situação parecia ficar facilitada quando o francês Charles N'Zogbia foi expulso e deixou o Wigan com um a menos aos 32 minutos do segundo tempo. Mas, três minutos depois, um cabeceio do também francês Sébastien Squillaci contra o próprio patrimônio rendeu a igualdade no marcador e uma nova decepção ao Arsenal de alcançar o líder.

Cabe destacar que, se por um lado o empate foi um castigo ao futebol bem abaixo do visto na convincente vitória sobre o Chelsea por 3a1, o juíz Lee Probert (que era o quarto árbitro no clássico entre Arsenal e Chelsea), acabou influenciando no resultado da partida: marcou um pênalti inexistente em favor do Wigan no primeiro tempo e ignorou uma penalidade para o Arsenal aos 43 minutos da etapa complementar.

Com o resultado, o Wigan sai da zona de descenso e termina o ano de 2010 na 16ª colocação. O Arsenal aparece em 3º, a dois pontos de cada Manchester (tem um jogo a mais que o líder United e um jogo a menos que o vice-líder City).

O jogo

Uma trama de passes que terminou em falta cometida pelo escocês Gary Caldwell no dinamarquês Nicklas Bendtner foi o máximo que o Arsenal produziu de interessante e perigoso nos minutos iniciais de partida. Na cobrança de falta aos 12 minutos, o chute de Bendtner acabou sendo desviado no último homem da parte interna da barreira e saiu para escanteio. A resposta do Wigan se daria quatro minutos mais tarde: em jogada onde só havia gente de nacionalidade francesa, Charles N'Zogbia recebeu no ataque, passou por Abou Diaby e, com a proximidade de Laurent Koscielny, optou por cair dentro da grande área. O árbitro caiu na dele e apitou o pênalti, cobrado por Ben Watson - esse é inglês - no quadrante 6, sem chance de defesa para o goleiro polonês Lukasz Fabianski, que até acertou o canto.

Na marca de 20 minutos, uma bola lançada nas costas de Koscielny quase complicou as coisas para o Arsenal, mas antes que pudesse dar chance ao azar, o zagueiro recuperou-se no lance e cedeu escanteio. A resposta veio em dois minutos: o tcheco Tomas Rosicky chutou firme de fora da área, o goleiro Ali Al Habsi (natural de Omã) rebateu e, na disputa pela segunda bola, Koscielny caiu com a marcação adversária. Dessa vez, Lee Probert mandou seguir.

Com 26 minutos, Diaby deixou o campo indo direto para o vestiário, provavelmente com algum cansaço muscular, e deu lugar para o jovem Jack Wilshere, em substituição que automaticamente aumentaria o poder de criação na meiuca da equipe. O efeito começou a aparecer com algumas chegadas mais trabalhadas, embora em nem todas elas Wilshere participasse ativamente. Aos 39 minutos, veio o empate. Na primeira jogada interessante envolvendo a dupla de atacantes, o marroquino Marouane Chamakh tocou para Nicklas Bendtner, o dinamarquês ajeitou a passada e chutou cruzado: Ali Al Habsi rebateu para seu lado direito e lá a bola encontrou o russo Andrey Arshavin, que pegou de voleio para marcar um belo gol.

4 minutos após marcar o gol de empate, Arshavin apareceria de forma decisiva no gol da virada: o russo recolheu a bola na intermediária, conduziu a redonda e, com um passe de três dedos, serviu Bendtner, que conseguiu já no domínio de bola se desfazer da marcação dupla que o acompanhava no lance. Daí foi ter a frieza que já é bem conhecida no dinamarquês e chutar cruzado, no canto esquerdo, no contrapé de Al Habsi. 2a1 Arsenal.

No último minuto do primeiro tempo, Fabianski trabalhou bem para manter a vantagem até o intervalo. E as equipes voltaram da forma como foram para o vestiário. Aos 12 minutos, o francês Bacary Sagna cruzou da direita e a defesa do Wigan cortou para escanteio. Na cobrança de córner pelo lado direito, Marouane Chamakh subiu livre e cabeceou bem, mandando a bola muito perto da trave esquerda. Aos 18 minutos, um descuido de Sagna na saída de jogo permitiu que Thomas Cleverley chegasse na bola, mas por sorte do francês o chute cruzado foi para fora.

Na marca de 25 minutos, Arshavin voltou a dar o ar de sua graça e protagonizou nova bela jogada: ele iniciou o lance no meio-campo, recebeu de Wilshere e, de frente pro gol, acabou não conseguindo converter a finalização. Percebendo que o Arsenal estava mais perto de marcar o terceiro do que seu time buscar o empate, o treinador espanhol Roberto Martínez decidiu soltar mais o time e, aos 26 minutos, trocou o defensor marfinense Steve Gohouri pelo meio-campista escocês James McArthur. E três minutos após entrar, James McArthur já participaria bem: em contra-ataque, McArthur tabelou com N'Zogbia, o francês escapou do compatriota Koscielny e chutou à meia-altura, parando em defesa de Fabianski.

Na marca de 31 minutos, uma agressão de N'Zogbia em Wilshere (cabeceio na face) rendeu uma justa expulsão ao camisa 10, deixando assim o Wigan em desvantagem numérica. Talvez o cartão vermelho tenha gerado no Arsenal a sensação de que os donos da casa já não teriam forças para buscar o empate. Se isso realmente ocorreu, um escanteio aos 35 minutos provou o contrário: a bola cobrada por Watson viajou da esquerda para a direita até encontrar a cabeça do colombiano Hugo Rodallega Martínez, que centralizou pra pequena área e o monte de jogadores vestindo amarelo assistiu a disputa entre Caldwell e Squillaci, que terminou em gol contra do zagueiro francês. Nas estatísticas, Squillaci acaba aparecendo como suposto vilão, mas o fato é que ele foi o único jogador do Arsenal que estava com posicionamento aceitável na jogada, quando os demais acompanhavam passivamente a trajetória da bola, incluindo o goleiro Lukasz Fabianksi.

Para correr atrás do prejuízo, Arsène Wenger colocou em campo Theo Walcott e Samir Nasri nos lugares de Arshavin e Wilshere. Vamos combinar que a saída de Arshavin é de difícil compreensão, notadamente observando-se que Emmanuel Eboué tinha participação pra lá de discreta (como brincou um amigo que assitiu o jogo comigo, o marfinense "aparecia a cada trinta minutos").

Logo após entrar, Walcott já bagunçava o sistema defensivo do Wigan e caiu na área em novo lance duvidoso que acabou em tiro-de-meta. Aos 40 minutos, Roberto Martínez trocou de zagueiro: saiu o holandês Ronnie Stam (não confundir com o lendário Jaap Stam) para a entrada do hondurenho Maynor Figueroa. 2 minutos depois, o francês Nasri deu passe curto que saiu lascado mas acabou chegando em Bendtner: tão logo o dinamarquês pegou na bola, sofreu falta. Na cobrança, a bola foi ao braço esticado de um dos homens postados na barreira: pênalti. Mas não para Lee Probert, que ignorou solenemente o que poderia ser a bola do jogo.

Na base do desespero, o Arsenal ainda conseguiu uma jogada aguda aos 46 minutos: Nasri abriu com Sagna na direita, que cruzou com a perna esquerda. A bola viajou e acabou sendo disputada por Squillaci e Bendtner, um atrapalhando o outro e levando a jogada para a linha final. No minuto seguinte ainda houve um cabeceio de Bendtner que foi encaixado por Al Habsi. Nada que pudesse evitar o tropeço. Melhor pro Wigan.

Outros resultados

Ontem

Manchester City (2º) 4a0 (15º) Aston Villa
Stoke City (10º) 0a2 (18º) Fulham
Sunderland (7º) 0a2 (8º) Blackpool
Tottenham (5º) 2a0 (13º) Newcastle
West Bromwich (14º) 1a3 (9º) Blackburn
West Ham (20º) 1a1 (11º) Everton
Birmingham (17º) 1a1 (1º) Manchester United

Hoje

Chelsea (4º) 1a0 (6º) Bolton
Liverpool (12º) 0a1 (19º) Wolverhampton

A Premiership deseja a todos um feliz ano novo e, como a bola não fica muito tempo parada na Terra da Rainha, já retorna com oito jogos no dia 1º de janeiro de 2011.

7 comentários:

  1. Interessante a matéria. Bem detalhada. Hoje o senhor Arsene Wenger, que você tanto admira (eu também, mas o conheço menos), vacilou. Esclaou mal, demorou e mexer e ainda trocou jogadores (em minha opinião) equivocadamente. Resultado disso tudo? Menos dois pontos na conta dos Gunners. Abraços e até 2011, caso você não invente algum campeonato hondurenho ou panamenho para fazer uma postagem, pois dos que eu tneho conhecimento, não há futebol até a virada do ano.

    PS: Obrigado por dizer que meu Blog está com Layout que parece época de Carnaval!

    WWW.OSCRAQUESNAREDE.BLOGSPOT.CO

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  2. A escalação dessa partida precisa levar em conta o fato de a equipe ter jogado 90 minutos com o Chelsea a menos de 48 horas. Considerando que a rotação no plantel era necessária, o que acho correto contestarmos é a saída de Arshavin em vez de um jogador com menos presença de ataque, já que o objetivo do Arsenal naquele momento era o de marcar gol. De toda forma, não percamos o foco no quanto o resultado foi influenciado pelas decisões da arbitragem, independentemente de o Arsenal ter jogado isto ou aquilo.

    Quantos aos outros campeonatos, não tenho informações referentes às ligas de Honduras ou Panamá, mas há partidas agendadas em campeonatos como o belga, o indiano, a Série D italiana etc. Difícil é achar quem transmita alguma dessas partidas!

    O leiáuti carnavalesco poderia ser mostrado para algumas agremiações do Rio de Janeiro, talvez você consiga uma carreira como auxiliar no barracão.

    Abraços.

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  3. A rotação dos jogadores para essa partid aé compreensível (aliás, flata de senso dos organizadores colocarem aprtidas tão expremidas), mas o fato é: O Narsi e o Walcott entraram aos 37, será que não poderiam ter entrado aos 20? Me parece que o Wenger tentou poupar ao máximo esses jogadores, mas quando viu o resultado resolveu mexer na equipe. Não conseguiu a vitória, nem conseguiu o descanso pleno de Nasri, Walcott e Diaby (jogadores que entraram no decorrer da partida)

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  4. Realmente, o "pênalti" do Koscielny em cima do N'Zogbia não existiu e aquele pênalti, aos 43 do 2º tempo, o juizão ignorou. O Arsenal teria vencido se não fosse o árbitro.

    Abraços e Feliz Ano Novo!

    Jogos Arsenal FC.

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  5. Exato, creio que a intenção de Wenger era a de preservar a integridade física dos atletas. E veja você: depois de amanhã o time pega o Birmingham fora de casa!

    Não sei qual foi a lesão que tirou Abou Diaby de campo (me pareceu muscular), mas cabe lembrar que ele nem era titular diante do Chelsea e "agüentou" não mais que 26 minutos diante do Wigan.

    Exato, Rafael Rocha! Na Série A italiana já vi diversos pênaltis assinalados por toques muito mais discretos de mão de jogador na barreira. Será que a regra varia de país para país?

    Abraços e Feliz Ano Novo!

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  6. Pois é o time estava desentrosado mesmo mas acho que Wenger fez bem em poupar alguns jogadores. Só não concordo com as oito mundanças poderia ter deixado pelo menos Nasri ou Theo desde o começo e fizessa a substituição depois. Ficamos sem muita referência no meio campo tanto que o time só engrenou depois que o Wilshere entrou, dando mais mobilidade a equipe.
    Pelo o que os dois times fizeram acho que o empate foi o mais justo. Tivemos chance de matar o jogo, poxa com um a mais esperava mais dos gunners. Mas enfim, com a mãozinha do árbitro não pudemos levar os três pontos. Ano Novo chegando ainda temos chances de ganhar esse campeonato. Bora gooners e gunners!!
    Excelente post também ^^

    Abraços xD
    @kts_gunner

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  7. Oito mudanças numa tacada só é realmente impactante. Com o elenco bem fisicamente (o que é difícil com tanto jogo em seqüência) e aquela postura vista diante do Chelsea, o Arsenal estará firme e forte na disputa pelo caneco.

    Abraços e que venha 2011!

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