domingo, 4 de julho de 2010

Arrasadora Alemanha Atropela Argentina


A envolvente seleção convocada por Diego Armando Maradona não foi capaz de penetrar na bem postada defesa alemã. De quebra, para não deixar dúvidas quanto ao mérito da classificação dos comandados de Joachim Löw, a Alemanha era absoluta quando detinha a posse de bola e aniquiladora quando saía em contra-ataques.

O 4a0 conquistado na Cidade do Cabo, diante de 64100 espectadores e centenas de milhões de telespectadores, não apenas expôs a fragilidade defensiva argentina como, mais do que isso, exaltou uma Alemanha jamais vista na história do futebol e que se apresenta ao mundo com um novo conceito em relação à tradição alemã de como praticar esse esporte apaixonante. É um prazer ver essa Alemanha de Löw jogar.

Gol no comecinho do jogo não abala os argentinos nem ilude os alemães: equipes atacam e defendem da mesma forma como na primeira fase

Aos 57 segundos de jogo, Mirolsav Klose entra forte em Javier Mascherano e comete falta para parar o contra-ataque. Os alemães mais pessimistas poderiam temer que Klose, a exemplo da segunda rodada na fase de grupos, pudesse complicar sua seleção com uma nova expulsão precoce. Mas o árbitro uzbeque Ravshan Irmatov não precisou tirar qualquer cartão do bolso para inibir o atacante de repetir o ato.

Com 2 minutinhos, Bastian Schweinsteiger faz bela inversão da direita para esquerda servindo Lukas Podolski, que tenta o drible em Nicolás Otamendi e acaba sofrendo falta. Schweinsteiger vem para a cobrança, capricha no levantamento e Thomas Müller não precisa de mais do que um desvio sutil com a cabeça, quase imperceptível, para superar o goleiro Sergio Romero. Já estava aberto o marcador. Müller, que tanto aparece com passes e assistências, fazia seu 4º gol na Copa e igualava-se na lista de goleadores com Gonzalo Higuaín, David Villa, Róbert Vittek e Wesley Sneijder.

Aos 5 minutos, em rápida troca de passes, Schweinsteiger recebe de Philipp Lahm e chuta de média-distância, para fora.

3 minutos depois, Lionel Messi se livra de dois no campo de defesa e liga rapidamente o contra-ataque: Ángel Di María recebe na esquerda mas acaba bloqueado por Lahm no momento do cruzamento.

Na marca de 10 minutos, Otamendi chega forte na canela de Arne Friedrich e recebe o primeiro cartão amarelo da partida.

Com 12', a seleção alemã recupera a bola perto da área argentina, Müller rola para Podolski, o camisa 10 chuta e a bola desvia saindo em escanteio. No minuto seguinte, Carlos Tévez enfia para Di María, que pára e cruza rasteiro para Higuaín, mas o camisa 9 não consegue dominar e é desarmado. A Alemanha responde no minuto posterior: Lahm desce pela direita e cruza para Klose, mas Nicolás Burdisso consegue afastar antes que a bola chegasse no atacante.

Aos 21 minutos, Carlitos Tévez toca de lado para Messi e se manda pra área: o camisa 10 faz a enfiada mas Manuel Neuer consegue chegar antes e recolher. 2 minutos depois, a defesa argentina faz um corte parcial, Müller acredita no lance, chega na bola, avança pela direita e passa para Klose, que chuta por cima do travessão.

Na marca de 28', Di María tem a bola pelo lado direito, centraliza o jogo com Messi, que abre no flanco esquerdo com Gabriel Heinze: o lateral chuta e a bola sai à direita. Com 30 minutos, Tévez corta Podolski e sofre falta - Messi cobra por cima da meta. Aos 32', mais Argentina no ataque: Di María encara marcação de Jérôme Boateng, chuta e Neuer encaixa. Aos 34', Otamendi passa para Higuaín, que leva para o pé esquerdo e chuta para defesa de Neuer, no cantinho esquerdo. Na seqüência, Messi e Müller disputam bola e o alemão, com o braço colado ao corpo, toca na Jabulani: Irmatov apitou e ainda deu cartão amarelo para o camisa 13, prestando um desserviço ao futebol, suspendendo-o da próxima partida. Na cobrança, Messi rola pra Tévez, que pisa na bola para Messi chutar e acertar a barreira. No rebote, Heinze enfia para Tévez, livre, dar a assistência para o gol de empate de Higuaín. Mas a arbitragem acertou ao interpretar que Carlitos estava em posição de impedimento.

Com 38 minutos, Podolski recebe e chuta cruzado, perto da trave esquerda. No minuto seguinte, Mascherano recebe após escanteio pela direita, cruza na área e Neuer afasta antes que a bola chegasse em Martín Demichelis. Mais 2 minutos passados e novo lance de perigo: Mesut Özil recebe bola ajeitada por Müller mas chuta por cima.

Aos 43', contra-ataque alemão: Lahm desce pela direita e passa para Müller que, fazendo da perna um taco de sinuca, dá de bico tentando encaçapar a bola na rede argentina, mas a redonda desvia em Burdisso e sai à direita.

Na marca de 44 minutos, Schweinsteiger pega sobra de fora da área e chuta, isolando. No minuto posterior, Messi dribla Schweinsteiger e chuta por cima.

Tal como nas oitavas, Alemanha resolve a parada nos contra-ataques

A Argentina voltou com os mesmos onze jogadores, mas já tratou de impôr um ritmo mais contundente. Porém, do outro lado estava uma muralha móvel, onde os tijolos eram jogadores vestidos de preto.

Com 2 minutos, Di María chuta de canhota, cruzado à meia-altura, e a bola passa perto da trave direita. Aos 8 minutos, Di María cruza da direita, Maximiliano Rodríguez passa de peito e Tévez chuta firme, mas acerta o rosto de Per Mertesacker. No mesmo minuto, Higuaín passa por Friedrich na velocidade pela direita, cruza rasteiro da linha-de-fundo, Neuer espalma pro lado e Sami Khedira recolhe.

Na marca de 14 minutos, Özil passa para Schweinsteiger no centro do comando de ataque, o camisa 7 dá de três-dedos para Lahm no flanco direito, que desce acompanhado por Heinze, cruza e Romero segura.

Aos 17', Tévez chuta de fora da área e Neuer encaixa. No mesmo minuto, Messi abre na esquerda com Higuaín, que chuta fraco e Neuer defende em dois tempos. No minuto seguinte, Messi limpa o lance, chuta prensado e na sobra Lahm tira de carrinho antes de Higuaín.

Não era por falta de empenho que a Argentina não chegava ao empate. Aos 19', Di María carrega pela direita acompanhado por Boateng, chuta e Neuer encaixa.

Com 22 minutos no cronômetro, a Alemanha chegou. Müller recebe de Khedira e, mesmo caído no gramado, dá enfiada desconcertante para Podolski, demontando toda a defesa argentina. O camisa 10 centra consciente para Klose, que se dá ao trabalho de praticamente entrar com bola e tudo para fazer 2a0.


Klose prestes a fazer 2a0, num dos gols mais fáceis de sua carreira.

O show não pode parar. No minuto seguinte, Podolski recebe na esquerda, tenta encobrir Romero, mas o goleiro segura com tranqüilidade.

Aos 24' e aos 26', a primeira substituição em cada seleção. Maradona trocou Otamendi por Javier Pastore e Löw colocou Marcell Jansen no lugar de Boateng.

Na marca de 27 minutos, Özil abre com Jansen, que cruza e Maxi Rodríguez corta para escanteio.

No minuto seguinte, o 3º gol alemão. Schweinsteiger recebe, faz fila se livrando de três adversários, chega à linha-de-fundo e passa atrás para Friedrich completar pra rede.


Dupla de zaga na área adversária para fazer 3a0: "carrossel alemão"?

Naquele momento, Maradona interrompia as instruções que passava para Sergio Agüero. A missão que já era difícil ficava complicadíssima. O camisa 16 entrou no lugar de Di María.

Com 31 minutos, Tévez recebe e chuta por cima. No minuto seguinte, Löw troca Khedira por Toni Kroos.

Aos 34', Mascherano derruba Klose por trás e recebe amarelo (nenhuma menção estratégica ao lance com 57 segundos de jogo, apenas a exposição dos fatos).

Na marca de 35 minutos, Kroos chuta de fora da área e Romero espalma. 3 minutos depois, a 3ª e última alteração na Alemanha: Müller, em nova grande atuação, por Piotr Trochowski.

Com 39', Pastore carrega da esquerda para o centro e chuta à esquerda. 2 minutos depois, Messi clareia, chuta de fora, Schweinsteiger resvala e Neuer encaixa.

Se a Argentina atacava, a Alemanha fazia o quê? Pois é. Aos 43 minutos, em mais um contra-ataque fulminante, os alemães chegaram: Özil recebe na esquerda e cruza para Klose escorar no contrapé de Romero. O 4º da Alemanha na partida. O 13º da Alemanha na Copa 2010. O 2º de Klose na partida. O 4º de Klose na Copa 2010. O 14º do segundo maior artilheiro da história das Copas, igualando a marca de Gerd Müller e ficando a um gol de Ronaldo Nazário.

Aos 45', quase a despedida de Messi da África do Sul acontecia com um gol: o camisa 10 carregou a bola dominada e chutou no canto esquerdo. Mas Neuer encaixou mais uma vez.

Sem dar um pontapé, os argentinos se despedem do Mundial 2010 com essa goleada na bagagem. Maradona abraçou e beijou cada um de seus comandados, tal como fizera nas partidas em que saíra como vencedor. Novamente, a Alemanha nas quartas foi um obstáculo não superado pela Argentina. O futebol agradece a "Don Diego" pela convocação atrativa e pelo futebol valente que os argentinos apresentaram. E agradece também ao revolucionário Joachim Löw, que, mesmo com tantos desfalques antes de iniciar a competição, montou um grande time. Nenhum alemão, hoje, sente a falta de Michael Ballack ou daquele joguinho feio pragmático. Saudades do futebol de outrora quem tem somos nós, brasileiros.


Löw faz anotações enquanto Maradona observa o jogo: uma nova Alemanha diante de nós.

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