terça-feira, 29 de junho de 2010

Paraguai-Japão Separados Pelo Travessão

No segundo duelo de oitavas-de-final entre América do Sul e Ásia, os sul-americanos conseguiram levar seu 4º representante para a próxima fase, ficando pela primeira vez na história das Copas com mais candidatos que a Europa (3) nessa altura do torneio. Os japoneses se despedem de cabeça erguida, jogando sem qualquer temor dos adversários e vendendo muito caro a classificação, definida nos detalhes das penalidades. Os paraguaios festejam o feito inédito de chegarem nas quartas-de-finais do Mundial.

Japão mostra saber jogar sem a bola

A partida que ficaria por mais de duas horas no 0a0 quase teve um gol-relâmpago: com 15 segundos de bola rolando, a defesa paraguaia sai jogando errado, Yoshito Okubo intercepta e chuta à direita do gol de Justo Villar.

Com 1 minuto, Daisuke Matsui dá carrinho feio e escapa de receber um cartão amarelo, que permaneceu no bolso do árbitro belga Frank De Bleeckere.

Aos 2 minutos, Yuichi Komano tem a bola pela direita, chuta de fora da área e Villar encaixa.

Com 4 minutos, Paulo Da Silva deu carrinho por trás em Okubo e Frank De Bleeckere apitou falta, seguindo o critério que demonstrou anteriormente.

Aos 6 minutos, Roque Santa Cruz, aberto pelo canto direito, tenta lançar pra área e a bola volta nele, que domina no peito, cruza, Edgar Benítez e Komano sobem para a disputa mas ninguém leva vantagem no lance e a bola sai em arremesso lateral.

Na marca de 9 minutos, Eiji Kawashima segura bola levantada na área e prontamente faz bom lançamento ligando contra-ataque, mas Matsui não consegue passar pela marcação adversária.

Nos primeiros 15 minutos de jogo já tínhamos o desenho do que aconteceria por praticamente toda a partida: o Paraguai mais tempo com a bola (naquela altura 60% da posse) e o Japão abusando daquilo que tem de melhor, que é a saída em velocidade.

Com 19 minutos, Lucas Barrios toma a iniciativa no comando de ataque, passa e recebe de volta, entra na área, dá bonito giro para se livrar de Komano e também de Yuji Nakazawa, chuta ao gol mas Kawashima consegue bloquear com bela defesa.

No minuto seguinte, uma resposta contundente dos japoneses: Matsui pega de primeira uma sobra de bola no ataque e manda chute de curva que carimba o travessão.

Aos 27', Claudio Morel Rodríguez cobra escanteio pela esquerda, paraguaios e japoneses disputam no ar mas quem vê a bola na sua frente é Roque Santa Cruz, que chuta de canhota perto da trave esquerda. Foi muita sorte e falta dela ao mesmo tempo: a bola quicou na grama pedindo para ser chutada, mas caiu para a perna que não é a preferida do atacante.

Barrios, que já demonstrara talento em outras oportunidades, mostrou mais uma de seu repertório ao dar uma caneta em Makoto Hasebe, aos 32 minutos.

Com 34', Néstor Ortigoza resolve sair jogando carregando a bola perto da própria área, perde a posse para Keisuke Honda e deixa a tarefa de recuperação para a defesa paraguaia, que acaba conseguindo. É o típico lance que sugere aquela bronca: "aí não é lugar pra brincar".

Aos 35', nova entrada faltosa de Da Silva, que dessa vez derrubou Honda, e novamente nada de cartão. Na cobrança, Yasuhito Endo colocou na área e Roque Santa Cruz mergulhou para afastar antes que a bola chegasse em Marcus Túlio Tanaka.

Na marca de 39 minutos, Matsui desce veloz pela direita, toca de lado e Honda chuta de primeira, à direita.

O primeiro tempo terminava com o Paraguai detendo 61% da posse mas vendo o Japão criar as melhores chances.

Técnicos mexem, buscam variações táticas, mas nada de gol

Aos 4 minutos, Ortigoza tabela e recebe de volta dominando no peito, entra na área, abre pra direita visando facilitar o chute mas acaba desarmado. Tudo bem, Ortigoza, melhor perder a bola aí do que lá atrás.

Com 8 minutos, cruzamento da direita no ataque japonês, Enrique Vera afasta de cabeça, Yuto Nagatomo pega a sobra e chuta ao gol: a bola desvia na marcação paraguaia e Villar fica com ela. 2 minutos depois, rápido contra-ataque para o Paraguai: Benítez recebe no lado esquerdo da área, chuta e Nakazawa bloqueia.

De Bleeckere mostrou o 1º cartão amarelo do jogo aos 11', após o toque de mão na bola dado por Matsui na subida com Ortigoza.

Na marca de 12 minutos, Ortigoza dá bela enfiada de bola para Benítez, que cruza rasteiro e Nakazawa corta para a lateral. Morel Rodríguez faz o arremesso para Roque Santa Cruz, recebe de volta, cruza na área mas o cabeceio é defendido por Kawashima. No minuto seguinte, Komano arranca pela direita, tem 3 companheiros na área, mas mostra-se fominha e tenta a finalização, mandado chute torto que sai pela lateral esquerda.

Gerardo Martino fez a primeira substituição paraguaia e também do jogo aos 14 minutos: sai o meia Benítez e entra o atacante Nelson Haedo Valdez, ficando agora com 3 homens de frente, tal como utilizou bastante na fase de grupos.

6 minutos depois, Takeshi Okada também faz sua primeira substituição: sai Matsui, com amarelo, e entra Shinji Okazaki, reforçando a presença de área no ataque japonês - experiência bem-sucedida na partida diante da Dinamarca.

Com 21 minutos, bola levantada a partir do lado direito de ataque paraguaio, Kawashima salta para afastar de soco. Para não dizer que o goleiro não achou nada, ele atingiu o companheiro Túlio Tanaka com uma joelhada no queixo, levando-o ao chão. A contusão parecia grave, mas maior era a determinação de Tanaka em ajudar o Japão, retornando ao campo 2 minutos depois evitando movimentar o braço esquerdo.

Na marca de 25 minutos, Komano passa para Honda, que serve Okazaki - o camisa 9 cruza rasteiro e Ortigoza consegue cortar. No mesmo minuto, quando o Paraguai saía em contra-ataque, Nelson Valdez foi puxado por Nagatomo e o camisa 5 recebeu cartão amarelo (o segundo dele na Copa, suspendendo-o em caso de classificação).

Aos 28' aconteceu algo inusitado: se 7 minutos antes Tanaka era atingido por Kawashima, dessa vez foi o zagueiro que acabou dando encontrão no goleiro. Mas, felizmente, tudo bem com ambos.

Martino sentia o melhor momento do Japão no jogo e promoveu a 2ª substituição na sua seleção, tirando o volante Ortigoza e colocando o meia Édgar Barreto, aos 30 minutos.

3 minutos após a mexida, Valdez passou para Barreto, que chutou de fora e Kawashima encaixou.

Com 35 minutos, Okada respondia ao técnico paraguaio: sai Yuki Abe e entra Kengo Nakamura (não confundir com o camisa 10 Shunsuke Nakamura).

Na marca de 41 minutos, Komano tinha a bola pelo lado direito de ataque mas eis que surge uma segunda Jabulani no gramado, forçando o árbitro a interromper o jogo e reiniciar com bola ao chão. Por "fair play", o Paraguai devolveu a posse.

A última chance do tempo regulamentar foi japonesa: em lance de bola parada, formou-se uma aglomeração na área de Justo Villar aos 46 minutos. Veio o levantamento da direita, deu-se um desvio no meio da área e Tanaka esticou a perna direita tentando completar ao gol, mas não conseguiu alcançar.

Equipes buscam o gol no primeiro tempo da prorrogação

O reinício do jogo após o término do tempo regulamentar teve uma agitação que sugeria a intenção de ambas as seleções em definir a classificação antes das penalidades.

Com 35 segundos, Nakamura recebe bola na direita, põe a bola na área com chute cruzado rasteiro e Antolín Alcáraz corta.

Aos 3 minutos, Martino promoveu a 3ª substituição paraguaia trocando de atacante: Santa Cruz por Óscar Cardozo. No minuto posterior, Valdez passa pra trás, a bola é levantada na área e Barrios nem precisa tirar os pés do chão para cabecear, mas a bola vai direto para defesa de Kawashima.

O Paraguai parecia conseguir, finalmente, conciliar a maior posse de bola (então 70%) com objetividade. Aos 6 minutos, Morel tem a bola pelo lado esquerdo e vai avançando com ela dominada, centralizando a jogada e passando para Valdez, que recebe, se estica para finalizar e chuta para nova defesa de Kawashima, bem no bloqueio.

O Japão respondeu 2 minutos depois em cobrança de falta: Honda bate de três-dedos e o chute cruzado é espalmado por Villar. Com 10', levantamento a partir do lado esquerdo de ataque paraguaio, ninguém finaliza nem ninguém afasta e Barreto tenta marcar dando uma puxada na bola, que vai na rede pelo lado de fora, pouco acima do travessão.

Segundo tempo da prorrogação se resume a vai-e-vem de jogadores em diversos chuveirinhos originados em cobranças de falta

Okada mexeu pela última vez no intervalo, colocando Keiji Tamada no lugar de Okubo - atacante descansado no lugar de atacante exausto.

Se com a bola rolando ninguém arrumava nada, a partida passou a se resumir em idas e vindas de zagueiros para as áreas em lances de bola parada: visando ora fazer o gol da classificação ora defender-se da investida adversária.

Aos 3', Morel levanta praticamente do meio-campo, o cabeceio chega ao gol sem força e Kawashima encaixa. Aos 5', escanteio para o Paraguai pelo lado direito, Da Silva sobe com Hasebe, chega na bola com a nuca e a redonda sai à direita. Com 7' era a vez do Japão, na mesma jogadinha levantada: Endo cobra aberto pro lado esquerdo e Tanaka testa para fora. Ainda com 7 minutos, Endo deu carrinho em Vera e recebeu um amarelo que o tiraria da seqüência da Copa por suspensão automática.

Na marca de 10 minutos, a melhor jogada da prorrogação: contra-ataque japonês pela esquerda, Tamada passa para Okazaki, que devolve de calcanhar e desmonta a defesa paraguaia - Tamada alça na área, mas ninguém aparece para completar ao gol que estava aberto. Com 12', Riveros faz o domínio e leva a mão à bola, recebendo o único cartão amarelo de sua equipe, o 5º e último do jogo.

Nas penalidades, 9 chutes, 8 gols e um travessão no caminho do Japão

Para melhor entender as cobranças, considere o gol dividido em 15 quadrantes: de 1 a 5 na fileira horizontal superior (1 para o ângulo esquerdo, 5 para o ângulo direito), de 6 a 10 a fileira horizontal que caracteriza o chute dado à meia-altura (6 para o canto esquerdo, 10 para o canto direito) e de 11 a 15 para as cobranças rasteiras (11 para o canto esquerdo e 15 para o canto direito). Os chutes no meio do gol seriam nos quadrantes 3 (alto), 8 (meia-altura) e 13 (rasteiro). Quando me referir ao movimento do goleiro para esquerda ou direita é em relação ao próprio goleiro e não ao cobrador.

Barreto mandou no quadrante 11 - Kawashima foi nela mas não alcançou;
Endo, mostrando serenidade antes da cobrança, mandou no quadrante 10 - Villar foi pro outro lado;
Barrios chutou no quadrante 15 - Kawashima chegou perto da bola;
Hasebe cobrou no quadrante 6 - Villar foi pra lá mas não alcançou;
Riveros mandou no quadrante 14 - Kawashima saltou pra direita;
Komano carimbou o travessão na altura do quadrante 2;
Valdez chutou com força no quadrante 3 - Kawashima pulou pra direita;
Honda converteu no quadrante 13 - Villar deslocou-se pra esquerda;
Cardozo mandou no quadrante 11 - Kawashima foi pra esquerda.
Cardozo converte a última penalidade, colocando o Paraguai nas quartas-de-finais pela primeira vez na história das Copas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário