domingo, 27 de junho de 2010

Na Prorrogação, Gana Faz A Festa Africana

A seleção de Gana estreou em Copas do Mundo na edição passada, quando conseguiu avançar até as oitavas. E já na sua segunda participação, Gana-2010 conseguiu igualar os feitos de Camarões-1990 e Senegal-2002, tornando-se a 3ª nação africana a alcançar as quartas-de-finais em Mundiais. A conquista se deu após triunfo histórico diante da valente seleção dos Estados Unidos, que foi superior na maior parte do tempo.

Na primeira chegada ganesa, placar inaugurado

Quem começou a partida tomando a iniciativa foi a seleção estadunidense. Com 1 minuto, Landon Donovan recuperou a bola no campo de ataque, passou para Robbie Findley, recebeu de volta na direita e cruzou pra área, mas ninguém apareceu para alcançar. Na marca de 4 minutos, Clint Dempsey chutou de fora da área e Richard Kingson defendeu em dois tempos.

No minuto seguinte, o volante Ricardo Clark viu a bola ser interceptada por Kwadwo Asamoah, que imediatamente passou para Kevin-Prince Boateng: o camisa 23 arrancou em velocidade, não foi alcançado por Clark, cortou Jay DeMerit e chutou rasteiro no canto esquerdo, na sua única possibilidade de finalização certeira, superando Timothy Howard.

Aos 6', Clark recebia o primeiro cartão amarelo do jogo e já dava sinais de abatimento.

Com 11 minutos, André Ayew cruza rasteiro pra área, DeMerit corta parcialmente e Prince chuta por cima. Os EUA tentaram responder no minuto seguinte em chute de fora da área de Josmer Altidore, que acabou indo muito à direita do gol.

O segundo cartão amarelo do jogo foi para Steven Cherundolo: aos 16 minutos, o camisa 6 perdeu a bola para Ayew e depois cometeu falta por trás. Na cobrança, Asamoah Gyan mandou direto pro gol e Tim Howard afastou espalmando.

Aos 22 minutos, os Estados Unidos foram ao ataque através de lançamento para Dempsey, que passou para Michael Bradley e viu o filho do técnico cruzar rasteiro para Kingson ficar com a bola. 3 minutos depois, bela troca de passes da seleção de Gana: de Anthony Annan para Gyan, que abriu na direita para Samuel Inkoom fazer um cruzamento que foi afastado após cabeceio de Bradley. Mais 3 minutos passados, mais Gana: Prince recebeu passe curto e chutou de fora - Howard encaixou.

Bob Bradley percebia que o rumo do jogo não era favorável para os seus comandados e decidiu mudar as coisas já aos 30 minutos, trocando Clark por Maurice Edu. Foi bacana a prontidão do técnico de não aguardar o intervalo e também a atitude de cumprimentar carinhosamente o camisa 13 após a substituição.

Na marca de 34 minutos, enfiada de bola deixou Findley cara-a-cara com Kingson - o atacante chutou e o goleiro fez bela defesa com o pé esquerdo. Na seqüência, Dempsey chutou de fora e Kingson segurou.

Aos 36 minutos, tiro-de-meta cobrado por Kingson, DeMerit vacila, Asamoah chuta e Howard defende bonito. Com 41', Prince ginga diante de Cherundolo, dá de calcanhar para Asamoah, mas a finalização vai pelo lado esquerdo.

Na volta para o segundo tempo, EUA crescem, chegam ao empate e por pouco não conseguem a virada

A segunda mexida de Bob Bradley deu-se no intervalo: saiu Findley para a entrada do carioca Benny Feilhaber.

Com 1 minutinho, Dempsey passou para Donovan, que cruzou rasteiro do lado direito: Jonathan Mensah não conseguiu afastar e Altidore passou para Feilhaber, que parou em defesaça de Kingson.

Aos 5', Prince cortou Donovan pelo lado esquerdo, teve a opção de cruzar mas se embriagou com o sucesso e chutou para fora.

Na marca de 7 minutos, ataque lá e ataque cá. Primeiro, Gyan recebeu e chutou de fora da área, mandando à direita. Depois foi a vez dos norte-americanos: Jonathan Bornstein cruzou fraco, ninguém completou e Kingson recolheu. No minuto seguinte, nova chegada estadunidense: pelo lado esquerdo, Donovan lançou pra dentro da área mas a bola passou por Altidore e Dempsey.

Com 12 minutos, Gana voltou a levar perigo: Ayew desceu pela direita, cruzou rasteiro e DeMerit interceptou de forma providencial uma bola que ia para Gyan - Howard fez a defesa.

Aos 16', teve início a jogada que deu origem ao gol de empate. Dempsey recebeu, deu uma caneta em John Mensah dentro da área e foi derrubado por Jonathan. Pênalti e cartão amarelo (o camisa 8 cumprirá suspensão automática). Na cobrança, Donovan caprichou e mandou tão no canto esquerdo que a bola bateu na trave antes de entrar. Tudo igual no estádio Royal Bafokeng.

Na marca de 21 minutos, Donovan deu enfiada de bola para Altidore, mas Kingson foi muito bem no lance e atuou como se fosse um líbero, dividindo com o atacante e saindo jogando com a bola sob controle.

O jogo visivelmente mudava de figura em relação à primeira etapa e Milovan Rajevac decidiu reagir: aos 27 minutos, trocou Hans Sarpei por Lee Addy. Aos 29', Inkoom cruza da direita, Gyan sobe mais que DeMerit e cabeceia por cima do travessão. Se Gana dava uma resposta à mexida do treinador, os EUA faziam uso de uma réplica e respondiam à resposta ganesa: no minuto seguinte, Bradley recebeu livre pelo lado esquerdo da área, chutou e Kingson defendeu.

Com 32 minutos, Prince sentiu a perna direita e demonstrou não ter mais condições de continuar em campo. Em seu lugar entrou o experiente camisa 10 Stephen Appiah, meia ambi-destro de 29 anos.

Aos 35', lançamento longo chegou em Altidore, que disputou com John Mensah, caiu, mas conseguiu chutar - a bola passou perto da trave esquerda.

O reflexo fiel da partida podia ser visto pelos semblantes dos técnicos: o sérvio Rajevac estava tenso e contrastava com um vibrante Bob Bradley.

Aos 37 minutos, Gyan apareceu para cabecear um cruzamento vindo da esquerda, mas mandou à esquerda da meta. A posse de bola era de 50% para cada lado, Gana havia cometido 13 faltas e os Estados Unidos apenas 7. A partida diminuía de ritmo, dando a entender que a idéia era definir o jogo na próxima meia hora que seria jogada na prorrogação. Antes do apito final, Ayew perdeu bola para Altidore e depois o derubou para impedir o contra-ataque: recebeu o cartão amarelo e é outro a cumprir suspensão.

No início da prorrogação, brilha a estrela do artilheiro Gyan

Bradley promoveu sua 3ª e última substituição no intervalo entre tempo regulamentar e prorrogação: saiu Altidore e entrou Hérculez Gómez. A idéia era ver se diminuiria o desperdício nas finalizações, já que não era por falta de criação de jogadas que os EUA não chegavam ao 2º gol.

E quem não desperdiçou foi Gyan. Logo aos 3 minutos, Ayew manda bola longa, Gyan se desloca para alcançá-la, ajeita no peito, resiste ao tranco de Carlos Bocanegra e chuta antes da chegada de DeMerit, mandando a Jabulani com força para o fundo da rede. Muita emoção do camisa 3 na comemoração do seu 3º gol no Mundial.

Aos 7 minutos, os EUA já pareciam ter juntado os cacos de um novo gol de início e foram para cima: levantamento na área, Kingson não afasta e Edu cabeceia à direita. Apenas pareciam. Daí para o final da primeira etapa, nada mais foi criado. Era aguardar o brevíssimo intervalo e esperar por uma inspiração para buscar novamente o empate.

Aos 3 minutos, Bornstein carrega pelo lado esquerdo, dribla Inkoom e é puxado pelo calção. Donovan cobra colocando a bola na pequena área e Kingson afasta.

Na marca de 7 minutos (naquela altura quase duas horas de jogo), um desgastado Inkoom deu lugar para Sulley Ali Muntari.

O tempo não pára, e cada minuto que passava acentuava o drama norte-americano. Chegava o momento de buscar forças extra-físicas e ir para o abafa - não devemos duvidar de uma seleção que busca o empate com os ingleses, a virada com os eslovenos em apenas 45 minutos (virada, sim, pois o gol de 3a2 foi anulado incorretamente) e que alcança o gol da classificação com os argelinos nos acréscimos da partida.

Aos 14', cruzamento da direita, escorada de cabeça e chute de Dempsey, que é bloqueado pela defesa ganesa - naquela altura composta por onze homens.

Aos 15', lançamento da direita, o goleiro Howard sobe para disputar a bola com o goleiro Kingson - o ganês faz uso do recurso que só é permitido ao arqueiro que está na própria área e afasta de soco. No rebote, bola emendada de primeira que sai por cima do travessão.

Aos 16', a última cartada foi novamente no jogo aéreo e novamente partindo pelo lado direito de ataque: cruzamento pra área e cabeceio de Dempsey que vai à direita do gol.

O húngaro Viktor Kassai, talvez o melhor homem em campo, apita o final do jogo e a África se colore oficialmente de vermelho, amarelo e verde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário